terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Outra vez.

Aquele tremor das mãos.
O velho calafrio.
Aquela sensação de estômago se revirando.
Olhares perdidos para todos os cantos.

"Já senti isso antes!"

Em alguns momentos do dia um nó na garganta!
Aquele mesmo aperto no peito.

"Angústia! Será?"

Vontade de correr para te encontrar.
Te abraçar.
Mas não, dessa vez será diferente.
Não repetirei os mesmos erros.

Sento-me então em frente ao computador.
Tento distrair a mente.
Mas não, você não me deixa em paz.

"É. Denovo! Aconteceu outra vez!"

Respirei fundo, corri ao banheiro por dez minutos.
E lá, lavei abundantemente o rosto.
Ninguém repararia nas lágrimas que caíram.
Voltei ao meu posto.
Exposto fiquei.
Estou na verdade!

"O bendito, se vá novamente, estava tão bem se você por perto!"

Fechei os olhos, sonhei, chorei.
Silencio...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Achei!

Me perdi.
Tentei te encontrar, mas me perdi.
Sai de porta em porta tentando voltar.
Ilusionei caminhos onde você poderia estar.
Refiz nossos primeiros passos.
Até que percebi que os meus não eram os mesmos que os seus.
Sentei.
...
...
Horas depois levantei e voltei a caminhar.
Agora em frente!
Sem mais te buscar.
Via a todos instantes rostos parecidos com o seu a passar.
Mas nenhum era o que me fazia parar.
Até que em uma praça parei para descansar.
Comecei a fotografar.
...
...
Sabe? Te fotografei sem você olhar.
E descobri que você estava sempre por lá.
E todos os dias voltava para te visitar.
Em silêncio.
Sorria até quando não mais te via.
Pois, você, os olhos viviam a capturar.
Bem vinda.
...
...
Bem linda.
Sem tinta para te escrever.
Comecei a declamar.
Em voz alta naquela tela muda.
A imensa alegria de te encontrar.
E com um simples gesto.
A nobreza em te admirar.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Na varanda.

Era uma noite linda.
Sentado na varanda estava a fechar os olhos e sonhar.
Via a todos os momentos estrelas a cair.
E a brisa que vinha do mar me beijava a testa em tom de respeito.
Enquanto isso eu a abraçava.
Abraçava de olhos fechados.
Apertava contra o meu peito com aquele aperto de saudade.
Ela não estava lá, mas parecia.
Via seu sorriso como se fosse para mim.
Sorria em retribuição como na imagem do espelho perdida no tempo.
Nós de mãos dadas.
Te sorria de olhos fechados ao lembrar dos momentos.
Do primeiro ao último abraço.
Da primeira à última lágrima.
Do primeiro ao último beijo.
Apenas sorria e sentia.
Vi amanhecer o dia e com ele lá veio ela novamente.
Não fugimos ainda com o circo, mas ainda há esperança.
Veio o sol.
Aqueceu o que já estava esquentado.
"Gira sol, quero a lua novamente."
E girassol surgiu, surgiram, alguns!
E olho brilhou.
O sorriso sorriu.
A notícia chegou.
O carinho, mais confuso que já senti, só aumentou.
Dobrou na verdade.
Agora o adorar é em dobro e em grande escala.
Escala natural, sem bemóis, sem sustenidos.
Natural. Singela.
Assim como ela.
Maria, pequena e desde já tão bela.
E se completar o nome contemplo o amor.
Maria cresce Mariana e vice-versa.
Pois de mãos dadas vão juntas!
E eu?
Na varanda a sorrir esperando vocês chegarem!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Ta. Mar. A...A. Mar. Ta?

Ta.
Comecei pelo mar.
Nadei sem parar.
Descobri no fundo dele.
Era o teu olhar.
Mar.
Que de lágrimas me faz transbordar.
De orgulho, de carinho e paixão.
Seu abraço o perfeito encaixe.
Teu colo o exato consolo.
A.
Volta pra cá.
O que de lá deixou para trás.
Busca de volta o meu sorriso.
E me afoga no teu mar.

Ta. Mar. A...A. Mar. Ta?

Era.

Era mesmo?
Era seu não?
Era seu, não?
Então foi.
Foi mesmo?
Foi não?
Foi, não?
Então será.
Será mesmo?
Será não?
Será, não?
Então é o que.
Que mesmo?
Que não?
Quê? Não?
Então é viver.
Viver mesmo?
Viver não?
Viver, não?
Então.
Era.
Foi.
Será.
Mesmo.
Sempre.
Amor.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Bem vida!

Vida.
Bem vinda é.
Sempre.
Recebida com sorrisos.
Lágrimas com gosto de Mar.
Ia lá distante no pensar.
Caminhava.
Respirava.
Sentia.
Até que veio.
Mar. Ia. 
Sim.
Vida.
Bem.
Sempre!


(Leiam também de baixo para cima! Pequena e singela homenagem à 
Mariana Cohim e a pequenina Maria que está por chegar!)



segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Seja bem vinda à minha vida

Sonhei de olhos abertos.
Vi muita luz e um ser radiante em minha frente.
Não pude por segundos piscar.
Peguei-me ofegante.
O coração a acelerar cada vez mais.

As lágrimas começaram a ensopar a vista.
Visão embaçada.
As piscadas sendo forçadas a serem dadas.
Resistência.

Não podia perder aquele momento.
Por instantes deixei a sanidade de lado.
Sorria compulsivamente.
As lágrimas que antes atrapalhavam agora ajudavam.
Corriam face à baixo.

Umidificavam os lábios.
Calavam a voz.
Eram momentos eternos.
Nossos.
Calei-me.
Respirei.
Respeitei.

E depois de longos segundos.
Enfim pisquei.

Partiu.
Voltei a olhar o branco da parede e o negro do sofá.
Contrastando exatamente igual às lágrimas de alegria de segundos antes com as de agora.
"Volta! Cadê você?"
E ao tentar me mover, estava preso.

Perdi você!
Fechei os olhos e acordei pra te dizer.
"Seja bem vinda à minha vida! Até mais ver!"

sábado, 3 de dezembro de 2011

Desabafo pessoal!

Nesses dias de escuridão é só fechar os olhos e lembrar que a pouco eu tinha as suas mãos.
Me vem no peito aquela velha dor, aquela velha vontade de voltar no tempo e corrigir alguns erros.
As lágrimas correm soltas face abaixo.
E a vontade, hoje, de te segurar no colo é irreversível.
Angustiante ver a vida passar, o tempo passar e ainda estar aqui, no mesmo lugar.
E pensar que poderia ter sido bem diferente.
Quem sou eu para nos julgar?
Sabemos que a insegurança e a falta de maturidade nos fez agir daquela forma e hoje, pago pela falta de consciência e coragem.
Meus fins de semana com certeza não seriam assim como tem sido os últimos.
Minhas dores, essas de hoje, absolutamente não existiriam.
E o sorriso que sempre aparece estampado no rosto é apenas uma forma de camuflar a falta que vocês me fazem.
Deitar no travesseiro hoje é voltar no tempo. É sentir teus pés chutando a minha orelha enquanto eu tentava te aquecer mesmo sabendo que estava protegida! É lembrar que nos olhos de quem te carregava haviam brilhos por conta desses momentos e eu acabei por os privar do mais sublime de todos.
Essa mágoa me corrói por dentro. Aos pouquinhos vejo a vida passar e a sensação de que estagnei no tempo é cada vez maior.
Tento me recompor, me reerguer, mas não consigo.
Hoje eu tenho a consciência de que sou fraco e tento me fazer de forte para corrigir esses erros.
Choro silenciosamente todas as noites antes de dormir. As lágrimas correm no cantinho dos olhos e rapidamente as seco para que ninguém que possa estar por perto perceba.
A verdade é que a tua presença me faz falta e ainda é maior a falta de notícias de quem a carregava!
Hoje devo admitir, não mais vivo, apenas sobrevivo e espero o tempo dizer-me a hora exata de deixar esse trem!
Por fim, saudades!
Te amarei eternamente e sigilosamente, a ti e aquela que te carregou e que hoje sofre tão mais do que eu e que não tenho condição de aproximar-me.
Sabe? Estou cansado, estou cansando!
Até breve!


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Matei o Felipe!

