sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nosso encontro silencioso

Eu vi você olhando e as lágrimas que corriam face abaixo.
Percebi uma angústia nos punhos fechados fortemente amassando o que parecia ser uma carta.
Respiração ofegante.

Tentei avistar o que o teu olhar enxergava.
Percebi nele uma procura incansável de algo ou alguém no horizonte.
A minha respiração ficou ofegante.

Cheguei ao teu lado para tentar aproximar-me mais da situação.
Percebi nela um certo desespero da sua parte e uma enorme vontade de te abraçar da minha.
As nossas respirações enfim se encontraram.

Sem palavras, apenas com a mão acariciando-a suavemente no rosto consegui desviar a tua vista do horizonte e colocar-me no lugar daquele vazio a qual estava.
Recostou a tua cabeça no meu ombro e como mágica a tua respiração foi se acalmando.

Por um momento nossas mãos se encontraram ao mesmo tempo em que nossas respirações, antes ofegantes e descompassadas, também iniciaram juntas uma nova e mais calma canção.
Agora juntos olhávamos perdidos o horizonte e você, por ventura, largou o papel todo amassado que segurava na mão esquerda.

Foram no máximo dez minutos de distância entre nós e nós mesmos, e após dez minutos juntos o sol finalmente se pôs ao fundo. Nos abraçamos, soltamos as nossas mãos e aplaudimos o momento.
Respiramos fundo, nos olhamos mais fundo ainda e sem que fosse necessária nenhuma palavra partimos em direções opostas.

Sinto que fora o ápice de sinceridade e cumplicidade que pude vivenciar. Espero que um dia a minha amada possa me perdoar por essa traição em pensamento.
Pois a partir daquele dia passei a amar mais uma pessoa, porém esta, em silêncio, da mesma forma que foram os nossos momentos.


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