sábado, 30 de abril de 2011

Adeus agonia!

Era um aperto danado de estranho.
Como se estivesse sendo fincada uma estaca no peito de um vampiro tentando destruí-lo.
E aquela agonia toda de sentir o peito se derramar em lágrimas vermelhas.
A face se derreter em um líquido salgado.
Olhava com um olhar perdido para um lugar achado no horizonte da parede à sua frente.
Procurava nos seus pensamentos algo em que pudesse se perder em pensamentos soltos, mas todos estavam condenados àquelas velhas memórias de ontem.
E ante-ontem.
Semana passada.
Do ano que se passou dez anos atrás.
A compressão do peito era cada vez maior. Foi cada vez maior.
E ao olhar para os punhos, eles estavam cortados.
Ao olhar para os braços, encontrava-os amarrados.
Os pés não tinham mais força para erguer o guerreiro.
Era um sentimento tão forte e destruidor que não havia mais volta.
Foi ai, que ao forçar o último suspiro, o guerreiro preso na sua própria cela, conseguiu enxergar.
Aqueles olhos. Aquele olhar.
Aquela pele corada.
Se debruçara sobre ele e falou-lhe nos ouvidos.
Era a doce voz de tempos idos. Era a assassina de agonias que voltara para salvar-lhe dos seus temores.
Ela dizia:
- "Eu ainda estou aqui! Lembra-te e levanta-te meu guerreiro!"
Por segundos o guerreiro relutou, sentiu a agonia ir embora, mas já era tarde.
Era por volta das oito e meia da noite daquele dia santo.
O guerreiro suspirou profundamente e revelou o que tanto lutou para revelar.
Ele disse:
- "Você chegou tarde, eu não te amo mais!"
Livrou-se das garras da agonia e partiu para o outro plano, onde lá ele poderia ser feliz novamente, e voltar a amar!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Carro de turista suíço invade as areias da praia de Barra Grande na ilha de Itaparica/BA.

Caros amigos, hoje abrirei mão dos contos e poesias que costumo escrever aqui para abrir espaço à uma denúncia.
Sim! Denúncia que será feita por mim, um simples morador do bairro de Barra Grande localizado no município de Vera Cruz na região metropolitana da nossa querida cidade de São Salvador na Bahia.
O que pensa um turista ao sair do seu fabuloso mundo desenvolvido, no caso a Suíça, para vir passear em um paraíso como este em que vivo? Pois sim, é um paraíso. Uma ilha, cercada por praias belíssimas de águas limpas e claras, sem ondas, cercada por recifes de corais, habitat dos mais lindos peixes que possam ser encontrados.
Costuma ser assim, mas há algo que me incomoda. Acredito que não só a mim, como a todos que visitam esse paraíso ainda não entregue às selvas de pedras que são erguidas por aí.
O que me incomoda é o mesmo que acabou incomodando um turista suíço que veio à nossa ilha descansar, tirar as suas merecidas férias.
Primeiro incômodo é, o altíssimo valor cobrado para a travessia de veículos no sistema de ferry-boat com o péssimo serviço oferecido.
Vos falo isso com toda convicção de que não sou o único a reclamar.
Uma travessia precária, com terminais do mais baixo nível para recepção tanto dos turistas, como o Senhor Gregório, como de moradores como eu. 
Como segundo ponto a ser registrado, o descaso com as pessoas que são obrigadas a usar um dos únicos meios de transportes existentes aqui.
Lotações em péssimo estado de conservação que normalmente são encontradas com sua capacidade de passageiros acima do limite e que, por incrível que pareça, tem trânsito livre no posto da polícia rodoviária localizado no mesmo bairro em que vivo.
Outra opção de transporte seriam os táxis oferecidos, mas, em contra-partida, infelizmente, a maior parte da população residente na ilha não tem condições financeiras de se dar a esse privilégio todos os dias da semana.
Ou, por último, aos turistas, restam o aluguel de automóveis, como fez o senhor Gregório, ponto-chave dessa denúncia.
Então vamos ao que realmente nos interessa expor.
Um turista, que está saindo do seu país de origem para conhecer outra cultura, investir dinheiro na nossa economia, chega ao nosso país, procura um local dito paradisíaco e encontra desde a sua chegada até pouco antes do seu momento de estadia, buracos pelo caminho.
As cenas que iram ver agora foram fotos tiradas por mim, no meio da noite de hoje, chamado às pressas por vizinhos. Por sorte ninguém se feriu no acidente, mas a imagem que fica do nosso paraíso, e a imagem que vai para outro país da nossa cultura é essa.

(Carro alugado por turista para visitar a ilha de Itaparica/BA)
Onde deveria haver rua para carros e pedestres passearem e se locomoverem na orla de Barra Grande, podemos infelizmente ver crateras e a falta de vergonha dos senhores de obra do município que dizem não conhecer os problemas existentes na região.
O carro alugado pelo senhor Gregório, ao fazer uma manobra para tentar sair de uma dessas crateras, foi engolido por outra.
Nos perguntamos, o problema é o motorista?
A resposta que lhes dou, como morador da localidade é não!
(Após uma manobra para fugir de uma cratera, a surpresa,
outra cratera)
A culpa é da iluminação precária do local, da falta de estrutura da região e da falta de quem comande o município.
Difícil crer que um prefeito do partido da situação não tenha apoio do governador do estado e que deixe que o município chegue nesse estado.
A realidade é dura não?
Eu vivo aqui, eu sei o que acontece na região, eu sei quem devo criticar e quem não devo.
O povo não tem estrutura para reclamar.
Escutei de um dos próprios moradores da região que quando ele necessitou comprar remédio para um dos seus entes e não teve condições, recorreu ao prefeito da época e foi presenteado com tal medicamento e como agradecimento ele deveria manter o seu voto naquele senhor que o presenteava.
Sei que essa realidade não é apenas do lugar onde vivo, sei que existem muitas outras regiões afetadas pela mesma incompetência e descaso das autoridades, mas acredito também, que se todos lutássemos contra essa pouca vergonha que existe em nossas cidades, se todos nos uníssemos, sairíamos vitoriosos.

