quarta-feira, 30 de março de 2011

Cão Coragem!

"Essa é a história de um cão
tão pequenino
não tinha menino
que desse conta desse brincalhão.

Vivia a correr e pular
só não queria saber
pois tinha medo de morrer
se n'água pular.

Os outros cãezinhos ficavam a provocar
diziam que ele era medroso
que não sabia nadar
e ele meio temeroso
respondia a rosnar
"eu sei nadar sim!"
"só não quero provar"
"não sou bobo!" e assim
ficava sempre a olhar.

Até que um dia surgiu
um jacaré a nadar
e o pequenino cão ouviu
seus amigos a gritar.

Saiu correndo e parou na margem
seus amigos gritavam
outros choravam
lhe chegava a coragem

ele então mergulhou
com o jacaré lutou
deixou de ser o cãozinho medroso
Para se tornar o Coragem, o cão mais corajoso."

Foto: Flávio Catão.


***Poema participante da 32ª Edição de Poemas do projeto Bloínquês

"13 - Sorte ou Azar?"

Ontem eu tive a reunião mais importante da minha vida, mas essa história começaria muito antes, mais precisamente treze meses atrás.
Era uma sexta-feira dia treze do mês de Outubro, o ano era o de dois mil e nove. Enfim, já deu para perceber não é? Dia propício para qualquer coisa dar errado, afinal, sexta-feira treze.
Sai de casa naquele dia por volta das seis e meia da manhã em direção ao aeroporto, iniciaria-se naquele dia uma corrida contra o tempo. 
Estava com viagem marcada para Los Angeles, iria assinar um pré-contrato com uma produtora de filmes, era o meu sonho se realizando. Para sair de um pré para um contrato propriamente dito com aquela produtora faltariam apenas pequenos detalhes, o importante mesmo era conseguir o tal pré-contrato.
No caminho para o aeroporto o primeiro sinal que o número treze faria parte da minha vida a partir de aquele dia, no rádio foi identificado um engarrafamento de treze quilômetros por conta de um acidente.

- O senhor teria como pegar outro caminho? Tenho urgência e não posso perder esse vôo.
Pedi gentilmente ao motorista do táxi que eu havia entrado.

- Não tem como não amigo. O senhor não reparou que não consigo nem mudar de faixa.
Retrucou resmungando o motorista.

De tão impaciente paguei a corrida até aquele momento, treze reais, e desci do táxi no meio da avenida.
Por sorte, ou azar, vinha passando um daqueles moto táxis. Não sei onde eu estava com a cabeça, com uma pequenina mala de viagem, andando de moto com um daqueles doidos motoqueiros de São Paulo.
Um percurso que levaria mais ou menos quarenta minutos de carro com um motorista equilibrado e o trânsito livre foi feito em apenas treze minutos por aquele motoqueiro. Isso mesmo, treze minutos.

- Aqui amigo, obrigado pelo passeio, pode ficar com o troco, e por favor, cuidado ao pilotar assim para não sofrer nenhum acidente.
Disse ao moto taxista agradecendo-o.

Ele apenas sorriu e saiu desvairadamente aeroporto afora.
Entrei no aeroporto, encaminhei-me ao check-in da companhia aérea para poder despachar a bagagem, no balcão. Uma linda senhorita me informava questões sobre o que eu poderia ou não carregar na bagagem de mão e todas aquelas burocracias impostas pelos norte americanos e pela nossa queridíssima Polícia Federal, pois na hora de nos encher o saco por pequenos detalhes eles sabem fazer muito bem, mas na hora de pegar político corrupto viajando com centenas de milhares de dólares na cueca eles fazem vista grossa. Enfim, prossigamos com a história.
No meio da conversa com a balconista, muito simpática por sinal, resolvi não sei por que cargas d'água lhe perguntar quanto tempo levaria para chegar em Los Angeles.

- O tempo de vôo é de aproximadamente treze horas senhor.
Respondeu-me com um sorriso na face.