Meus bons amigos Marcelo e Beatriz,

Sabe aquele garoto que era o mais bonito da escola, que chegou na sua turma no meio do ano letivo e "roubou" de você toda atenção das meninas?
Pois então. Este era o Felipe. Não se engane achando que conjuguei o verbo errado, sempre fui bom em português e não cometeria tal equívoco.
Era mesmo, pois eu o matei. Depois de muitos anos sendo sempre o segundo da classe em tudo.
O segundo em notas, o segundo a ser escolhido para ir ao baile, o segundo mais querido dos professores, o segundo a ser escolhido para a prática de qualquer esporte na educação física, ou seja, sempre o segundo.
Vocês acreditam que até na hora da escolha de qual carreira seguir, qual faculdade cursar e do temido vestibular, até nesses momentos fatídicos, eu fiquei atrás dele? Ah! É verdade! Vocês lembram!
Pois é. Se tornou um problema psicológico, fui parar em analistas, psicólogos e por algumas vezes em psiquiatras.
Certa vez, cai em depressão (daquelas de adolescente) quando vi o Felipe namorando a minha ex namorada, a Ana, lembram dela? Ela era linda, cabelos cacheados, olhos gateados e sorriso deslumbrante, foi por anos a mulher que eu sonhava em casar, até descobrir que ela estava namorando o meliante.
Encontrei-os escondidos no fim do intervalo naquele canto da quadra onde não dava para ninguém achá-los a não ser que fosse até o vestiário abandonado lá no fim do corredor, e eu fui, achei ter escutado vozes e fui verificar, afinal eu era o vice-presidente do grêmio escolar (vocês sabem quem era o presidente não é?). Então ao chegar no local de onde vinham os cochichos eu pude ver os dois de mãos dadas sorrindo um para o outro e trocando palavras carinhosas (isso eu nunca contei para vocês, mas acho que vocês sempre souberam e não me contaram para me poupar, agradeço).
Ao se darem conta que eu estava ali, pasmo, se soltaram, olharam para mim como se me devessem algo e juntos pronunciaram aquela frase que só pensamos que escutaríamos em filme ou novela. "Não é nada disso que está pensando Flávio".
Pois é, peguei-me apunhalado pelas costas e cai em depressão.
Mas passou, todo encanto adolescente um dia acaba, tem de acabar, e não foi diferente comigo. Nos formamos no fim daquele ano e logo entrei para a faculdade que eu sonhava. Fui estudar música e pensei em fim que terminaria a sina de ser segundo quando, no dia da primeira aula, lá estava ele, o desgraçado havia passado também e no mesmo curso e turno que eu.
Joguei pedra na cruz, não acham?
Então, começamos as aulas e eu prometi a mim mesmo que não me deixaria vencer novamente por aquele fantasma.
Foi ai que tive a brilhante ideia (anos após a chegada dele na minha vida) de tornar-me o fantasma da vida dele. Logo reencontrei a Ana, e ela disse-me que não havia tido mais do que uma semana com o Felipe, e que desde o dia em que encontrei os dois juntos ela sentiu uma dor tão forte que tinha certeza que era de mim que ela gostava, e que estar ficando com outros garotos nada mais era do que pretexto para me provocar ciumes. Resultado? Voltamos a namorar.
Fui considerado o melhor aluno da classe, todos me chamavam para tocar em todos os bares da cidade. Até que um dia me chamaram para tocar em um grande festival.
Foi nesse dia em que eu matei o Felipe, venho confessar o meu crime nesta carta.
Quando subi no palco para fazer a minha apresentação solo de guitarra de música clássica, o Felipe estava na platéia, ele não fora chamado para tal festival e não sabia que eu havia sido chamado, e esse era o grande sonho da vida dele.
No momento em que foi anunciado o meu nome o Felipe olhou para o palco com os olhos esbugalhados e num surto psicótico subiu no palco gritando que aquilo era impossível, que ele sempre foi melhor do que eu, então propus uma batalha de guitarra, e com a confiança lá no céu ele aceitou na hora.
Pobre Felipe. Me viu ao fim da batalha ser ovacionado, enquanto que para ele nada mais do que meia dúzia de aplausos. Num gesto humilde tomei o microfone da mão do apresentador do evento e disse: "Meus amigos, por favor, vamos aplaudir o grande guitarrista Felipe Botelho, sempre o admirei e hoje pude ter a honra de tocar ao lado dele. Por favor, aplaudam-no de pé. Obrigado pela chance meu amigo."
E foi com esse gesto que, admito, matei o Felipe!
Desculpem-me pelo susto inicial, mas me digam que vocês não acreditaram que eu seria capaz de matar alguém de verdade não é?
Vocês não me conhecem mesmo se pensaram isso.
Saudades de vocês e por favor, venham nos visitar, o Pedrinho nascerá em um mês.
Um beijo saudoso,

Flávio Catão.

p.s.: A Ana está lhes enviando um beijo enorme e dizendo que é para vocês virem logo, ela está com saudades!


domingo, 6 de novembro de 2011

Soldado da paz

(Soldado O'Donnel conhecido como "Soldado da Paz" sendo cumprimentado por crianças.)

- O que te dá força para continuar?
Sorrisos me conquistaram.
Sentia no olhar inocente daquelas crianças todo o carinho que eu precisava naquele momento.
Não aguentava mais toda aquela pressão, todos os momentos de conflitos tensos.
Afinal eram já cinco anos de ocupação daqueles territórios cheios de ódio e guerras.
A vontade era de jogar a arma para cima, largar a farda e sair correndo, brincando, com elas.

- Você tem família, filhos?
Sim, tenho. Lembro tanto do meu filho que deixei em casa com a minha esposa. Que vontade de abraçá-lo novamente.
Nem imagino mais como ele está. Quando sai de casa, convocado para essa operação, ele tinha apenas quinze dias de nascido e, hoje, provavelmente, ele já deve estar do tamanho de uma dessas crianças.
Não recebo correspondência da minha esposa há alguns anos. Ela não concordara com o meu ideal de servir o meu país e se afastou de mim. Não tivemos nem tempo de nos divorciarmos, nem de eu tentar explicar à ela que eu queria garantir a felicidade, não só da minha família, mas também de tantas outras.
E é nessas horas, onde essas crianças aparecem para me agradecer, que me esqueço de toda a dor de não rever a minha família.

- E como você tem reagido ao apoio que vem recebendo dos moradores locais? Você é a favor da guerra?
Torna-se satisfatório para mim continuar com essa luta contra toda a violência que foi imposta nesse lugar.
Concordo que muito do que acontece é por influência dos conflitos políticos existentes entre todos os países envolvidos, e não concordo com a guerra, por isso desde que cheguei não disparei um tiro sequer.
Tento sempre que chego nos locais, conversar, mostrar o quanto é valiosa a palavra, o quanto vale o amor entre os povos.
Tem dado certo até o momento. Tenho convivido bem com as pessoas das áreas de conflitos em que chego. Eles nos respeitam e nós os respeitamos.
Não prometemos nada, não garantimos nada, apenas damos à eles o que todos nós queremos para nós mesmos, esperança de uma vida melhor.

- Você havia me contado que seu batalhão apelidou esse paredão, pode nos contar sobre isso?
Sim, claro. Nesse muro vocês não vêem nenhuma marca de tiro. Aqui deveria ser um paredão de fuzilamento, porém o apelidamos de paredão de acolhimento.Como chegamos com o intuito de promover a paz e não de matar, esse paredão fica intacto e é o nosso ponto principal de descanso, nos recostamos nele ao longo do dia umas vinte vezes. Nele sempre que descansamos aparecem pessoas para nos trazer palavras de apoio e conforto.

- Então, esse espaço agora é para você mandar um recado à alguém, falar o que você tiver vontade de falar, desde já agradeço por tudo o que você e o seu batalhão tem feito por todos e desejo muita sorte para tudo o que vier no futuro. Nesses momentos é que sentimos que ainda há esperanças para a vida. Muito obrigado por nos conceder esse depoimento, fique a vontade para falar o que quiser.
Nossa, eu que fico muito agradecido por todo o apoio que você e a sua equipe jornalística tem nos dado, sempre nos colocando em contato com as pessoas que amamos, seja por rádio, telefone, internet e até mesmo por cartas. O apoio de vocês é sem dúvida um dos fatores mais fortes para continuarmos tentando levar paz à todos.
Enviar um recado à alguém em especial? Eu não o farei. Mandarei um recado ao mundo, à todos que lerem essa entrevista.

Caros amigos, leitores, peço de coração ajuda à vocês. Sim, ajuda! Nos ajudem a promover a paz, o amor. Deem valor às pessoas, à vida. Deem valor à natureza.
Lutem com palavras para levar a paz à todos os cantos do mundo. E por favor, não usem armas, não atirem, não matem.