(Distância entre areia e residência, onde deveriam passar
automóveis e pedestres, passam pedestres com medo de um
possível acidente e alguns corajosos motoristas que tem
necessidade de passar por ai.)

Falta conscientizar que para termos uma vida digna precisamos ter pessoas dignas no poder e não esses "falastrões" que se encontram num nível hierárquico ilusório de que "manda quem pode, obedece quem tem juízo".

Não terei juízo, não me calarei, sempre que puder levantarei a minha voz para atingir a quem tem de ser atingido.
Sou formado em Hotelaria pelo Centro Universitário da Bahia e me sinto envergonhado ao ver como nossos turistas são recebidos e, pior ainda, como nós somos tratados por nossas autoridades!
Espero sinceramente que consiga provocar, se não o mesmo sentimento de abandono e descaso, ao menos o sentimento de indignação por tamanho abandono.
Obrigado por me lerem! Divulguem!

(Mais uma residência com um pequeno espaço para a chegada
do mar)

(Carro de um turista invade as areias de Barra Grande)
Senhor prefeito e senhor secretário de obras, espero que leiam e se conscientizem de que algo está errado. Por favor, desçam dos seus carros e caminhem por nossa orla, ou melhor, apenas tentem, se tiverem coragem e um pouquinho de dignidade!

Texto e fotos por: Flávio Catão.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Viver.

Eu sabia que estávamos chegando ao fim, que aquele seria o último natal juntos.
A dor era infinita ao amanhecer, podia sentir o nó na garganta a cada respirar e as travas nos olhos para não deixarem rolar as lágrimas.
Foi quando recebi a notícia de que antes de ir à sala receber os convidados, você gostaria de encontrar-se comigo nos seus aposentos. Confesso que fiquei profundamente nervoso, tão mais nervoso do que emocionado, mas fui ao teu encontro.
Teu quarto era um local sagrado para mim. Sempre que havia um aperto no peito, era à ele quem eu recorria, com a sua presença ou não eu sempre iria chorar meus desabafos naquela poltrona a qual você gostava de sentar-se.
Ela ficava frente a uma ampla janela com vista para o quintal, eu nunca havia sentado naquela poltrona, sempre puxava um banquinho que já parecia ter o meu nome gravado, de tanto que o utilizei. Sentava-me nele para que conversássemos, não esqueço, apenas sentava, deitava a minha cabeça no teu colo e escutava as suas histórias.
E naquela manhã me convidara a ir aos seus aposentos repetir pela última vez, talvez, esse gesto. Então apressei-me em ir e ao chegar uma enorme surpresa. Você encontrava-se de pé me oferecendo a poltrona. Obedecendo às suas ordens, sentei-me, você puxou o banquinho e sentou-se ao meu lado. Debruçou-se sobre o meu colo e conversamos, por horas, papéis invertidos.
Ao invés de contar-me o teu passado, eu falava sobre o meu futuro. Ríamos desvairadamente quando contava algo sem nexo que eu gostaria de fazer e que você concordava no ato.
Foram algumas horas de conversar, apenas nós.
Ao perceber que já estava se cansando de ficar sentada, te dei os braços como apoio para levantar-se.
Fui ao encontro dos nossos convidados na sala e aguardava ansiosamente pela sua aparição, pois mesmo nos últimos dias, costumava ser radiante!
Sem esperar, iniciara-se ao fundo uma das canções prediletas por nós, uma daquelas sinfonias de um famoso músico, a nona para ser mais exato. Foi quando surgiu à porta aquele semblante alegre e lindo o qual me acostumara depois de tantos anos.
Levantei-me da minha cadeira e fui ao seu encontro, te recebi com um beijo na testa e te convidei risonho para uma última dança. Claro que mais cautelosamente dessa vez, pois sabia da dificuldade que existia após anos de vida.
Todos pararam de conversar por alguns minutos e nos observaram, éramos cúmplices, amigos e distribuidores de sorrisos e amor um com o outro.
E por aqueles breves minutos tornamos o natal de todos que nos cercavam o melhor natal de todos os anos. 
Hoje, quase um ano depois daquela data, sento-me na mesma poltrona e lembro-me com alegria das suas últimas palavras naquela nossa conversa.
- "Viva, seja feliz! Sorria sempre. Por maiores que possam ser as adversidades que venham a surgir, apenas sorria e dê uma banana à cada uma delas! Você é sorriso, não perca a sua identidade nunca! Eu amo você meu neto querido!"
Foi o que eu resolvi fazer, hoje, quase um ano depois daquele dia, despeço-me da casa, dos amigos que cá estão, os mesmos que estavam naquele dia.
Coloquei a minha melhor vestimenta, liguei a vitrola com aquela mesma canção e preparo-me para sair dos aposentos agora.
Mas não poderia sair sem aqui sentar-me novamente e te contar as últimas novidades.
- "Vó, eu consegui! Estou saindo de cabeça erguida, sorriso na face e muito, muito orgulho de quem me tornei. Distribuo sorrisos, escrevo minhas poesias, assim como você me ensinou. E não mais me preocupo com as adversidades da vida, ontem por exemplo, no fim do expediente, entrei na sala do meu chefe e dei à ele uma banana de presente. Estou indo embora, viajar, fotografar, escrever e acima de tudo, viver! Sorrindo! Eu te amo. Obrigado por tudo o que me ensinou! Como prometi, te enviarei às minhas cartas contando sobre o meu futuro, então, cá está a primeira e adivinha, sabe o que irei fazer amanhã? Viver!"

terça-feira, 19 de abril de 2011

"Eu amo, incondicionalmente, você!”