Novamente o treze a perseguir-me. Após toda burocracia para entrar na sala de espera para o embarque sentei-me e fiquei escutando música. Enquanto as escutava, resolvi checar novamente se estavam todos os documentos na pasta dentro da mochila. Tudo conferido, o sinal de embarque imediato sendo dado, lá fui eu para a aeronave enfrentar as treze horas de vôo.

- Atenção senhores passageiros, Attention ladies and gentlemen. Preparar para aterrisar.Prepar for landing. O tempo de vôo foi de treze horas como previsto. Flight time was thirteen hours as planned....
Confirmava o comandante da viagem.

Peguei-me pensativo quanto ao treze naquele momento.
Chegando em Los Angeles fui direto ao hotel, pois precisava de um banho além de necessitar de uma refeição digna. No Brasil eram mais ou menos nove horas da noite no horário de desembarque, mas como indo para lá nós andamos para trás no fuso, então cheguei por volta das cinco horas da tarde no horário local. A reunião seria apenas na manhã seguinte, então havia tempo para um rápido passeio e um jantar. Enclausurei-me no hotel por volta das nove da noite e aguardei ansioso pela reunião que mudaria a minha vida.
Sábado de uma manhã ensolarada em Los Angeles, após um longo e relaxante banho, arrumei-me e fui ao encontro dos diretores da produtora. Ao chegar na reunião, não pude deixar de notar, doze cadeiras vagas para os diretores e uma para mim, total de treze pessoas. Novamente o treze. Meu projeto seria avaliado por uma bancada de excelentes profissionais. Isso mesmo, seria.
Após aguardar por alguns minutos, e não me perguntem por favor se foram treze minutos, uma das secretárias veio me dar o recado de que a reunião havia sido cancelada. Questionei o motivo à ela e a mesma me contou que o filho de um dos sócios da empresa havia falecido na noite anterior e que estavam todos no velório. Prontamente peguei o endereço de onde estava sendo realizado o velório e fui prestar as minhas condolências. Ao chegar no local, a surpresa, o garoto tinha apenas treze anos de idade. Conversei com algumas pessoas, mas não quis tocar no assunto do projeto, o que me rendeu o título de cavalheiro entre todos os diretores por virem me pedir desculpas e eu dignamente responder que não necessitávamos conversar sobre aquilo naquele momento.
A reunião não ocorreu, voltei ao Brasil na segunda com um pré-contrato assinado em mãos apenas pelo meu cavalheirismo e compreensão do ocorrido.
Começamos a trabalhar no projeto do curta-metragem que contava a história de pessoas supersticiosas, foram meses e meses de pesquisa, filmagens e reuniões. Os acionistas estavam cada vez mais ansiosos pelo fim do projeto e assinatura final do contrato.
Pois bem, após treze meses entre as filmagens e a edição final, vim trazer os resultados aos investidores, ontem, aqui em Los Angeles.
Extremamente supersticioso após tantas coincidências, solicitei que a reunião fosse marcada às treze horas do dia treze de novembro e fui atendido.

It is with great pleasure that I give to you first hand in. Mine, yours,ours, "13 - Chance or Fate?". (É com imenso prazer que entrego à vocês em primeiríssima mão. O meu, o seu, o nosso, "13 - Azar ou Sorte?").

O filme foi apresentado, todos adoraram, fui reverenciado. Enfim, um final fantástico. Esqueci-me apenas de uma formalidade, os papéis do pré-contrato que deveriam ser trocados pelos papéis do contrato, e depois disso tudo estaria selado.
Quer saber o que aconteceu? Não encontrei o pré-contrato de treze páginas previamente assinado.
Então cheguei em casa hoje com a promessa de que os enviaria por fax. Querem saber novamente o que aconteceu? Aquelas treze assinaturas que haviam naquele pré-contrato de treze páginas que deveria ter sido trocado por um contrato de treze milhões de doláres com uma das maiores produtoras de filme no mundo, simplesmente desapareceram.
Quando eu cheguei em casa, percebi que os papéis não estavam mais lá.
Então eu te pergunto:

- 13 , Sorte ou Azar?




****Texto participante da 60ª Edição de Conto/História do projeto Bloínquês .

segunda-feira, 28 de março de 2011

Ao reflexo.