Isso só trás mais dor e sofrimento e, por experiência, são esses sentimentos que trazem consigo a raiva, o ódio. Enquanto isso ainda existir, ainda existirão guerras, conflitos, brigas.
Então, por favor, peço à todos vocês, promovam a paz e o amor! Hoje entendo o real motivo dessa nossa vinda até aqui.

- Essa entrevista nos foi concedida dois dias atrás, antes de um atentado que o grupo da paz sofreu. O Soldado O'Donnel faleceu no local. Foi velado por centenas de moradores da região que o chamavam de Soldado da Paz. Depois que terminamos a entrevista, o soldado retirou uma de suas medalhas recebida com mérito e me entregou solicitando que eu a enviasse ao seu filho e à sua esposa, com ela segue um bilhete que dizia: - "Meu amor, agradeço todos os dias da minha vida por ter tido a oportunidade de ter conhecido você e mais ainda por nossos momentos e o nosso amor terem gerado o Michael. Me perdoe por não estar presente todos esses anos. Espero que esteja vivendo a sua vida como combinamos, sem ressentimentos. Estou lutando muito para essa distância entre nós terminar logo, caso aconteça algo, não se esqueça que eu te amei cada momento da minha vida desde a primeira troca de olhares entre nós. Com muito amor, Joseph." - Depois dessa história, retiro-me. Estou voltando para casa com as poucas recordações boas que me restaram daqui. Essa foto que publico foi o último contato que tive com o soldado O'Donnel e é dessa imagem que irei me lembrar eternamente.

Descansem em paz "soldado da paz" e todo o seu batalhão.

(Catão, F. - Papos e Supapos - 2011, November 6)


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um conto de fadas real.

Era uma sexta feira a noite e eu estava na saída do trabalho, ao menos era o que eu deveria fazer, mas uma noticia chegou para fazer com que eu não conseguisse sair para outro lugar.
Sentei-me estarrecido com a bendita. Estava sozinho no escritório e seria eu quem deveria fechá-lo no dia, mas a ligação que recebi me deixou sem saber o que fazer.
Vou contar um pouco da minha vida para que vocês entendam o que aconteceu.
Sou brasileiro, mas vivo na Califórnia desde os vinte e dois anos (não vou dizer a minha idade por superstição), me graduei na Universidade de Berkeley em Comunicação e trabalho como cronista no jornal mais popular da cidade desde então, porém, legalmente no país eu vivo há apenas dois anos, quando meu passaporte foi finalmente aceito.
Há alguns meses venho acompanhando a história de alguns latinos que tentam entrar ilegalmente aqui nos Estados Unidos e, em especial, uma jovem mexicana que aos dezenove anos tentou pela primeira vez ingressar no país escondida embaixo de um banco de um automóvel.
Sou solteiro, não tenho filhos e por enquanto não penso em tê-los, principalmente depois de ter recebido algumas ameaças devido ao meu trabalho.
Como citei acima, há alguns meses venho fazendo um trabalho investigativo em respeito às entradas ilegais no país e descobri muitas coisas erradas. Conto com a ajuda de três colegas de trabalho que vivem a paisana nos trechos de fronteiras mais utilizados pelos coiotes.
Um deles, o Taylor, foi quem me apresentou a Maria. Uma jovem que depois de quatro frustradas tentativas conseguiu entrar no país e vive ilegalmente aqui desde então.
Em uma das viagens do Taylor até aqui trazendo-me informações, materiais escritos, fotografias, filmagens, surpreendeu-me trazendo consigo a Maria dizendo que necessitávamos ajudá-la, pois ela tinha uma história de batalhas fantástica.
Resolvi então contar à todos a sua história e tentar ajudá-la junto ao governo norte-americano.
A Maria, diferente de todos que tentam forçar a entrada no país, não veio atrás do sonho americano de vencer na vida, ela teve um motivo mais que especial para tentar furar o bloqueio. Aos dezoito anos ela teve um filho que lhe foi tirado a força por um casal de americanos famosos, que conseguiram facilmente trazer a criança para o país por toda a influência que eles exerciam aqui. O que mais me comoveu na história foi que o menino, hoje com seis anos de idade, resolveu procurar a mãe biológica e fugiu da casa dos pais adotivos.
A partir desse dia, venho lutando com todas as minhas forças para conseguir unir mãe e filho. Agora começa a história dessa noite.
A ligação que eu recebi, me informava o real paradeiro do garoto e apesar de assustadora, essa informação era a única que fazia sentido.
O Taylor havia tido informações que o garoto, que foi batizado com o nome de Luck, havia sido levado pela família que o adotara para viver em Nova Iorque onde fora abandonado pela família por ser considerado rebelde.
Me coloquei no lugar de uma criança de seis anos abandonada na cidade de Nova Iorque e por instantes fiquei paralisado sentado no mesmo lugar sem conseguir me mexer imaginando qual seria a reação da Maria ao saber disso.
A minha primeira atitude após recobrar a consciência foi pegar o primeiro voo para Nova Iorque e através de alguns amigos que viviam lá, tentar localizar a criança. O primeiro passo seria encontrá-lo, denunciar seus pais adotivos e depois tentar regularizar a situação deles no país. O problema era, por onde começar?
Ao chegar em Nova Iorque a maior surpresa, o menino que fora abandonado pelos pais adotivos, foi tão esperto, que conseguiu chegar ao aeroporto onde ficou detido pelas autoridades enquanto tentavam contato com os seus pais, então foi fácil encontrá-lo.
Difícil foi contar a história real às autoridades e fazer elas entenderem tudo o que estava acontecendo, tive que assinar um termo de responsabilidade pela criança já que as mesmas não conseguiram achar os pais adotivos, e mesmo assim, não poderíamos sair do país.
Ao desembarcar na Califórnia, a primeira visão que tive foi do Taylor junto com a Maria e mais alguns agentes da imigração que estavam apenas esperando para que a Maria fosse extraditada sem o filho. Sem pensar, nem cogitar a hipótese de não fazê-lo, resolvi na hora em que a encontrei, pedi-la em casamento. Assim ela poderia ficar no país com o seu filho.
Quando me aproximei deles o Taylor se antecipou à minha ideia e me perguntou:
"Conseguiu encontrá-lo senhor? Agora já podemos enfim marcar o casamento?"
Sem pestanejar eu respondi que sim e a beijei. Entramos com o processo de guarda provisória da criança há cerca de um mês e hoje recebemos a resposta de que poderemos ficar com a criança e que ela estará presente no casamento que acontecerá amanhã.
O jornal está em festa e as pessoas que encontramos na Imigração estão participando, todos acompanhavam a vida da Maria através das minhas crônicas e, creio que por isso, eles deram todas essas oportunidades de resolvermos essa situação em paz.
Aguardaremos a sentença final do juiz, enquanto isso, viveremos felizes e iremos passar a lua de mel no México, mais precisamente, Guadalajara. Apresentaremos à nossa nova família aos meus sogros e faremos uma bonita festa por lá.

31 de Outubro de 2011, São José/CA.


Insônia, no meu caso, é saudade!