Essa é a história de um palhaço que não mais conseguia sorrir. Andava perambulando pelas ruas sempre entristecido com as amarguras do seu existir.
Sentia que não havia mais de onde tirar alegria e via as horas do seu dia passar cada vez mais arredias.
Horas era visto nas praças, sentado, apenas observando às pessoas que caminhavam ao redor dele, outras vezes era visto caminhando ao redor das pessoas que estavam sentadas na praça observando-o esperando alguma palhaçada.
Mas nada fazia. Nenhuma reação a não ser a de observar.
Certa vez encontrara-se com o seu grande amor, sentiu um forte calor no peito, mas ela não o reconhecera, fazia tempo que eles não se encontravam e de certo ela passara, como sempre, distraída.
O pobre palhaço apenas a acompanhara com o olhar, e perdera-a de vista logo mais adiante, depois de uma esquina.
Ele então tornava a olhar para o horizonte perdido daquela praça onde tanto foram felizes.
Saía de um banco ao outro, de um canto ao outro, olhava pessoas conhecidas passando, mas parecia que não o enxergavam.
Por vezes fora capaz de ver amigos dos tempos idos chegando à praça, sentando por perto, mas nenhum deles lhe era capaz de cumprimentá-lo.
Lá pelas tantas do fim da tarde, já no início da noite, o pobre palhaço saía em caminhada até a sua residência. Debruçava-se sobre a sua cama e cochilava. Eram vários cochilos ao longo da noite, todos interrompidos pela ansiedade de alguém que lhe dizia um simples “olá” em seus sonhos.
Já acordava ansioso para conversar e contar seus “causos”. Era quando se deparava com o ar sombrio e gélido do seu refúgio.
Donde haveria de estar àquela alegria que contagiava a todos que por perto chegavam?
“E palhaço chora? Não era ele quem tinha a capacidade de transformar tristeza em alegria? Lágrimas em sorrisos?”
Pois sim, esse palhaço chorava. Mas era um choro diferente. Não havia lágrimas, mas também não existiam sorrisos. E um palhaço perder o sorriso é o mesmo que ele estar chorando.
Por vezes ele confessara que se sentia um vampiro, se olhava no espelho e não havia reflexo, pois palhaço quando se enxerga no espelho, ele está enxergando a sua alma, o seu espírito, mas nem isso aquele pobre palhaço conseguia mais.
Antes de sair de casa, fazia poses frente a um espelho, tentando lembrar como era fazer rir, como era sorrir sozinho. Porém, todas as poses tinham um ar melancólico, como se tivesse perdido a magnitude de saber sorrir.
A essência daquele palhaço havia partido com a última chuva que pegara. Uma tempestade de sentimentos que assolaram seu chão e o fez afundar nas lembranças.
Ele então, um dia, encontrara algumas fotos de tempos cheios de sol, brilho, vida, onde ele e a sua grande amada saíam a aprontar ”xurumelices” por onde passassem, era um ciclo vicioso, aonde chegavam havia do que sorrir e para quem sorrir, aquela época fora a dos seus melhores e mais sinceros sorrisos.
Neste mesmo dia, o pobre palhaço ergueu-se da cama e exclamou ao espelho.
“Oi tudo bem como vai? Bom dia!”
Um singelo sorriso veio ao canto da boca. Ele enfim podia novamente enxergar-se no espelho, apressou-se em sair de casa e fora à praça, sentou no mesmo banco onde se sentara durante os últimos meses inteiros, e pôs-se a declamar aquela mesma frase a todos que passavam.
Passaram uma jovem mãe, linda, loira, com o seu belo nenê, que por volta dos seus dois aninhos caminhava feito um homenzinho de mãos dadas com a mamãe.
Aquele rosto lhe era familiar, e aquele bebê também, mesmo sem se recordar de onde o conhecia, ele cumprimentou-os e recebeu em troca os dizeres.
“Tio!”
Mágica? Sim. Não pelo fato daquela criança tê-lo chamado de tio, mas pelo fato daquele pequeno ser tê-lo reconhecido e o feito se lembrar de onde conhecia aquele lindo bebê.
O pobre palhaço levantou o olhar para a mãe do neném e a reconheceu, era a irmã do seu grande amor, e o pequeno, bom, era quem ele carregara tantas vezes com tanto amor e carinho que um tio de verdade daria.
Ela abriu um sorriso contagiante e o abraçou fortemente. O fez sentir um enorme calor crescendo dentro de si e por horas conversaram recordando-se de momentos bons. Então ela partiu e pediu que ele enviasse notícias sempre.
Naquele dia o pobre palhaço deixara as tristezas de lado, voltara a sorrir graças a mágica de um pequenino ser, voltara para casa com o coração novamente cheio de esperanças.
Essa noite o palhaço não conseguira dormir, rodava a casa inteira ansioso pelo nascer do sol. Sentava-se à janela esperando aquela coisinha laranja surgir no horizonte, ansioso por sair de casa novamente.
Foi ai então que o sol despontara, ele se animou e foi à rua, voltou à praça, certo de que era o caminho que a sua amada tomaria para o trabalho. Aquela altura ela já havia tido notícias através da sua irmã, de que ele estaria por lá novamente.
Ficou o dia inteiro a desejar bons dias aos outros, e seu olhar brilhava intensamente a cada pessoa que surgia na esquina. Porém nada acontecera, as pessoas passavam, umas sorriam outras nem respondiam, e a pessoa a qual ele esperava, não chegara!
Passaram-se dias, semanas e até meses novamente, e ele não a encontrara. O palhaço voltara a ficar triste, sentava-se já sem esperanças, olhava para as pessoas que passavam e meio desanimado já dizia como antes, aquela velha frase.
“Oi? Tudo bem? Como vai? Bom dia.”
Aproximava-se o fim do ano, lá pelos meados do último mês e o palhaço resolvera que seria a última vez que sairia de casa novamente. Após aquele dia ele não mais retornaria aquela cidade, quiçá aquela praça.
Chegara à praça por volta das oito da manhã. Sentara-se no mesmo banco que havia sentado os últimos três anos e ficara imóvel, com o olhar perdido novamente no horizonte.
Por volta das doze horas da manhã, horário de almoço de muita gente, uma pessoa sentou-se ao seu lado e perguntou.
“O que acontece com o senhor? Que todos os dias eu passo caminhando por aqui, respondo aos seus cumprimentos, mas você parece não me reconhecer mais! Esquecera mesmo de mim?”
O pobre palhaço então respondeu.
“Perdão minha jovem, mas é que venho tentando reencontrar o grande amor da minha vida esses últimos dias, esse último ano todo para ser mais exato, mas ela não passa mais por perto, e a única vez que passou não me enxergou! Até tive contato com a irmã dela, criei novas esperanças de reencontrá-la depois de contar à minha ex-cunhada tudo o que sentia e que eu estava passando, mas parece ter sido em vão. Hoje é o meu último dia nessa praça, não mais voltarei.”
A jovem sorriu, cutucou-o de uma forma que ele só havia sido cutucado por o seu grande amor, e disse.
“Oi! Tudo bem? Como vai? Bom dia!”
Ele levantou a cabeça e lá estava ele diante do seu grande amor.
“Você disse que eu cumprimentei a ti todos esses dias!”
Então a jovem sorrindo com lágrimas nos olhos respondeu.
“Sim, eu te vi todos esses dias, com exceção do dia em que passei distraída, mas como eu estava de máscaras todos os outros dias, você não me reconhecia. Mas hoje, dia do seu aniversário, eu tinha que encontrar um método de você me reconhecer novamente, e me olhei no espelho, descobri que tinha que ser eu mesma novamente, então voltei, por sua causa.”
O palhaço então, olhando nos olhos da jovem, com lágrimas de verdade nos olhos e com os raios do sol brilhando em seu sorriso declamou.
“Eu tentei, desde o fim, iniciar um não te querer! Eu lutei, desde o fim, derrotar o meu amor por você! Mas fui derrotado, chorei, perdi a minha alma, não havia mais chão para pisar, o meu sol deixara de brilhar, e quando eu tentava sorrir, as lágrimas no peito insistiam em rolar. Não quero te prender a mim, não quero que sejas infeliz ao meu lado, mas eu precisava te olhar nos olhos uma última vez e te dizer que eu não sei ser outro ser se não ser o ser que ama você! Eu amo, incondicionalmente, você!”