Cara,

Estou te escrevendo pois lembrei-me muito de você ontem. Sabe, quando sai por volta das seis da manhã, sem rumo, apenas com uma mochila e uma barraca para acampamento nas costas, lembrei-me das suas histórias de como era bom sair sem dia para voltar, sem lugar para ir, enfim, só me veio você na cabeça.
Então te pergunto, aonde foi parar aquele seu espírito aventureiro? Você realmente está satisfeito com essa vida aprisionado em um escritório oito horas diárias? Sem contar nas horas extras que você é obrigado a cumprir dentro de casa.
Lembrei-me que ante-ontem estava nessa sua mesma rotina. Acordava por volta das quatro da manhã, limpava o quintal, tomava um banho, me arrumava, dava o beijo da esposa e corria para conseguir pegar a lancha das sete horas. Depois de quarenta e cinco minutos de travessia chegava no Comércio, pegava um ônibus que me deixava praticamente dentro do escritório em mais vinte e cinco minutos.
Rotina chata essa, não é mesmo? Por isso, ontem quando acordei, tratei de ligar para o chefe (acabei por acordá-lo também), só para avisar que eu não iria. - "Cansei doutor, não quero mais isso para mim!" - Foi o que eu disse à ele, enquanto no outro lado da linha ele dizia. -"Seja lá quem for, são quatro horas da manhã, considere-se despedido!" - Enfim, consegui o que queria. Não pedi demissão, fui demitido e ainda irei receber todos os benefícios que uma carteira assinada por quinze anos me deve.
Então segui a rotina pela última vez, limpei o quintal, me arrumei, dei o beijo da esposa e sai. Só que dessa vez, sem rumo e nem data para voltar. Ela ficou assustada quando me viu arrumando a mochila e tirando a poeira da barraca. - "Para onde você vai?" - Eu a olhava, até com um certo ar de dor, mas não aguentava mais aquele casamento empurrado com a barriga. Foram três anos de desespero ao lado dela, sem contar que eu havia descoberto um "par de galhas" no alto da minha cabeça. -"Hora essa! Estou indo embora, não está vendo? E por favor, não me procura mais! Fica com a casa, com o carro, fica com tudo, mas não me procura!" - Dei as costas e coloquei-me a caminhar em direção ao que resta do meu futuro, da minha vida.
Você deve estar se perguntando agora o que deu em mim, certo? Pois te respondo. Cansei!
Não! Não estou maluco, tanto que estou te escrevendo para dar notícias, quem sabe um dia eu não volto, apesar de achar muito difícil que isso aconteça.
Se você aceitar um conselho meu amigo, te levanta dessa cama agora mesmo e toma a mesma atitude, verá como vai ser muito melhor.
Bom, deixe-me ir, infelizmente já está na hora de voltar a trabalhar, terminou a hora do almoço, quem sabe um dia eu não consiga te escrever uma carta assim novamente. Porém, contando toda a verdade e não apenas a vontade!

Um grande abraço do seu reflexo no espelho do banheiro.
Até breve, ou até nunca! Vai saber!

****Texto participante da 36ª Edição Cartas do projeto Bloínquês.


domingo, 27 de março de 2011

Guéri - Guéri outra vez...

Era uma tarde ensolarada. Resolvi então te chamar para uma volta a pé na praça. Sim, a praça seria o melhor lugar que teria para conversarmos. Haviam bancos para nos sentarmos, mas também havia muita grama e muita sombra de árvore. A brisa era suave e nos tocava a pele com leveza. Haviam pipoqueiros espalhados, crianças correndo e um circo sendo armado.
E eu, tão viciado em coisas tão mais complexas, me sentia um peixe fora d'água com tanta normalidade e simplicidade, haviam anos que não fazíamos algo parecido. Enquanto conversávamos avistei um ser irreverente vestindo-se, colocando mais roupas em cima das suas roupas e pintando o rosto sem nenhuma lógica.
Enquanto se iniciava uma discussão por sua parte, eu apenas sacudia a cabeça concordando com tudo o que você dizia mesmo sem saber do que se tratava. Estava hipnotizado.
Era uma senhorita de sorriso solto, que esbanjava alegria, irradiava calor. Parecia que eu já havia visto aquela cena anteriormente.
Parecia estar se fantasiando. Peguei-me em certos momentos, respirando fundo, e lá no fundo escutava as suas reclamações. Era algo que eu não mais queria para mim. Brigas, reclamações.
Achei que te levando a um lugar onde você vivera a maior parte da sua adolescência, um lugar onde vivemos momentos inesquecíveis, te traria novamente a tona. Você voltaria a ser, ao menos por aqueles instantes, aquela mulher simples e que sorria a toa novamente.