Incrível, hoje, é apenas mais um dia que eu não consigo dormir. Chega a ser irônico, mas desde que nos perdemos um do outro que eu não mais consigo dormir ou, quando consigo, os sonhos são todos com você!
Te vi a primeira vez numa apresentação sua com o grupo de coral da escola em que estudávamos, e me apaixonei. Foi impressionante, escutar a tua voz, olhar os teus olhos, pela primeira vez na vida fizeram com que as minhas pernas tremessem diante de alguém.
Não sabia como agir, não imaginava como me aproximar de ti. Um anjo havia aparecido diante das minhas vistas e eu não imaginava como lidar com aquela situação.
Te amei desde o primeiro momento, e a partir daquele instante, todas as minhas atitudes foram para te conquistar.
Larguei o futebol por tua causa, e olha que largar o futebol para um moleque é a coisa mais difícil que existe. Ainda mais quando se troca o time de futebol por aulas de coral. Sofri tanto preconceito por isso, mas não ligava, pois eu estava perto de você a maior parte do tempo.
E quando eu descobri que teria que me mudar e que iria morar longe de você, me apressei ainda mais em provar a ti o quanto eu te queria por perto.
Foi assim que nos apaixonamos, e dias antes de eu vir embora, enfim, trocamos carinhos e as palavras mais esperadas por mim, as guardo até hoje nos meus ouvidos, com aquela voz doce sua.
Guardo também todas as cartas, bilhetes, textos, fotos, ou seja, tudo o que aparece um pouquinho do que foi você, do que fomos nós.
Lembro-me como se fosse ontem, mas na verdade já se passaram mais de dez anos, o último dia que nos encontramos foi após uma viagem minha até a cidade em que morávamos, e lá ainda estava você. A última vez que nos vimos foi no dia em que saímos juntos e eu fui te acompanhar até a esquina da rua a qual você vivia, de lá para cá, a vida só fez nos afastar, e até hoje continuamos nessa luta contra ela.
Impressionante é o tanto de empecilhos que ela coloca para que nos afastemos e mesmo assim a vontade de estar perto de ti só faz crescer.
A pouco mais de um ano nos reencontramos numa dessas redes sociais que são moda hoje em dia e descobrimos que na verdade nós dois nunca nos esquecemos, era só a tal da vida que insistia em tentar me dizer o contrário.
Os dias parecem mais longos quando não conversamos, quando não lemos ao menos as letras soltas na tela do computador, e mais longos ainda quando não consigo dormir pensando em você.
Ideias loucas teimam em passar na minha cabeça, como a de ir te buscar logo, e te trazer para perto de mim, porém, não é tão simples quanto sonhamos.
Então costumo virar noites e mais noites apenas planejando formas mirabolantes de te encontrar e reviver tudo o que a vida fez com que perdêssemos.
E, em todas essas noites de insônia eu penso em te escrever, nem sempre o faço, pois tenho medo da reação do teu marido se ele pegar essas cartas, então tento escrever assim, de forma que todos pensem que é apenas mais um conto que sai da minha mente, porém, sei que se você ler, entenderá o recado.
A vida teima em querer que fiquemos quietos em nossos cantos, mas eu não, eu teimo em querer que as nossas vidas se unam, como sempre planejamos naqueles nossos tempos.
Enquanto isso não acontece, continuarei a sofrer com insônias, lembranças e saudades! Continuarei beijando a pintinha que temos igual no braço e desejando a ti uma boa noite de sono, esperando ansioso o momento de ter você deitada ao meu lado para que eu possa dizer:
"Boa noite, durma bem, amo você!"

Eu amava a foto e não você!

Era tanta a vontade de te eternizar,
que por horas pus-me a pensar.
Sonhava com teus olhos o tempo todo,
e por vezes até sentia um medo tolo.

Medo de te perder,
medo de te ver partir,
de um dia esquecer,
o quanto me fez sorrir.

Enquanto isso você estava deitada,
naquele lençol de seda enrolada.
As suas pernas pulavam pra fora,
e eu acabava esquecendo a hora.

Cada piscar de olhos era um clique.
Cada clique um momento eternizado.
Cada momento quase um sonho.
Cada sonho a realidade de ter te amado.

Aquele amor tão real,
não parecia algo inventado,
mas aquela foto sem igual,
me trazia um sonho encalacrado.

Por anos aquela foto eu amei,
e quando, por fim, te encontrei,
deixou de ser real,
o amor por aquela foto 
jamais sentiria igual.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nosso encontro silencioso

Eu vi você olhando e as lágrimas que corriam face abaixo.
Percebi uma angústia nos punhos fechados fortemente amassando o que parecia ser uma carta.
Respiração ofegante.

Tentei avistar o que o teu olhar enxergava.
Percebi nele uma procura incansável de algo ou alguém no horizonte.
A minha respiração ficou ofegante.

Cheguei ao teu lado para tentar aproximar-me mais da situação.
Percebi nela um certo desespero da sua parte e uma enorme vontade de te abraçar da minha.
As nossas respirações enfim se encontraram.

Sem palavras, apenas com a mão acariciando-a suavemente no rosto consegui desviar a tua vista do horizonte e colocar-me no lugar daquele vazio a qual estava.
Recostou a tua cabeça no meu ombro e como mágica a tua respiração foi se acalmando.

Por um momento nossas mãos se encontraram ao mesmo tempo em que nossas respirações, antes ofegantes e descompassadas, também iniciaram juntas uma nova e mais calma canção.
Agora juntos olhávamos perdidos o horizonte e você, por ventura, largou o papel todo amassado que segurava na mão esquerda.

Foram no máximo dez minutos de distância entre nós e nós mesmos, e após dez minutos juntos o sol finalmente se pôs ao fundo. Nos abraçamos, soltamos as nossas mãos e aplaudimos o momento.
Respiramos fundo, nos olhamos mais fundo ainda e sem que fosse necessária nenhuma palavra partimos em direções opostas.

Sinto que fora o ápice de sinceridade e cumplicidade que pude vivenciar. Espero que um dia a minha amada possa me perdoar por essa traição em pensamento.
Pois a partir daquele dia passei a amar mais uma pessoa, porém esta, em silêncio, da mesma forma que foram os nossos momentos.


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Reconciliação

"Meu filho querido,

Sinto muito pela minha ausência por todos esses anos, tantas coisas aconteceram e eu não tive como procurá-lo. Quero que tente entender a minha ausência no dia que deve ter sido o mais importante da sua vida.
Queria te dizer que mesmo discordando na época, eu estava pronta à entender e apoiar todas as suas decisões, mas aconteceu algo que impediu a minha chegada para te abraçar e te abençoar.
Imagino que a dor com a minha ausência tenha sido enorme e que, por isso, não tenha me procurado até hoje, mas tenha certeza que a sua dor não é diferente da minha.
Mesmo com ciúmes com o risco de perder o posto de "mulher da sua vida" eu estava disposta a selar a paz com a Olívia e fazer dela a filha mulher que eu não tive.
Estava pronta, e te garanto, era o dia mais feliz da minha vida, afinal, eu iria ver o "meu príncipe" levando a sua esposa ao altar. 
A alegria era tanta, lembro-me que vinha cantando no carro aquela música a qual você costumava cantar todas as vezes que queria me fazer sorrir. Porém em um segundo de distração acabei por perder o controle do carro e o chocando de frente a uma daquelas vans. Foi um acidente terrível meu filho, por sorte estou viva. Por cinco anos fiquei em coma e somente há dois meses venho recuperando a consciência.
Sinto tanto remorso por ter brigado contigo um dia antes do seu casamento, e o pior, por ciúmes. Uma dor terrível estraçalha o meu peito por não ter conseguido chegar a tempo de dizer o quanto amo você e o quanto passaria a amar a Olívia após aquele dia.
Será que você conseguirá me perdoar um dia?
A verdade é que nunca mais a minha vida foi/voltará a ser a mesma se você não me perdoar agora.
Não estranhe a letra, ela não é minha meu filho, eu apenas estou ditando a carta para que o Maurício possa escrevê-la para você. O Maurício é um dos psicólogos que estão me tratando. Um jovem que tem a sua idade e é muito atencioso. Foi ele quem deu a ideia de eu procurar vocês novamente, pois acredite, eu estava com muito medo de fazer isso.
Então meu príncipe, essa é a minha história, pior do que a dor de não me mexer é a dor de não ter notícias sua e da sua família. Esperarei a resposta ansiosamente, quantos netos será que eu já tenho? Como está o trabalho? E aquela promoção que você iria ter?
Seu pai deve estar muito orgulhoso de você, acredito que esteja chegando a hora de eu ir encontrá-lo.
Envie por favor um beijo enorme para a Olívia, diga que espero revê-la em breve.
Segue abaixo o endereço do hospital onde estou com todos os telefones também.
Um beijo enorme na ponta do nariz e um abraço de urso como nos velhos tempos.

Com muito amor,
Mamãe"

p.s.: Sr. Felipe, quem vos escreve é o Maurício, essa carta foi ditada pela sua mãe na última semana, a situação dela é grave, pedimos que venha encontrá-la urgentemente. Ela infelizmente no acidente ficou tetraplégica (sem movimentos do pescoço para baixo) e lutou muito até aqui, porém seu corpo não está mais reagindo e a situação dela é cada vez mais delicada. Com muita esperança aguardamos o senhor e a sua família, grato.
Dr. Maurício Mendes.




segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O bobo e a princesa

Essa é a história de um bobo da corte
e de uma princesa
Um bobo que a queria
e não saia da mesa

Sentando a esperar
aquela bela princesa voltar
De olhos fechados
punha-se sempre a lembrar

Lembrava do primeiro encontro
quando a esperou no terminal
Parado feito um bobo
viu aquele sorriso angelical

Com um abraço a recebeu
sem que ela esperasse
Logo um beijo lhe deu
antes que ela o desmascarasse

Passaram uma tarde linda
naquele esconderijo escolhido
E nele sempre será bem vinda
para mais uma tarde escondidos

E antes de ir embora ela esqueceu
que seu príncipe a esperava
até seu brinco perdeu
e de nada mais se lembrava

Mas de nada adiantou
naquela tarde tanta beleza
Pois agora no peito do bobo
vive muita tristeza

E de tanta saudade que sente
o bobo resolveu esperar
Sentado no mesmo banco
a bela princesa voltar.


domingo, 23 de outubro de 2011

Um abraço.