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sem tinta na caneta.

Estava ontem sentado, observando a vida passar, é o que mais tenho feito nos últimos dias. E ela passa rapidamente, quando me dou conta já terminou mais um dia. Então deito na minha cama, aquela mesma cama de dez anos atrás, ligo a mesma televisão de oito anos atrás e fico assistindo até pegar no sono.
Acordo no dia seguinte, olho ao redor, mais um dia, e nada acontece!
A vida passa correndo, o dia vai passando sem parar. Procuro coisas para fazer, corro no quintal, vou à praia, deito na rede, olho o sol se pôr.
Mais um dia terminou.
E eu aqui agora, aperto essa caneta que está ficando já sem tinta ou será que de tanto tempo sem usá-la ela está ressecada? Enfim, estou aqui tentando gastar essa tinta, imaginando o que pode sair da minha mente, mas nada sai.
Então minto, saio por ai sorrindo. Saio por ai gargalhando da vida, aquela mesma que insiste em passar correndo, mas que não tem a menor vontade de terminar.
Seria tortura?
Olho as paredes ao meu redor, cada dia mais elas parecem mais com a cara de ontem e mais ainda com a cara de amanhã. Não mudam. Me olho no espelho e pareço ser a única coisa a mudar aqui dentro deste recinto.
Sinto a vida passar, os dias passarem, mas nada acontece que seja capaz de mudar.
É um estado profundo depressivo. O que é branco torna-se negro, as cores perdem suas cores reais e vão ficando cada vez mais "sépias".
De que adianta ficar escurecendo e envelhecendo se as memórias não serão das melhores depois?
O que vou poder mostrar a quem vier depois de mim?
Fotos reclusas de um ambiente cada vez mais sombrio e escuro? Daria até um bom álbum de recordações, mas não é o tipo de recordação que as pessoas gostam de olhar.
Será o tipo de álbum que ficaria jogado lá no fundo do armário em alguma caixa escondida que só será lembrada após uma limpeza geral.
Por acaso será o mesmo fim daquele álbum entitulado de "nossos melhores momentos", ele já está lá esperando que alguém o reencontre.
É, a caneta está realmente ficando sem tinta e eu ficando sem vontade de v...

domingo, 17 de abril de 2011

Edição Fotográfica - Família!


(Família - Fev, 2011)
Projeto Bloínquês

Diálogo

Domingo a tarde, em casa...


- Mãe, não estou conseguindo escrever!


- Calma meu filho, inspiração é algo que vai e volta toda hora, tem que ter paciência!


- Ééérrr...mãe...posso falar?


- Você tem que se concentrar. Relaxar. Virão as palavras naturalmente.


- ...


- Tenho certeza que em breve virá um texto lindo, daqueles que só você sabe escrever e que todos irão comentar nele.


- Mãe? Posso falar? Você deixa?


- Fala filho, estarei sempre aqui para escutar os seus desabafos!


- Mãe, foi só a tinta da caneta que acabou, me empresta uma sua?

- Porque não pediu antes moleque? Fica ai torrando a minha paciência!


- Ahn?! O.o


Vai entender! Rs.

Edição Fotografe - "Caderno" (Projeto Suas Palavras)


("Equipamento de estudos" - Abr, 2010)
Projeto Suas Palavras

sábado, 16 de abril de 2011

Veio do coração.

"Fecha os olhos e respira fundo...
descobri que nos teus olhos...
posso enxergar o mundo...

nas tuas mãos a minha segurança de poder ir...
no teu abraço o meu maior motivo de sorrir...

e enquanto os teus beijos não vem...
nos teus lábios a certeza de não querer mais ninguém...

o teu riso para o tempo...
o tempo pára com você por perto...
meu peito para te dar sem medo....
meu medo me faz mais esperto...

desperta então o teu carinho...
olha os raios do sol...
neles estão o teu caminho...
em escala natural, sem sustenido ou bemol...

e assim fica a nossa composição...
não sei se como amigo ou como amor...
não sei se corro pra te ver ou espero o sol se por...
apenas a certeza de que vem do coração!"

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Nossas canções.