Enganei-me. Mas ao invés da vida te trazer novamente para mim, ela me mostrou que como pessoas podem mudar, os sentimentos também mudam!
Olhei nos seus olhos e pude ver mágoas. De mim só saíram quatro palavras direcionadas a ti com um beijo na testa acompanhando-as. - "Por favor, me perdoa!" - Levantei-me e te deixei a sós no pé daquela árvore.

Andei em direção aquela senhorita sem noção alguma de moda e apenas sorria.
Percebi que ela também me olhou e soltou um sorriso singelo de canto de boca além de enviar-me um olhar disfarçado meio tímido.
Acompanhei toda a apresentação daquela pequena palhacinha. Em alguns instantes eu até conseguia sorrir com as palhaçadas dela, mas voltava logo a encará-la. Já no fim da apresentação ela veio e me pegou pelo braço, eu teria que ser um dos seus assistentes em um número.
Ela explicou que no número eu teria que ficar parado com os braços abertos e os olhos fechados, então o fiz.
Logo pude reparar que todos estavam rindo demais, mas não acontecia nada comigo, ninguém encostava em mim. Ela não me dizia o que fazer, mas fiz questão de obedecê-la. Você lá ao longe me avistava fazendo papel de tolo e não esbanjava reação, ao menos até perceber que a palhacinha estava correndo na sua direção.
Em minha contagem mental já haviam se passado uns vinte minutos, mas é claro que ninguém em sã consciência ficaria vinte minutos parado de braços abertos, e mais óbvio ainda seria que as pessoas ao redor não ficariam tanto tempo rindo sem parar.
Demorara uma eternidade na minha ótica, mas logo senti uma mão contornando a minha cintura. Senti outra mão fechando os meus braços ao redor do ombro de alguém, como se estivesse abraçando esse alguém ainda desconhecido pra mim.
No meu ouvido pude escutar baixinho uma frase que me lembraria de um momento importantíssimo da minha vida. O momento onde eu descobri que amar a arte e amar você seriam coisas bem comuns e a estrada certa a seguir na minha vida.
"Tá rolando guéri-guéri ¹ na Bravos."
Num rádio portátil começou uma canção a qual conhecíamos bem. - Close your eyes and i'll kiss you, tomorrow i'll miss, remember i'll always be true... ² - Abri os olhos lentamente, e lá estava você, com os olhos cheios de lágrimas, abraçada comigo novamente.
Havia tempo em que não nos encostávamos daquela forma, e que não sentia tamanha emoção em nós.
Te abracei forte, chorei, respirei fundo e disse: - "Eu sabia que você voltaria, não ia te abandonar, eu precisava te mostrar quem você era. Eu preciso de você assim, aqui, comigo sempre! Não foge mais! Amo você."
Você respirava fundo, me abraçava forte, chorava de soluçar. Nossa amiga palhacinha estava sentada em meio a platéia admirando o momento e todos ao redor aplaudiam sem parar.
Segurei a tua mão, com a firmeza com que um pai segura sua filha, para te passar confiança e encostei os meus lábios novamente nos seus.
- "Precisava sentir o teu gosto novamente. Obrigado por voltar!"
Um beijo foi dado e para coroar, ao fundo, aquele pôr do sol que sempre nos acompanhou.
E no meu ouvido...silêncio!


****¹ - Guéri - guéri - Gíria usada por alguns amigos de Salvador que significa algo relacionado a paquera, conquista, a depender do seu modo de uso.