Ei! Você!
Vem aqui.
Você pode me abraçar?
Só um abraço, daqueles que só você sabia me dar. Apertado. Carinhoso. Com um quê malicioso.
Mas sempre sincero.
Esqueceu como era?
Te explico então.
Nos víamos e começávamos a sorrir mesmo de longe. Todos reparavam.
Um pouco encabulado, admito, mas sempre sincero!
Lembra do dia em que cheguei com uma rosa no seu trabalho?
Fiquei escondendo-a durante uns quinze minutos, e na hora que te entreguei, ambos tivemos que fazer piada da cena, pois nós dois estávamos envergonhados.
Lembrou-se? Lembra que você veio e me abraçou? Então! É daquele abraço que estou falando.
E todos estavam nos olhando, ou melhor, todas!
É! Passou né? Ao menos para ti, o encanto acabou!
Então, voltando ao assunto, você pode me abraçar?
Olha que não estou te pedindo nem um beijo, muito menos para ter um filho comigo.
Só estou te pedindo para não me deixar ficar sentado num sofá todos os dias de domingo como têm sido desde o dia que partiu da minha casa.
Lembra daquela madrugada?
Eu não precisava de nada além de um abraço daqueles novamente, ou ao menos momentos carinhosos daqueles outra vez.
As palavras foram reais, sinceras, os abraços, os toques, os beijos. Lembro-me perfeitamente de quando se levantou para conversar com alguém e quando voltou, sem que eu pedisse, voluntariamente se debruçou por cima de mim e me beijou.
E na hora de partir, sem que eu esperasse mais, outro beijo, o último.
Pois desde aquele domingo que eu não consigo levantar do sofá, e quando levanto, é para correr para a janela e esperar você chegar.
Não quero admitir, apenas pela paz entre nós, mas a verdade é que não consigo parar de pensar um só minuto em você!
Desde aquele domingo que não sinto outro cheiro, não penso em outros lábios, não vejo outros olhos e não ganho outro abraço.
Então entenda, só dessa vez, entenda, tudo o que eu quero é um daqueles abraços reais novamente e não esses que me ofereceu nas últimas vezes que nos encontramos.
Portanto, me responda, você pode me dar um abraço?

sábado, 22 de outubro de 2011

Última saída?

E foi naquela triste noite gélida e solitária que ele enfim percebeu que o seu lugar não era mais aquele. Olhava aos cantos das paredes e lembrara-se que não podia viver preso em um único habitat. Não podia ter o convívio com as mesmas pessoas de sempre.
Não era da sua personalidade ficar a noite sozinho sonhando com um mundo que ele não mais faz parte.

- Quando eu acordar tudo irá ser diferente. Arrumarei as malas e novamente partirei.

Saiu então para caminhar pelas areias daquele seu refúgio. Não conseguia entender como as pessoas o achavam tão bom e o queriam longe. Era meio contraditório.

E tudo o que ele queria era poder abraçar aquela pessoa novamente. Olhar nos olhos, reviver momentos,
inventar novos, descobrir.

Mas não lhe era permitido nem ao menos fechar os olhos e sonhar mais com o passado, pois sempre que o fazia tudo transformava-se em dor.

- Para onde foram aqueles cachos soltos que me encantaram? Aqueles olhares apaixonados? Os sorrisos que dávamos nas praças? Será que acabaram-se para todo o sempre?

É, nem tudo que brilha as vezes são os raios de sol. Certas coisas reluzem da mesma forma, porém não duram eternamente.

E naquele instante, onde a lua estava por tocar o mar e na outra ponta o sol crescia à esquentar o ambiente, ele voltou a sentir o calor no peito. Era o sinal que deveriam voltar a conversar, a se olhar. Era a hora de tentar novamente e se não desse certo...

- Vai ser a hora de partir, assim que o sol voltar a dormir!

Chegava ali o triste fim daquela história linda que já foi descrita algumas vezes, aqui mesmo. Era para ser diferente. Um dia quem sabe, não volta a ser.

Enquanto isso, a mochila que está empoeirada, será novamente sacudida, arrumada e...

(esse texto foi encontrado ao lado da mochila que parecia estar pronta para ser carregada à uma viagem longa. Ao lado do provável dono dela, que estava caído ao lado da cama onde também fora encontrado uma caixa de remédios completamente vazia. Acredito que ele tentou se livrar das suas dores, das suas queixas, mas por outro lado, hoje, ele deve viver a perambular na penumbra tentando resgatar-se, voltar a ver o sol novamente.)


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ontem!

Momentos de tensão.
Por horas uma angústia parecia ser cravejada no meu peito.
No interior uma explosão de sentimentos e pensamentos.
Era só abrir os olhos que a serenidade e a pacificidade tomavam conta do ambiente novamente.
"Calma. Tudo vai terminar bem!" - Era só nisso que eu podia pensar. Era apenas essa a atitude que eu poderia ter!
Mas por dentro lágrimas de sangue já percorriam todo o meu corpo.
Despedia-me, um a um, de todos os meus sonhos, os possíveis e os impossíveis.
Te via sempre que fechava os olhos e imaginava onde estaria aquele sorriso e aquele olhar que me encantavam por tempos, poucos é verdade, mas que por aqueles poucos se tornaram inesquecíveis à minha memória.
Chorava interiormente o drama de não ter tido a chance ao menos de agradecer-te ou de pedir a ti perdão.
Sem ter a certeza de quem poderia me despedir comecei uma oração englobando todos os que passaram por minha vida.
Lembrava-me, é claro, dos mais especiais. Citava-os baixinho, em silêncio, aos meus pensamentos para que nunca sofressem tanto quanto eu estava sofrendo e que sempre estivessem seguros de qualquer mal que pudesse tentar atrapalhar às suas vidas.
Por vezes pegava-me de mãos e dedos entrelaçados lembrando-me de como eram eles entrelaçados aos seus, e sem nenhum exagero, quando isso acontecia, eram sem dúvidas os melhores momentos entre nós.
Não precisávamos falar, não precisávamos abraçar, muito menos nos olhar, se sentisse a sua mão junto à minha, como por algumas vezes foi, era a hora em que por dentro meu peito não parava de pular.
E como me fez falta, por diversas vezes ontem, seu olhar, sua forma de ser.
Senti um braço me empurrando no chão. Fechei os olhos com toda a força que eu tinha naquele instante. E de tão forte, lágrimas correram face à fora.
Esperava o fim, o último clique de uma "câmera" que não era a minha.
Nas costelas uma dor insuportável.
Tentaram-me arrancar uma delas, ou provavelmente alguma delas, mas por não serem o Criador, todas ficaram no seu devido lugar.
Por instantes, deitado na relva, sentindo formigamento nos braços e nas pernas, ainda de olhos fechados, senti sua voz nos meus ouvidos.
Me encorajaram!
Levantei-me. Ergui a cabeça aos poucos ainda um pouco tonto.
Ajoelhei por segundos e com muitas lágrimas alimentei o solo fértil daquele terreno.
Senti-me vivo quando percebi que no meu peito teu nome ainda brilhava e que dele eu estava tirando forças para seguir adiante.
Pus-me a pensar em todos que por perto sempre estiveram e tive certeza de que uma sobrevida fora me dada.
Fui agraciado.
E quando me dei conta, o sol estava lá a brilhar. Caminhei. Pude novamente ter a esperança de te encontrar. Agradeci.
Hoje, cá estou eu, voltando a sonhar!
Durma bem essa noite.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Até o novo amar.

Era uma pequenina lagarta que vivia a rastejar por todas as folhas que cruzavam o seu caminho.
Se alimentava de todas elas, uma por uma, bem devagar.
Olhava ao céu e imaginava que queria ser como um passarinho.
Que vivia a voar e bem lá do alto só fazia cantar.

Logo imaginou que poderia voar também.
Que poderia ir muito mais além.
Mas se martirizava quando no reflexo d'água se olhava.
Era um bichinho verde e sem graça que a maioria dos outros seres odiava.

Vivia a fugir dos pássaros que dela se alimentavam.
E se esconder dos homens que virava e mexia a caçavam.

Queriam a exterminar.
Queriam a expulsar.

Mas ela não se rendeu.
No meio de um dia daquele puxado.
Num casulo se escondeu.
E no calor e escuro dele teria desacordado.