Donde vêm essas notas?
Harmoniosamente perfeitas aos meus ouvidos.
Transformaram-nas em acordes.
Então te acordas para olhar na tua frente os raios de sol.
Parecem transformar em melodias o teu brilho dos olhos.
Sim. Esses olhares que se perdem em meio às escalas das canções citadas.
Os arpejos que te são lançados pelo meu peito são a prova do carinho que tenho ao tocar-te.
Poderia tentar transformar em música todas as notas tocadas, mas não sei como fazê-lo já que são todas inventadas!
Então me sento e deixo o som do coração me levar.
Respiro fundo e continuo a tocar.
Podem parecer desafinadas as minhas canções, mas para escutá-las necessita ter a sensibilidade de escutá-las com o coração.
Continuarei a tocá-las até que consigas entender o quanto são para ti todas as melodias aqui citadas.
Quando entenderes, venha até mim, pois para completar tais melodias, precisarei das mais belas palavras ditas por ti.
Esperarei-te sem pausas.
Sente-se ao meu lado, envolve a minha cintura e por fim, canta nos meus ouvidos as nossas canções que fez pra mim.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Cores em preto e branco.

Estava tudo em preto e branco. Ainda não havia identificado o motivo, estava imaginando ser coisa de vista, sei lá!
Deparei-me com uma senhorita de cabelos negros longos, expressão fascinante, um sorriso fora do comum e um olhar tão misterioso que me convidara a desvendá-lo. Sem nenhuma troca de palavras apenas por troca de olhares, meio que por vontade própria, a minha mão se estendeu à ela e aguardou o toque macio daquelas mãos suaves.
De longe aquele sorriso acanhado abriu-se e revelou em mim um sentimento até então esquecido, guardado lá no canto esquerdo do pequeno coração que ainda batia fora de ritmo.
Pensei nesse momento que as cores que deveriam ter chegado, mas elas ainda não haviam surgido. 
Dei então a ti a minha mão direita, te coloquei do lado contrário às ruas movimentadas daquela cidade, te protegia de todas as formas, caminhamos por alguns instantes até encontrarmos um parque onde havia um coreto e, logo em frente à ele, um lago.
Subimos no coreto, nos abraçamos por alguns segundos, e lá no fundo surgira uma canção. Começara a passar pela minha mente que eu estaria em uma cena de filme, pois ainda enxergava a tudo em preto e branco!
Enquanto estávamos abraçados, podíamos sentir a brisa gélida que acompanhava o por do sol que surgira no horizonte, lá no fim do lago e nos tocava a face sem o menor respeito. Parecia querer forçar uma aproximação maior entre os nossos rostos na tentativa de nos aquecermos mais.
A música antes agitada, agora acompanhava a queda do sol e fazia com que nos olhássemos de canto de olho, os meus braços te envolveram involuntariamente na cintura e puderam sentir as tuas mãos os cobrindo.
Era tudo muito perfeito, só faltavam as cores.
Te olhei nos olhos por instantes, e senti tua respiração mais ofegante e apreensiva naquele instante. Virei-te para mim, ajeitei os teus cabelos, te segurei o queixo e sorri. Você, ainda encabulada, pendurou-se em meu pescoço e me deu um beijo no rosto.
Não haviam palavras, mas sobrávamos em gestos. Sabíamos exatamente o que estava acontecendo.
Entrelaçados em meio ao coreto, cercado de canções instrumentadas pelo tempo, com um lindo sol se pondo ao fundo e o brilho intenso do lago refletido nos seus olhos pude enfim ter a atitude de beijar-te os lábios.
Foi quando você se afastou de mim, colocou dois dedos sob o meu beijo e pôs-se a pronunciar-me as únicas e mais doces palavras que já poderia ter escutado.
"Obrigado por colorir o meu dia!"
Senti então os teus lábios macios tocarem os meus, porém ainda não havia tais cores no meu dia como disseste que havia no teu.
Após o beijo perguntei a ti.
"Que cores estás a enxergar senhorita, já que só estou enxergando apenas o branco e o preto?"
Com um sorriso alegre respondeste-me.
"As cores do coração! Não precisamos de nenhuma além dessa para darmos cores aos nossos momentos!"
Foi ai que tudo coloriu-se à minha frente. 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Nessa vitrola o "lado A" não toca mais!

Sujeito,

E ai, vai acordar quando?
Você não cansa de ser o bonzinho não? Pois é, enquanto você fica ai se martirizando pelas pessoas não te valorizarem eu começo a me revelar.
Não tenho mais paciência com ninguém não, estou perdendo até a paciência com você mesmo, ou melhor, comigo mesmo, bom, você entendeu!
Essa história de querer agradar a gregos e troianos nunca deu muito certo para ninguém, porque seria diferente contigo, comigo?
Enfim, trata de me revelar, de mostrar que eu posso ser mais forte do que eu mesmo sou, ou você mesmo é. Vai ser simples, começa a virar a cara para as pessoas como elas fazem contigo, e se gritarem, ao invés de silenciar-te, faz como eu faria, grita mais alto.
Mostra que tu podes ser tão forte, ou até mais forte do que você mesmo!
Então, a partir de hoje você me permite assumir o controle não é?
Vamos lá, começaremos da seguinte forma então, te lembra daquelas pessoas que tem por mania te julgar mesmo sem te conhecer? Então mande elas todas se fu... Desculpa, mas não aguento ver como elas te tratam. E com aquelas que te fazem de marionete, horas querendo horas afastando-te, faz o mesmo.
Lembra aquele botão que tu costumavas apertar quando não queria se estressar com ninguém? Aquele "mode fuck you on/off", pois então é a hora certa de manter ele ativado, vinte e quatro horas por dia e em alguns momentos fazendo hora extra, quem quiser que corra atrás de nós.
Chega dessa história de fazer o que os outros querem que você faça. É a hora do canalha assumir as rédeas.
Chega de controle, chega de certezas, chega de previsão do que fazer no futuro. Vamos viver dia-a-dia, fazer loucuras, colocar aquela porra de mochila que você insiste em manter cheia de poeira nas costas e vagar por ai sem dia nem hora pra voltar.
E não te preocupas em avisar aos outros onde você foi ou onde você está, ninguém se importa mesmo, não é você quem deve se importar.
Pois é, esse sou eu, aqui do outro lado do espelho, teu reflexo. O lado que ninguém gosta de escutar de um "elipê".
Teu lado mais rebelde, cheio de revoltas quanto à forma de ser tratado por ti e pelos outros. Cansei de ficar guardado no armário.
É hora de aparecer, e se vocês, que estão me lendo agora, não gostarem, desculpa a falta de educação, mas, foda-se! Aliás, desculpa porra nenhuma, fodam-se mesmo!
Não tenho que agradar nem aos gregos nem aos troianos quem dirá agradar a vocês. Nada disso, a partir de hoje estou no controle e só irei agradar a mim mesmo.
Quem não gostar fecha a porra da janela com o meu texto aberto, te levantas dessa merda de cadeira agora e vai cuidar da vida dos outros ou da sua, mas esqueça da minha!
Quer saber o que eu penso de você! Não penso nada, pois para mim, a partir de agora, você simplesmente não existe mais!
É isso, agora estou no controle! Meu "lado B" virou "lado A" e o antigo "lado A" está todo arranhado e não irá mais tocar em vitrola nenhuma!
Espero que comecem, a partir de agora, a me respeitar!