****² - All my loving - Música da banda The Beatles.

sábado, 26 de março de 2011

Um texto que não deveria ter sido...

- Olá.
- Oie. Quanto tempo!
- É. Tenho estado bem ocupada. Mas e ai? Como foi a viagem?
- Está sendo ótima. E o trabalho? Faculdade? A família?
- Estão todos bem. A faculdade está ótima, estou adorando!
- Que bom.
- =)
- Então. Encontrei uns textos seus, você quer que eu os envie?
- Claro. Nossa. Você não sabe como estou feliz com isso. Os perdi e pensei que não iria os encontrar novamente.
- Pois é. Estavam em um dos meus pen drive. Os encontrei por acaso. Vou enviar para o e-mail.
- Ok. Estou ansiosa. Vou almoçar e volto.

...

- Voltei.
- Voltei também.
- Então, recebeu?
- Sim, mas só vou baixá-los em casa, estou no trabalho.
- Hmmm.
- Mas irei lê-los agora.
- Ok.
- Se quiser ler, pode ler também!
- Certo. Irei ler então!
(Apesar de a consciência apontar para o caminho da não leitura. O fiz.)

...

- Nossa! Textos bons!
- Estou muito feliz. Obrigada.
- Que isso! Não agradece. Não iria esconder eles de você.
- =)

...

- Esse é incrível. Ri com ele.
- Você sabe para quem foi não é?
- Sim. Lembro-me! Por isso ri.
- Hunf!
- O que houve?
- Nada. Um "hunf" normal. Você sabe que eu não gosto dela.
- Sim. Eu sei. Por isso que eu ri.

...

- Lembrei-me de você ontem.
- Foi?
- Sim. Estava tocando aquela música.
- Ah sim!

...

- Olha. Tenho que ir agora. Nos falamos depois.
- Ok. Também estou de saída.
- Um beijo.
- Beijo.

...

Enquanto isso, atrás da tela do computador, escorria na face um líquido salgado que remete a saudade, a lembrança, a vontade, muitas vezes a dor, mas não era esse último o caso. Era apenas saudade.
Na distância entre sóis. Era nó na garganta, novamente no singular, e sem previsão de ser pluralizado novamente.

Enquanto isso, descansa no peito aquele velho palpitar forte que não era sentido há tempos. Acalma-te, pois o tempo sempre foi o teu aliado, não será diferente dessa vez.

Enquanto isso...
Emudece-te. Cala-te. Espera-te. Espero-te!

sexta-feira, 25 de março de 2011

À dama da madrugada.

Foto: Google Imagens


Estava ansioso novamente, o sol ia se pondo ao fundo e as esperanças de te reencontrar apenas cresciam.
Eu sabia que no anoitecer você surgiria e traria aos meus ouvidos aqueles doces gemidos.
Podia sentir na pele a vibração e a ansiedade pelo toque. Os arrepios eram constantes.
Nossos lábios não queriam outra sensação a não ser a do suave encontrar entre eles.
Sim. Era uma atração mútua o que existia entre nós.
A hora passava e a ansiedade apenas crescia, sentia falta de você, e todas as noites antes de dormir rolava na cama esperando você chegar.
Essa noite seria diferente, já sabia que você chegaria. Então apressei-me em preparar nosso esconderijo predileto. Arrumei os lençóis, espalhei travesseiros sobre a cama.
Apaguei as luzes e me deitei. Apenas aguardei com a luz do luar atravessando as frechas deixadas pela janela e com as gotas de chuva que aumentavam intensamente.
Ao fechar os olhos pude vê-la chegando. Linda! Veio de camiseta e roupas íntimas. Não precisava de mais nada.
Era o suficiente para enxergar-te por inteiro.
Um suave toque surgiu e pude descobrir-te mais nessa noite. Estávamos tão carentes de nós mesmos que todo o nosso pudor foi retirado daquele ambiente e ficamos apenas nós, seres humanos, animais.
Te tomei em meus braços e nossos beijos antes suaves e delicados passaram a ser desejosos.
Algumas mordidas nos lábios podiam mostrar tudo o que esperávamos dessa noite.
No início ainda tinha um certo receio de algumas atitudes mais animalescas, mas com o seu entregar fui me deixando levar.
Podia sentir suas unhas cravejadas nas minhas vontades, nos meus desejos. Do seu olhar podia ver chamas saindo. Respirações ofegantes e aqueles gemidos indescritíveis me faziam querer-te cada vez mais.
Por horas fomos nós de nós apenas. Não queríamos mais ninguém por perto. Não sentíamos mais ninguém a atrapalhar nossos momentos.
Parece que nossos corpos eram regidos por uma sinfonia perfeita. Bailávamos aos nossos sons, seguíamos o ritmo do pulsar dos nossos peitos.
E como em uma apresentação de uma orquestra, após o clímax final, o corte no ar das batutas do maestro e o silêncio.
Fomos consumidos por uma grande pausa após o último suspiro, até que você se levantou e partiu novamente.
Levara consigo os meus mais pecaminosos desejos e a minha mais singela vontade de logo a encontrar novamente.
Então, dama da madrugada, anseio pelo seu retorno, anseio pelo nosso encontro, para enfim poder te dizer nos ouvidos o quão mágico é ter a ti por perto!
Boa noite.