Lembrava que havia sonhado bastante.
Sonhara que batia asas e cantava.
Nunca havia de esquecer aquele instante.
Até que de repente, enquanto o sono acabava.
Viu se romper o casulo.
E sua vista se iluminava.

Era a luz de um novo amanhecer que chegara.
E trazia consigo toda esperança do que a pouco sonhara.

Foi quando sentiu o primeiro bater das asas.
E descobriu que agora, o mundo era a sua casa.

Poderia voar livre por aí.
Não haveria medo de não sair.

E de verde e sem graça.
Passou a ser a mais bela da sua raça.

Com suas asas da cor do sol.
E uns riscos da cor do mar.
Sentia no calor do novo dia.
Um novo sentido para a palavra amar.

E foi nesse dia, que a pequenina lagarta tornara-se borboleta livre por ai a voar.



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Convido-te a me ver arrasar.

"Outro dia, antes de sair sem rumo, peguei no espelho pensando no que usar. Joguei meu guarda-roupa inteiro no sofá. Desfilei por horas e mais horas semi nua casa afora. Só conseguia me vestir daquele sentimento que não desgrudava de mim, oras pensava ser apenas paixão, daquelas avassaladoras, porém, em outros momentos, era amor. "Mas que diabos é esse tal de amor?!". Procurei a casa inteira a melhor forma de te fazer me enxergar até que tive a brilhante idéia de me pintar. Foi blush pra lá, esmalte pra cá e uma hora e meia depois, estava linda, leve e solta para partir. Escolhi meu melhor salto, meu maior tubinho preto, ou seria o contrário. A essa hora da madrugada, depois de tantas doses de uísque já não sabia muito bem a diferença do alto e do baixo. Todos eram da mesma altura. Olhei-me no espelho e pensei. "Hoje eu vou arras...AHHH!". Ainda faltava algo e as horas não paravam de passar, quando me dei conta, depois de tanto procurar, lembrei-me que faltava um último detalhe para me sentir linda. Virei todas as bolsas que usei durante a semana. Espalhei todos os meus pertences pelo quarto. Revirei tudo e não encontrava. Até que depois recordei-me que. "Acho que ficou com a Maria!". Peguei o telefone em desespero e comecei a ligar, até que a Maria atendeu sonolenta e disse-me que havia deixado o meu batom vermelho na frente do espelho. É, aquele mesmo em que percebi que algo ainda me faltava! Corri até ele, encontrei-o e me pintei. Agora sim estava pronta para arrasar. Foi quando olhei o relógio e me dei conta de que você não iria mais passar para me pegar, que havíamos terminado a relação a mais de um mês e que todas as sextas feiras eu mantinha o mesmo ritual esperando o seu retorno. A Maria então chegava todo sábado pela manhã, arrumava a minha bagunça, me colocava na cama e sempre reclamava comigo. "Você ainda não entendeu que não terá mais volta?". E no sábado a rotina da semana recomeçava. Assim era a minha sexta feira a noite. Cheia de amor e ao mesmo tempo tão só. Queria te dizer que eram assim todas elas desde o dia que me largou, pois hoje é sexta feira, estou deixando essa carta com o porteiro caso você chegue para me buscar, só para te informar: 'Hoje é o meu dia de voltar a arrasar!' ." 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Garota de ... todos meus sonhos. (Garota de Ipanema - Tom Jobim)

Era uma coisa linda, cheia de graça.
Vivia a passar de um lado para o outro. Num indo e vindo danado.
Parecia estar a procura do mar.
Mas sempre num balanço tão doce.

Um corpo dourado, cabelos aloirados.
Uma escultura do sol de Ipanema, Copacabana, Barra, Porto da Barra, Farol da Barra, não importa exatamente de onde, mas sim, parecia ter sido esculpida à mão.
Não sou capaz de descrever em apenas um poema o seu balançado.
Mas sou capaz de dizer que é a coisa mais linda que já vi passar.

E mesmo assim, observando-a, continuo sentindo-me tão só.
Tudo parece tão triste.
Uma beleza que não é minha, mas que também vive por ai sozinha.

Queria poder dizer à ela que basta que ela atravesse o meu caminho e o meu mundo, inteirinho, se torna mais repleto de graça.
Fica muito mais lindo.
Será que é ...
Vou esperar para confirmar!


domingo, 21 de agosto de 2011

Dia mundial de defesa da Amazonia (20.08.2011)

Eram quase duas horas da tarde, e a chuva só fazia aumentar o ímpeto de alguns guerreiros.
Cerca de cinquenta no início se reuniram em meio a uma famosa praça, formaram um grande círculo e em silêncio choraram.
Não um choro externalizado, cada um em seu íntimo, era um choro saudável. Era possível sentir em cada olhar, em cada respiração aquela necessidade de gritar, de parar o que não era nem para ter começado.
Após um grande abraço no monumento principal daquela praça, eles partiram.
Cânticos eram entoados aos milhares de cantos das ruas por onde passavam.
Eram observados de perto, de longe e até de muito longe.
Fora assim aquela tarde de sábado chuvoso.
Coincidentemente, em meio à um dos pontos chaves da caminhada, uma lembrança à uma santa, parada obrigatória. E a descoberta que em outros tantos cantos do mundo haviam pessoas que estavam fazendo o mesmo.
Seguiram adiante e só pararam quando a luz caiu.
Fora emocionante do início ao fim. Receberam aplausos e palavras de conforto.
Se é certa a conquista ainda não sabemos, porém, mais certa do que a conquista é a veracidade de sentimentos em cada um dos presentes, é a força que cada, à sua maneira, externalizou o seu grito, o seu choro.
Em frente sempre, guerreiros da paz.
E no último grande círculo, o silêncio novamente. O respeito!
Coragem!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Carta à Rebeca

Sabe, senti a tua falta hoje.
Não tanto quanto a alguns meses atrás, quando apenas nos falávamos a distância e a vontade de te ver e te ter só fazia aumentar.
Mas senti muito a tua falta hoje.
Tá! Tudo bem! Não foi tanta.
Foi algo assim, não conseguia nem sentir tanto o frio que fazia, e quando o vento insistia em abrir a porta e entrar os meus pensamentos já tinham corrido pela janela para tentar te achar.
Um dia chegaram a me dizer que para encontrar o paraíso seria necessário morrer, ainda bem que não descobriram o teu olhar, pois nele encontrei todas as respostas para as perguntas que sempre me fiz.
Torço para que eu seja um dos poucos a encontrá-lo, se não ganhei a vida eterna, ao menos felicidade eterna terei enquanto por perto você estiver.
Quem disse que não daria para misturar riacho doce e sal do mar estava totalmente equivocado, busco a tua doçura para equilibrar a minha pressão.
Mas para onde correu você? Donde foi desaguar?
Recorri ao nosso ponto de encontro para tentar te encontrar, ver se deixaste pistas.
Vasculhei cada canto do nosso momento. Percorri todos os esconderijos dos nossos segredos.
Refiz as cenas. A despedida. Sua corrida para fugir dos meus abraços e chegar cedo em casa.
Uma cinderela mais moderna e com uma família mais rigorosa na educação, afinal não eram nem seis da tarde, mas já havia a necessidade de sair correndo escadas afora para não perder a carona na carruagem.
Não adiantou muito. Voltaste de abóbora.
Enfim deixaste cair, não um sapato de cristal ou uma sandália, mas sim um brinco.
Agora correrei todos os reinos possíveis para encontrar-te, e acredite, até que eu fique cego te encontrarei, pois decorei cada detalhe do seu rosto com a ponta dos meus dedos.
Reinara no meu mundo, fará de mim talvez um sapo, bobo da corte ou até mesmo um príncipe, não sei ainda, mas de uma coisa tenho certeza, serás a minha eterna princesa!
Adoro você!

(Inspirado na canção "Chinelo de Cristal" do Pirigulino Babilake)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O outro lado do mundo.

O tudo era apenas um lado do mundo.
O lado que eu queria enxergar.
Se existia outro eu com certeza desconhecia ou pelo menos fingia não conhecer.
Ai veio a casa, a luz, meus pais, meus irmãos.
Surgiu Deus, a igreja, a culpa e agora veio a dor.
Tudo parecia incompleto e mesmo assim eu ainda fazia parte do mundo.
Só depois de ver o outro lado dele é que cheguei a mim mesmo.
E cá estou eu.
Sem casa, sem luz, sem pais e até sem irmãos.
Sem Deus, igreja.
Mas cheio de culpa e dor.
Tudo parece ainda incompleto, mas me sinto parte do mundo agora.
Estravazei. Vazei.
E enquanto as lágrimas corriam soltas face abaixo.
Surgiu novamente a casa, os pais, a luz e os irmãos.
Deus chegou de uma forma diferente e trouxe consigo um novo conceito de igreja.
A culpa e a dor se aliaram contra o sorriso estampado no rosto mas não obtiveram sucesso.
E agora, com os dois lados do mundo na mão, me sinto parte do seu mundo.
Lutarei por ele. Por nós. Por mim.