Atenciosamente,

O outro lado do teu eu.


****Texto participante da 38ª Edição Cartas do projeto Bloínquês

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Seres (IR)Racionais!

Somos racionais?
Sim somos! Uma espécie racional de ser, que preza pelo cuidado com o próximo...morto que encontraremos pela frente. 
"Nossa, precisamos acabar com essa violência!"
Claro que só tomamos tal atitude depois de mais um desses animais serem encontrados mortos por ai. E quando digo animal, não falo sobre o delinqüente que cometeu tal atrocidade, mas sim de outros da nossa espécie que, sem mais nem menos, surgem mortos nas esquinas da vida. 
Me torno indignado ao ver pessoas do poder defendendo o desarmamento logo após ocorrerem atos grandiosos de bandidos minúsculos contra animais inocentes!
Me pego pensativo em relação a denominação que nós mesmos nos demos ao longo do tempo.
Será que somos mesmo racionais?
Defendemos nossa família e nosso território por extinto, igualmente fazem os animais ditos irracionais por nós. Isso não é uma teoria, mas sim uma constatação.
Enquanto os seres irracionais, lutam entre si por sobrevivência, por defesa própria, apenas usando unhas, garras e dentes, nós, racionais, passamos a um nível maior, ao invés das nossas presas, nossos punhos, passamos a nos utilizar de armas!
Então me pergunto, que racionalidade é essa que temos?
Se temos o dom da palavra, se temos o dom de nos entendermos, mesmo quando a língua e a cultura são tão distintas, porque as guerras? Na verdade, a pergunta é, para que guerrear?
Espaço? Poder? Ganância?
Já repararam que todas as brigas que temos são por coisas que nós mesmos inventamos e que nós mesmos temos o poder de "desinventá-las"?
Dinheiro? Território? Poder? Fama? Ganância!
Se vocês tem orgulho em estufar o peito e dizer que não são gananciosos, olhem para as suas vidas, o que vocês querem delas, e verão que no fundo, todos somos.
A diferença está apenas na forma de utilização dessa gana por algum objetivo.
Por favor queridos amigos, olhem ao redor de vocês mesmos, sejamos racionais, quantas pessoas você já se deu o trabalho de ajudar sem pedir nada em troca?
Aliás, quantas pessoas você já ajudou?
Ou você é mais uma das muitas pessoas que se senta na frente da televisão e apenas observa algum ato hostil e se revolta?
Muito fácil criticar sem participar. E não me venha com aquela história de que não há como participar. Sabemos, na nossa totalidade, falar e expressar de qualquer forma o que sentimos e não precisamos ser letrados para tal.
Se passarmos a nos expressar, a nos indignar, todos, creio que muitas coisas poderão mudar!
Para quem crê em religião, um só homem não foi capaz de, em suas andanças, mudar a cabeça de muitos? Me explica então como muitos de nós não seríamos capazes de mudar muita coisa também?
Por fim, fica o questionamento, até onde vai a tal razão que sempre insistimos em dizer que temos mais do que os outros seres? Até onde somos racionais?
Pois na minha cabeça já surge outra dúvida.
Até quando seremos os mais irracionais dos seres?
Evoluamos! 

domingo, 10 de abril de 2011

sábado, 9 de abril de 2011

Uma carta para Bella.

(Imagem cedida por uma linda amiga. Beijo!)
Bella,


"Donde está aquele sorriso de brilho intenso?

Porque me abandonara assim sem ao menos dar-me de direito um até breve!

Sumiu! Enclausurou-se em seu restrito habitat e com isso restringiu minhas vontades.

Então volta para cá, para donde não havia de ter partido.
Pois partido fiquei eu, em mil pedaços, tentando reconstruir os espaços.

Me ergui tocando notas desafinadas de umas canções que jamais foram cantadas.
As fiz em tua homenagem para que por fim possa te sentir.

E então iludir, de que um dia uma Bella me sorriu e hoje sem mais motivos, a vi partir.
Por mais desafinadas que sejam elas, as afino com o simples fato de saber do teu existir."

Com carinho,
teu amigo,

Brad.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Um minuto de silêncio? Não!

Silêncio?
Um minuto?
Não darei esse tempo a vocês!
Estou puto!

Não ficarei um segundo sem pensar,
um minuto é muito tempo perdido.
Me diz então como não se revoltar,
nas terríveis ações daquele fudido.

Me perdoem as palavras de baixo calão,
mas para aquele animal
eu sou obrigado a dizer: - Não!
- Nem o inferno você merece seu irracional!

Que esses anjos que nos foram tirados,
sirvam-nos como símbolos de amor,
eles têm e devem ser exaltados,
não aquelas cenas de terror!

Que sejam os seus sorrisos lembrados,
assim nossos dias serão alegrados.

E aos pais, amigos, parentes.
nada será capaz de apagar a dor 
de perder pequenos e queridos entes.
Envio à vocês todo o meu amor.

Sejamos sensatos
e depois desses atos
não nos calemos,
nem um segundo,
muito menos um minuto,
por paz no mundo em que vivemos!


****Homenagem às vítimas da tragédia na escola municipal Tasso Silveira.

***Poema participante da 33ª Edição de Poemas do projeto Bloínquês 



quarta-feira, 6 de abril de 2011

Some da minha vida!