quinta-feira, 24 de março de 2011

Último ato.

Ontem joguei tantas coisas fora. Lembra-te daquelas dores as quais te contei? Descobri de onde elas vinham. Estavam todas guardadas em uma caixinha que eu insistia em guardar embaixo da cama. Nessa caixa continham os meus maiores sonhos de infância. Daqueles completamente impossíveis do tipo - "Eu quero ser um super-herói!" - até uns mais cabíveis, - "Quando crescer vou casar com você!" - , mas com o tempo, com as mudanças que a vida nos proporciona, esses sonhos vão ficando para trás.
Não digo o sonho de casar, esse não vai mudar nunca, pelo menos não até eu encontrar um amor tão grande quanto o que eu senti por você. Sentia! Desculpa. Ainda tenho essa mania de dizer que te amo para mim mesmo, não se preocupa que ninguém mais sabe disso, só eu. Nem você deve mais sonhar com isso, pois sempre que visito os teus sonhos ele já está habitado por um outro alguém qualquer que não sou eu. Então acredito que agora é um amor sigiloso unilateral. Enfim, não importa mais não é?
Então, como eu dizia, joguei tantas coisas fora ontem. Me livrei de tudo o que me causava dor. É por isso que estou aqui agora, sentado na beira de uma estrada, olhando os carros passando, com um certo ar de desespero.
Mas não estou desesperado. Só tive que jogar as minhas roupas todas fora, queimei a casa, mas como sou uma pessoa honesta, liguei para o seguro antes para avisar que o incêndio era proposital e que eles não deveriam me pagar nada. Ah! Não se preocupa, chamei os bombeiros também.
Não suportava mais virar a esquina e avistar lá no fundo aquele gramado o qual nos amamos tantas vezes olhando às estrelas. Nossa! Era uma dor insuportável abrir aquela porta e sentir o teu cheiro cravejado nas paredes. Os móveis pareciam desfilar com as suas cores prediletas na minha frente. Não aguentava mais. E a secretaria eletrônica? Você acredita que liguei milhares de vezes para ela só para escutar a tua voz risonha falando que enfim estávamos na nossa casa, morando juntos e que quem quisesse falar era pra retornar daqui a mil anos pois tínhamos muito a namorar ainda? Pois é. Varejei ela pela janela e quando me dei conta ela estava lá no meio do gramado.
No nosso quarto eu não consegui jogar nem uma gota, por menor que fosse, do combustível que usei para queimar o resto da casa. Apenas fechei a porta e sai. Acho que tinha esperanças de poder voltar à ele com você nos braços novamente. Isso é, se ele sobreviver ao incêndio.
Bom, se ele sobreviver, tenho certeza que o nosso amor estará a salvo, dai então, essa carta não terá mais valor nenhum amanhã, pois não terei que entregá-la a ti antes de atirar-me do alto da ponte.
É isso, irei sentar aqui e esperar o fim do incêndio, então retornarei à nossa casa, se o nosso quarto estiver intacto, eu volto a te procurar para te dizer que eu preciso de você, pois terei certeza de que o nosso amor ainda estará vivo!
Ah! Só uma coisa eu não consegui deixar para trás. A nossa aliança. Aquela que você me devolveu na noite em que foi embora. A coloquei em um colar junto com a minha, aquele mesmo cordão de prata que me deu quando começamos a namorar, lembra?
Pois bem, eles estarão junto com essa carta embaixo da porta da casa dos seus pais. Afinal, não sei para onde você foi, então deixarei lá, pois foi lá que tudo começou não é mesmo? Nada mais justo do que terminar por lá!
Então, acho que é só. Gostaria apenas de dizer mais uma coisa.
Não deixa com que morram as nossas lembranças em ti, pois são elas quem estão me fazendo tomar essa atitude agora!
Eu te amarei incondicionalmente até no além. Lembra?
Fica bem!
Um beijo no cantinho da boca!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Alegria

