domingo, 27 de fevereiro de 2011

Honra, mérito e amor!

Tive tanto medo. Haviam horas em que eu não sabia mais o que fazer. Olhava todos ao meu redor e me faltava um pedaço.
Pude observar tanto medo nos olhos dos meus companheiros.
Nossos peitos estavam sendo alvejados, nossos sonhos eram dilacerados a cada nome citado antes da partida.
Em formação olhávamos uns aos outros, éramos meninos saindo de casa.
Respirava muito fundo.
E quando começavam a querer rolar as lágrimas eu as continha, num esforço único.
Cerrava forte os punhos.
A cada passo dado em direção ao ponto de encontro para a nossa partida eu deixava para trás uma gota do meu sangue.
E se eu não conseguisse voltar não tinha a certeza se estaria com o meu dever cumprido.
Não queria partir com honra e mérito sem ter tido a honra e o mérito de te ver crescer.
E quando estávamos lá, levantando vôo, todos havíamos lembrado o quão criança somos ainda e passamos a chorar compulsivamente.
Quanto mais distante de casa, maior a dor no peito.
Mas eu haveria de ser forte, eu teria que passar por todos aqueles obstáculos para poder te ver novamente.
Teria que superar o medo, as adversidades para olhar-te nos olhos outra vez.
Então encorajei-me. Lembrei-me que certa vez o meu pai havia dito que ter coragem é ter medo com vontade de superá-lo.
Meu medo era te perder ou que você me perdesse.
E a minha coragem era ter que lutar a favor de tantos outros jovens pais como eu, pois acabei por perceber que era por você e por todas as outras crianças que eu deveria voltar, com honra, com mérito.
Assim o fiz. A cada bomba lançada, a cada arma disparada, a cada ferida, eu lembrava do seu sorriso, do seu pedido e me erguia novamente.
Levantava os meus amigos que iam caindo no chão.
Sempre firme.
Até que por fim, anunciaram a nossa vitória, ganhei a minha medalha de honra.
Meu mérito ainda estaria por vir.
Hoje desembarco com a sensação de dever cumprido, mais homem do que nunca. Ao menos era o que eu pensava até te ver correr aos meus braços.
Ajoelhei-me.
Te peguei com os mesmos braços que me sustentaram firmes em meio a todo aquele terror.
Chorei compulsivamente. Estava novamente em casa. Com honras, méritos, mas acima de tudo, com amor.
Obrigado minha pequena guerreira, minha força.
Minha maior coragem!

Foto: Blog Bloínquês


****58ª Edição Visual do Projeto Bloínquês.

5 comentários:

  1. Caraca Flávio, que texto forte!
    Tá participando dessa Edição do Bloínquês?
    Se tiver... boa sorte!

    Beijão!

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  2. Muito bom Flávio, como sempre! Com toda a certeza vai conseguir uma ótima colocação. Boa sorte. Beijo :*

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  3. - MAS QUE TEXTO MARAVILHOSO *---* eu adorei :D
    com esse texto incrível, tenho até um palpite certo sobre um dos três primeiros colocados rs :)

    beijos ;@

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  4. Que texto mais lindo. Aliás, que blog mais lindo.
    Amei o que vi e senti por aqui!

    Beijos!

    http://chiclettesandcigarrettes.blogspot.com/

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