(Inspirado na canção "Depois de Ver"  do  Pedro Pondé)

domingo, 19 de junho de 2011

Zé Valente

Ôviram lá no Ypiranga! Sabia não?
Num sabiam ser era grito ou a zuada dum avião
Mas era alguém com uma pechêra
Pedindo liberdade
Pro povo da cidade
Dizendo que num guentava sofrê mais não.

Contavam os moço mais vivido
Que era um brado forte
Que veio lá do norte
Montado num jeguin sofrido
Com a sua pechêra estendida
Um sujeito tal de Zé Valente que veio pela gente
Atrás de uma tal de sorte.

E lá trás daquele sujeitin
Um sol forte com raios fúlgidos na cabeça
Brilhava iluminando o novo mundo?
Mais parecia um oásis aquele mundão de concreto
Pra quem donde veio num via nem teto

E descendo pelas bêra daquele movimento
Era luz branca vindo e as vermelha indo
Os jegue dos ôtro cabra tudo fazendo zuada
Perguntando se era palhaçada
Aquele sujeitin de jeguin andando fora da calçada
Por nunca ter visto tanto cimento

Então uma sinhá o parô
Vestida parecendo do cangaço
Miro os óio do sujeitin e só faltô jogá o laço
- Tá fazendo o que por aqui homem do mato?
Foi o que ela quis dizê
Antes de dispará o tapa que o derrubô.

Então o Zé Valente se alevantô
E meio se debruçando nos carcanhá
Tentô começá falá
Quando aquela bendita sinhá
Cum ôtro golpe o derrubô

O Zé deixô de sê valente
Se aprumou no seu jeguin
Saldô a sinhá com um xauzin
Abaixô as orêia e a cabeça
Desistiu da sua sorte
E voltô pra sua gente

Lá onde o Zé se esconde
Donde o povo vai ser tirado
Pelo povo do cangaço(senado)
Pra matá o Xingú
A vontade é de mandá
Todo mundo toma no ...

domingo, 12 de junho de 2011

Existe razão?

Foto: Autor Desconhecido

Quem um dia poderia dizer que haveria razão nas coisas feitas, ditas, escritas ou seja lá como forem definidas, pelo coração?
Poderia até achar estranho, mas era melhor não comentar, não era como na canção que ela havia de ter tinta no cabelo, não essa menina. Mas o brilho no olhar existia, e foi de repente que a encontrara. Por instantes até pensou em gritar – “Mônica? Mônica?” – Mas não haveria razão já que ele não era Eduardo.
Então continuou a pensar. Seu foco deixara de ser o evento a ser registrado, mas sim aqueles belos olhares que volta e meia o miravam. Na verdade não a ele, mas o que acontecia por perto. Por um instante conseguiu uma fotografia e ela parecia de longe ter escutado o clique da câmera, olhara no mesmo instante, e mostrou-se encabulada.
As coincidências com a canção poderiam até parar por ali, mas não, depois de mostrar-se encabulada, ela riu. Ele então ficara achando que ela o procuraria para saber um pouco mais sobre o, é, esquece, ele não era um “boyzinho” como na canção, mas ainda assim estava tentando impressioná-la.
Ao olhar o relógio ele se pegou espantado com as horas, sabia que deveria partir para outro compromisso, mas não conseguira. Pegou seu aparato eletrônico que realiza chamada apenas a cobrar e desmarcou tudo o que haveria de ser feito no dia. – “Bem na hora, eu ia me ferrar!”
E ao rodear o olhar para encontrá-la novamente, eis a surpresa, a encantada se foi e não deixou ao menos uma sandália de cristal. Como fazer para a encontrar se nem os telefones haviam sido trocados? Existiria razão?
Para ele sim. Então lembrou-se das imagens capturadas e do avanço tecnológico, tratou de divulgar as fotos, espalhou aos 4 cantos do mundo, até em um filme de Godard ela apareceu. Tentou em alemão, português, italiano e até francês encontrar a Monica da sua tarde.
Quando, eis que surge, não de moto, a melhor informação da semana, o nome real da fantasiosa história daquela tarde abençoada por olhares encantadores.  Enquanto ele ainda jogava futebol de botão, dessa vez só, chegara uma amiga da encantadora e divulgara seu nome como numa ópera.
Ele deixou de beber, cortou o cabelo e decidiu ir trabalhar para encontrá-la. Por fim trocaram telefones e agora, resolveram, talvez por poucos momentos, se encontrar.
E a pergunta que iniciou a história, vem pra terminar, ou ao menos ter a função de um refrão até a história se encerrar. Existirá razão?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Carta aos leitores

Pôr do sol no Museu de Arte Moderna (MAM) Salvador/BA
Meus caros colegas blogueiros e leitores,

Infelizmente não tenho tido muito tempo para postar meus textos por aqui. Estou em um momento diferente da vida e por enquanto estou me dedicando a algo que veio complementar o que eu costumava fazer de melhor, escrever.
Como alguns de vocês já sabiam eu tinha como hobby predileto a fotografia e resolvi levá-la mais a sério a partir de agora.
Então estou me dedicando a essa nova mania e para não abandonar o blog, irei postar ao invés de textos, algumas das minhas fotografias esperando que vocês possam dar-me o mesmo carinho de sempre!

Um grande abraço e beijo virtual à todos.

Flávio Catão.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Em silêncio peço ao pai em oração...

Vai em paz.
Leva teus amores no peito.
No nosso, momentaneamente, há dor.
Em breve seremos lembranças.
Então estamparemos nos rostos sorrisos.
Exalaremos àquele imenso carinho que nos entregou.
E no abraço próximo, a saudade do abraço distante.
Lutaste.
Fora guerreira em muitos momentos.
E agora, descansas!
Se merecido, sempre, por mais que contestemos.
Vá alegrar outros.
Venha a nós sempre que quiser e precisar nos guiar mais um pouco.
Pois na fé e na oração nos apegaremos para te encontrar.
Nos olhos encharcados sonharemos acordados com tua mão acolhedora.
E nos laços que foram criados recentemente, daremos nós para que não se percam no espaço e no tempo.
Se a vontade era de todos juntos, então cá estaremos.
Então, por fim, escrevo o respeito e a saudade.
Coloco aos meus amigos/primos/tio, que a dor é grande.
Mas o amor nos faz superar.
Se o amor vence no fim?
Sim.
Ele vence. Assim, por fim, venceremos juntos!
Fiquem bem.
Se precisarem, aqui estarei, de braços e peito aberto.
Um beijo carinhoso e saudoso!
Do primo/sobrinho/amigo.

Flávio Catão

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Rotina!

Há meses vem sendo assim a minha rotina.
No claro do dia, no amanhecer de cada manhã, te vejo partir, distante, se distanciando cada minuto mais.
E quando acredito que foi embora de vez, que não me ocupa mais nem nos pensamentos.
Basta o sol cair, basta a noite chegar e os olhos se fecharem que tudo volta a ser como antes.
Você chega sorrindo. Aquele brilho no olhar.
E volto a ter você ao meu lado.
Certas noites eu tento nem dormir para evitar o drama de ter que te encontrar e te ver partir.
Em outras, porém, não quero acordar para não te deixar ir embora.
É no adormecer que você chega, e em tom de sofrimento que eu te vejo partir.
E quando no meio da noite me desperto, é porque sinto ao meu lado o vazio da cama, o gélido vento que passa por mim sem que tenha calor nenhum para me aquecer.
É nesse despertar no meio da noite em que correm no meu rosto as gotas enormes da saudade que sinto.
Então me pego a vazar, em sentimentos, em saudades, em carinhos, em amor.
Como fazer parar?
Fechando os olhos em meio aos longos dias que ainda hão de vir e no meio deles sonhar, como nas noites em que você surge, imaginando-te voltar.
Pois quando tu chegas, no meu riso, volto a te amar.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Um sorriso muda tudo.