Bia,

Você acha que no início era bom ter você perto, que era ótimo ver aquela tela do messenger subindo com a sua imagem? Claro que era, eu sabia que ia usar de todos os métodos para tentar te conquistar, é bom brincar com o sentimento das pessoas.
Todo aquele jogo de conquista, suas risadas, nossas tentativas frustradas de webcam ligada, tudo, tudo foi apenas uma forma de tentar ficar com você e te jogar fora como fiz com tantas outras mulheres.
Te lembra quando nos falamos a primeira vez? Você veio me perguntar quem eu era, já sabendo, na verdade, de quem se tratava. Naquele dia eu já não consegui me conter e tive que mostra-te toda a minha "canalhice". Eu já tinha vontade de tentar te "pegar".
Era notório o sentimento que estava se formando. Amor? Não me faça rir! Claro que não! Eu só queria mostrar para os meus amigos que eu ficava com qualquer garotinha bonita que aparecesse, era só dizer meia dúzia de palavras que vocês cairiam no meu papo.
Eu, o maior canalha da Terra, querendo pegar uma menina linda que conheci, comum demais!
E era tão bom ler aquele teu "Boa Noite!", que sempre vinha acompanhado de um sorriso. Era espontâneo. Eu não precisava nem ir falar com você, pois bastava você entrar e já pulavam os teus dizeres à minha frente, tudo estava caminhando conforme o meu plano.
E quando ainda estávamos marcando o primeiro passeio? Lembra? Vários lugares passaram entre as nossas conversas, cinema, teatro, museu, pôr do sol, amanhecer do dia! Tudo bem que na minha cabeça só se passava, meu quarto, minha cama, o banco do carro! Mas não precisava te falar isso não é? 
Foram tantas expectativas, até que para ver umas aulas de teatro para você conseguimos passar o dia juntos naquele bairro boêmio fantástico! Enchi a tua bola aquele dia não foi? Não se iluda, eu só queria arrancar-te um beijo e depois o coração!
Praia, piscina, besteiras para comer, até de mãos dadas andei contigo para te iludir fingindo querer algo sério!
Fala sério! Eu até que me diverti naquele dia. Apenas aquele dia. Pois passei um dia inteiro tentando te iludir, e você resistiu bem. Nem acredito que consegui namorar com você todos esses anos, agora é hora de arrancar o teu coração e me vingar por todas as vezes que arrancaram o meu.
Bom, só estou te escrevendo essa carta porque eu cansei desse jogo. Não quero mais ignorar o ódio que sinto por você. Então, por favor, desaparece da minha vida. Para de se esconder atrás de sentimentos que não existiram e não vão existir nunca.
Está chorando? Eu já imaginava!
Agora chega na janela do teu quarto, por favor. O final da carta está escrito na areia, corre antes que a maré apague!
...
E na areia...
...
Amor, eu te amo muito, primeiro de Abril, quero você sempre na minha vida!
Tudo na carta era brincadeira, só não é brincadeira o meu pedido agora.
Casa comigo?

Com amor,
Eu.


***37ª Edição Cartas do projeto Bloínquês

domingo, 3 de abril de 2011

Perfeito do meu jeito.

Eu cansei de te dizer quem eu era de verdade. Que aquele "Mr. Perfect" que você imaginava era apenas ilusão da sua mente fértil.  
Não tenho um emprego fixo e não quero ter. Aquela história de planejar um futuro, eu sempre te disse que apenas vivo, o que tiver que acontecer irá acontecer da maneira mais natural possível.
E você ainda tentou me moldar. Me fez cortar os meus cabelos rebeldes, aquele mesmo que te conquistou quando começamos a sair. Com o tempo foi tentando mudar a minha forma de me vestir, lembra? Eu era desleixado com as roupas, não ligava em o que as pessoas pensariam ao meu respeito, mas até isso você tentou mudar, mesmo tendo se apaixonado por mim quando eu estava com uma calça de pijama e uma bata indiana no meio da rua cuspindo fogo e brincando com uma bolinha a qual você dizia ser de autista.
E mesmo assim você se apaixonou por mim.
Quem fez você deixar de me amar fui eu mesmo. Cortei os cabelos rebeldes, comecei a usar roupas que combinassem, até a sobrancelha eu fiz para te agradar.
Me endividei para te dar conforto, alugando carros, indo dormir em hotéis, e quando não havia mais dinheiro para tais caprichos me rendia aos seus sorrisos e seus pedidos para que eu não devolvesse o carro e nem fosse para a casa dos meus pais e dormia dentro dele na garagem dos meus amigos.
Acho que tanta dedicação te fez não me valorizar mais.
Ai vieram as suas fugas. Sentada ao meu lado na sala, após me pedir que não fosse embora, vinha com o sorriso mais falso e lindo que conheci e me informava que iria sair com as suas irmãs para uma daquelas baladas onde todos estão entregues ao levianismo.
É. Eu tenho certeza que a culpa foi minha do fim do namoro. Nossa relação não mais iria para frente, eu perdi as rédeas quando abandonei a minha paixão, a minha alma de artista. Entreguei as moscas o meu sonho de fazer o grupo de artes de circo crescer, mesmo grupo o qual você fazia parte e se dizia eternamente parte integrante dele. Fui  viver em um mundo ilusório onde trabalho e dedicação é o caminho certo para ter tudo o que quiser.
Doce ilusão!
Mas não, não me arrependo de nada do que eu fiz. Nenhuma das loucuras para manter a nossa relação viva e saudável. Nenhuma das besteiras para tentar me adequar ao seu estereótipo perfeito de companheiro. E nem uma das muitas voltas que tive que dar em minha cabeça para agradar a toda sua família em busca de aprovação.
O que me sobrou no fim?
Só me resta me apresentar a ti para tentar te fazer lembrar quem sou eu de verdade. Aquele cara "perfeito" por quem você se apaixonou!
Prazer, eu sou um cara cheio de defeitos.

***Texto participante da 63ª Edição Musical do projeto Bloínquês.


sábado, 2 de abril de 2011

Uma dor que não para de doer.