Era um tal de esconde-esconde que havia entre nós. 
Era uma venda nos olhos e aquela escuridão.
E no tal do tato tinha que te descobrir como um retrato.
Sem enxergar de verdade, te enxergar só com a mente.
Fechar os olhos e ver tudo o que estava na frente.
- Cuidado pra não tropeçar.
Todos gritavam sem parar.
E se escondiam ao redor uns dos outros para eu não te achar.

Brincadeira de criança?
Seria talvez uma dança?

Mas agora não mais! Chegou a hora da mudança.
A venda ia para outros olhos e os meus podiam te encontrar.
Sorríamos feito bobos e fugíamos sem parar.
E nossos risos eram soltos.
Estávamos livres a voar!
Não éramos pássaros, mas estávamos soltos no ar.

Era coisa séria?
Que paixão era aquela?

E os outros a nos procurar.
Fugimos da brincadeira e nos escondemos na beira.
Do mar, do prédio, do lar.
Não importava onde, importante era te sentir, te olhar.

E quando nos encontravam naquela brincadeira de pegar,
saíamos em busca de todos para mostrar,
que sorrir é a melhor forma de demonstrar,
o carinho, o afeto, o amar.

Pois quando falta tudo, um sorriso é capaz de mudar!


p.s.: À fada!

sábado, 30 de abril de 2011

Adeus agonia!

Era um aperto danado de estranho.
Como se estivesse sendo fincada uma estaca no peito de um vampiro tentando destruí-lo.
E aquela agonia toda de sentir o peito se derramar em lágrimas vermelhas.
A face se derreter em um líquido salgado.
Olhava com um olhar perdido para um lugar achado no horizonte da parede à sua frente.
Procurava nos seus pensamentos algo em que pudesse se perder em pensamentos soltos, mas todos estavam condenados àquelas velhas memórias de ontem.
E ante-ontem.
Semana passada.
Do ano que se passou dez anos atrás.
A compressão do peito era cada vez maior. Foi cada vez maior.
E ao olhar para os punhos, eles estavam cortados.
Ao olhar para os braços, encontrava-os amarrados.
Os pés não tinham mais força para erguer o guerreiro.
Era um sentimento tão forte e destruidor que não havia mais volta.
Foi ai, que ao forçar o último suspiro, o guerreiro preso na sua própria cela, conseguiu enxergar.
Aqueles olhos. Aquele olhar.
Aquela pele corada.
Se debruçara sobre ele e falou-lhe nos ouvidos.
Era a doce voz de tempos idos. Era a assassina de agonias que voltara para salvar-lhe dos seus temores.
Ela dizia:
- "Eu ainda estou aqui! Lembra-te e levanta-te meu guerreiro!"
Por segundos o guerreiro relutou, sentiu a agonia ir embora, mas já era tarde.
Era por volta das oito e meia da noite daquele dia santo.
O guerreiro suspirou profundamente e revelou o que tanto lutou para revelar.
Ele disse:
- "Você chegou tarde, eu não te amo mais!"
Livrou-se das garras da agonia e partiu para o outro plano, onde lá ele poderia ser feliz novamente, e voltar a amar!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Carro de turista suíço invade as areias da praia de Barra Grande na ilha de Itaparica/BA.

Caros amigos, hoje abrirei mão dos contos e poesias que costumo escrever aqui para abrir espaço à uma denúncia.
Sim! Denúncia que será feita por mim, um simples morador do bairro de Barra Grande localizado no município de Vera Cruz na região metropolitana da nossa querida cidade de São Salvador na Bahia.
O que pensa um turista ao sair do seu fabuloso mundo desenvolvido, no caso a Suíça, para vir passear em um paraíso como este em que vivo? Pois sim, é um paraíso. Uma ilha, cercada por praias belíssimas de águas limpas e claras, sem ondas, cercada por recifes de corais, habitat dos mais lindos peixes que possam ser encontrados.
Costuma ser assim, mas há algo que me incomoda. Acredito que não só a mim, como a todos que visitam esse paraíso ainda não entregue às selvas de pedras que são erguidas por aí.
O que me incomoda é o mesmo que acabou incomodando um turista suíço que veio à nossa ilha descansar, tirar as suas merecidas férias.
Primeiro incômodo é, o altíssimo valor cobrado para a travessia de veículos no sistema de ferry-boat com o péssimo serviço oferecido.
Vos falo isso com toda convicção de que não sou o único a reclamar.
Uma travessia precária, com terminais do mais baixo nível para recepção tanto dos turistas, como o Senhor Gregório, como de moradores como eu. 
Como segundo ponto a ser registrado, o descaso com as pessoas que são obrigadas a usar um dos únicos meios de transportes existentes aqui.
Lotações em péssimo estado de conservação que normalmente são encontradas com sua capacidade de passageiros acima do limite e que, por incrível que pareça, tem trânsito livre no posto da polícia rodoviária localizado no mesmo bairro em que vivo.
Outra opção de transporte seriam os táxis oferecidos, mas, em contra-partida, infelizmente, a maior parte da população residente na ilha não tem condições financeiras de se dar a esse privilégio todos os dias da semana.
Ou, por último, aos turistas, restam o aluguel de automóveis, como fez o senhor Gregório, ponto-chave dessa denúncia.
Então vamos ao que realmente nos interessa expor.
Um turista, que está saindo do seu país de origem para conhecer outra cultura, investir dinheiro na nossa economia, chega ao nosso país, procura um local dito paradisíaco e encontra desde a sua chegada até pouco antes do seu momento de estadia, buracos pelo caminho.
As cenas que iram ver agora foram fotos tiradas por mim, no meio da noite de hoje, chamado às pressas por vizinhos. Por sorte ninguém se feriu no acidente, mas a imagem que fica do nosso paraíso, e a imagem que vai para outro país da nossa cultura é essa.

(Carro alugado por turista para visitar a ilha de Itaparica/BA)
Onde deveria haver rua para carros e pedestres passearem e se locomoverem na orla de Barra Grande, podemos infelizmente ver crateras e a falta de vergonha dos senhores de obra do município que dizem não conhecer os problemas existentes na região.
O carro alugado pelo senhor Gregório, ao fazer uma manobra para tentar sair de uma dessas crateras, foi engolido por outra.
Nos perguntamos, o problema é o motorista?
A resposta que lhes dou, como morador da localidade é não!
(Após uma manobra para fugir de uma cratera, a surpresa,
outra cratera)
A culpa é da iluminação precária do local, da falta de estrutura da região e da falta de quem comande o município.
Difícil crer que um prefeito do partido da situação não tenha apoio do governador do estado e que deixe que o município chegue nesse estado.
A realidade é dura não?
Eu vivo aqui, eu sei o que acontece na região, eu sei quem devo criticar e quem não devo.
O povo não tem estrutura para reclamar.
Escutei de um dos próprios moradores da região que quando ele necessitou comprar remédio para um dos seus entes e não teve condições, recorreu ao prefeito da época e foi presenteado com tal medicamento e como agradecimento ele deveria manter o seu voto naquele senhor que o presenteava.
Sei que essa realidade não é apenas do lugar onde vivo, sei que existem muitas outras regiões afetadas pela mesma incompetência e descaso das autoridades, mas acredito também, que se todos lutássemos contra essa pouca vergonha que existe em nossas cidades, se todos nos uníssemos, sairíamos vitoriosos.

(Distância entre areia e residência, onde deveriam passar
automóveis e pedestres, passam pedestres com medo de um
possível acidente e alguns corajosos motoristas que tem
necessidade de passar por ai.)

Falta conscientizar que para termos uma vida digna precisamos ter pessoas dignas no poder e não esses "falastrões" que se encontram num nível hierárquico ilusório de que "manda quem pode, obedece quem tem juízo".

Não terei juízo, não me calarei, sempre que puder levantarei a minha voz para atingir a quem tem de ser atingido.
Sou formado em Hotelaria pelo Centro Universitário da Bahia e me sinto envergonhado ao ver como nossos turistas são recebidos e, pior ainda, como nós somos tratados por nossas autoridades!
Espero sinceramente que consiga provocar, se não o mesmo sentimento de abandono e descaso, ao menos o sentimento de indignação por tamanho abandono.
Obrigado por me lerem! Divulguem!

(Mais uma residência com um pequeno espaço para a chegada
do mar)

(Carro de um turista invade as areias de Barra Grande)
Senhor prefeito e senhor secretário de obras, espero que leiam e se conscientizem de que algo está errado. Por favor, desçam dos seus carros e caminhem por nossa orla, ou melhor, apenas tentem, se tiverem coragem e um pouquinho de dignidade!

Texto e fotos por: Flávio Catão.

PAPOS E SUPAPOS

Mi Papos y Su papos!

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