"Ontem te vi depois de anos, na verdade não eram anos e eu não cheguei a te ver, mas te senti tão perto que só faltou o teu abraço para eu me sentir melhor.
Quando te vi chegando, fiquei ansioso esperando o seu cumprimento, sentei-me e fiquei a te encarar de longe.
Já tinha feito isso outras vezes, mas você não havia me visto e não falava comigo, porém ontem foi diferente, ontem você me enxergou até rápido, e veio logo falar comigo, parecia estar adivinhando que eu precisava do seu conforto.
Então deixa eu começar a te contar o que não tive a coragem de te falar.
Lembra-te do sonho de ser pai? E do sonho de ser pai de um filho teu? Pois é. Ele foi por água abaixo. Não pelo término da nossa relação, pois esse eu sei que é por pouco tempo. Ainda sinto que não teve um fim.
Essa semana fui ao médico fazer exames de rotinas, achava que nada iria atrapalhar uma semana praticamente perfeita, mas ontem, no início do dia veio a notícia, creio que a pior que já tive na vida.
Por algum motivo ainda incompreendido por mim, um dos medicamentos que me foram receitados ainda na infância havia feito algo terrível com o meu futuro, tirou-me praticamente todas as chances de ser pai.
É uma notícia terrível, não consegui arrancar forças nem para me levantar da cama hoje. Quando te vi chegar ontem, consegui esconder atrás dos meus sorrisos toda a verdade dolorosa que eu estava sentindo, mas por pouco tempo e, para não acabar te contando, levantei-me, disse até logo e fui embora.
Embora entre aspas, apenas me afastei de ti e fiquei observando-te e de longe chorando com a dor de uma criança, uma criança que não mais poderia ser gerada por mim.
Até agora dói muito, mas consegui controlar-me para não te colocar na mesma dor que eu. Não quero te fazer sofrer, não por minha causa. Não fui capaz de fazer isso enquanto estávamos juntos, não o farei agora que estamos caminhando para um novo início de amizade.
Eu precisava desabafar com alguém, foi ai que encontrei esse lápis e esse papel amassado no fundo do meu guarda-roupa. Engraçado como o tal do destino resolve interferir sempre na vida das pessoas, esse papel foi uma carta de despedida que me entregara em um dos meus últimos dias ao seu lado. Nele há uma frase que você diz: - Não te esquece que poderá sempre contar comigo, e quando voltar para cá, eu estarei te esperando. Eu te amo incondicionalmente! - Foi ai que notei que não poderia deixar de te avisar isso.
Ainda estou distante e sem previsão de retorno. Estava até me adaptando a nova vida, nova casa, os "novos" amigos e até as novas pessoas que se prontificaram a tentar chegar aos teus pés.
Estava indo tudo muito bem, até ser bombardeado com essa notícia.
Chorei ao ler o prontuário médico, chorei ao receber a confirmação do médico, mas chorei mais ao sentar-me na beira do mar e não saber o que fazer. Me senti incompleto. Já vinha me sentindo assim há tempos, já sabia o que me faltava, mas agora, aquela história de ser um pai maravilhoso, ela me machuca mais ainda.
Queria o teu colo, o teu abraço, o teu cafuné.
Os teus olhares, os teus afagos e tenho certeza que ao teu lado eu teria também as tuas lágrimas!
Perdão por não poder ser tão completo quanto um dia tu pensaste que eu era. Perdão por não ter cumprido metade das promessas que te fiz enquanto estávamos juntos. 
Eu só quero ter certeza de que não esquecerá nunca o quanto eu amo você, o quanto eu amarei, incondicionalmente, onde quer que eu esteja!
Não posso suportar viver com a dor de não te ter e com a dor de não poder ser completo. É uma dor que não para de doer.
Me perdoa por estar sendo um fraco, mas tenho que jogar tudo para o alto!
Seja feliz."

Essa carta foi encontrada ao lado do corpo de um jovem de vinte e sete anos que vivia, aparentemente, distante do grande amor da sua vida. Ele foi encontrado em uma praia na cidade do Rio de Janeiro com um saco ao redor da cabeça, aparentemente faleceu por falta de ar. Ele não deixou nome, não deixou endereço à quem pudéssemos entregar a carta, acredito que publicando-a poderemos encontrar a verdadeira dona. Enquanto isso, ficaremos com a dor de não saber como podemos ajudar.

Ficaremos em silêncio!

Obrigado pela ajuda.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Quem é você?

Quero poder parar e ver o sol se por.
Esperar todas as ondas do mar quebrarem na areia.
Contar as infinitas estrelas que estão no céu a brilhar.
Quero ver meus filhos nascendo.
O meu amor chegando de braços abertos e sorrindo para mim.
Sentar no chão.
Andar descalço.
Correr pela grama com os meus cachorros.
Quero brincar de super herói.
Esconde esconde e pega pega.
Quero parar o relógio para não saber que horas são.
Fechar os olhos e acordar no dia de ontem.
Viver tudo novamente da mesma forma.
Parar de pensar no futuro ou no passado.
Viver intensamente cada segundo de vida.
Quero sorrir de mãos dadas com todos nas ruas.
Sem discriminação, racial, social ou seja lá qual for.
Olhar para trás e ver seguidores.
Olhar para frente e perceber que estou seguindo também.
Eternamente aprendendo e, sempre que puder, ensinando!
Quero usar nariz vermelho.
Máscaras.
Sem perder a essência.
Sentir amor por alguém e em troca ser amado também.
Ser eternamente apaixonado.
Quero ser o sapo, o príncipe e também o bobo da corte de alguma princesa.
Ter o meu reino e abrí-lo a todos que quiserem fazer parte dele.
Igualdade.
Descobrir a trilha para a Terra do Nunca.
Descobrir mais fadas no caminho.
Encontrar os meninos perdidos e devolvê-los às suas famílias.
Dançar na chuva.
Comer besteiras sem me preocupar.
Quero saúde.
Sorrisos bobos por levar caldos na piscina.
Quero olhar nos olhos.
Entrelaçar os dedos.
Desfilar contigo na frente dos outros nas ruas.
Fazer teatro.
Estudar cinema.
Sempre sorrindo!

Esse sou eu!
Então me diz, quem é você?

PAPOS E SUPAPOS

Mi Papos y Su papos!

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