Alegria!
Um sorriso
Um olhar
Alegram o dia.

Tua foto
Teu andar
Minha mania
Que alegria!

E lágrima que existia?
O nó na garganta?
Partiram numa noite fria.
E agora alegria tanta!

Te olho congelada
nas letras do computador
e no oceano dor?
Que isso! A alegria nada!

Toda envolvente
segue a corrente
mergulhos de dia
danada alegria!

Te sorrio distante
enquanto teu olhar recebi
a foto na estante
minha mania,
muita alegria!

Jamais...

Foi do nada que você surgiu. Tudo bem que eu forcei um pouco para que você chegasse, mas convenhamos, foi do nada que você apareceu. Chegou e mexeu demais comigo. Seu jeito, seu olhar, seu riso, tudo em você me fez sorrir, me faz sorrir!
Descobri, da pior forma possível, que posso até tentar ser teu amigo, apenas para te satisfazer, mas não estarei totalmente satisfeito. Não dá pra ser só um amigo.
Então fico imaginando se terei que te dar "Adeus", se será cedo ou tarde, pois escutar "jamais" de ti acaba machucando.
Me ponho a pensar, certas vezes, no quanto a distância pode interferir, se ela é ruim ou não. Me pergunto se um dia virá até mim. Então, porque não vem? Fico quieto no meu cantinho, ali, no escuro do meu quarto, não fico mal, mas também não fico bem, apenas fico lá, sentado! Tentando, querendo te chamar, mas não consigo. Não dá pra imaginar não é? Não tem porque imaginar.
Não existe tempo para isso. Para tal gostar. Não existe espaço de tempo suficiente para isso.
Mas infelizmente, ou felizmente, aconteceu!
Então, sendo cedo ou tarde, apenas sento e espero. Nem que seja pra dizer "Adeus" ou para dizer...
Jamais vou te deixar!

(Retirado da canção Pra dizer adeus - Titãs)
**Era isso que eu estava tentando te dizer. *.*

terça-feira, 22 de março de 2011

No escuro.

Eu poderia te guardar eternamente em uma fotografia para te carregar comigo na carteira onde eu fosse.
Mas seria uma tortura aos meus sentidos outros, te ver e não poder te sentir!
Então fiquei pensando durante horas, pra ser sincero, durante todas as horas que faltaram luz da madrugada de ontem até essa manhã, em como resolver o problema da falta de você.
Me dei conta, com a falta da luz, que viver sem ter a ti por perto é muito parecido.
É viver sem ter muito o que fazer, é voltar ao tempo das cavernas, onde a maior distração era jogar pedrinha no mar e contar quantos quiques ela daria.
É não ter no que pensar e mesmo assim conseguir pensar em tudo.
No breu ficamos ansiosos que a luz apareça logo, para podermos enxergar mais nitidamente outra vez.
Mas graças à escuridão, nossos diversos outros sentidos se aguçam. A audição se amplia e conseguimos distinguir sons diversos, escutar longe.
O tato parece mais sensível e conseguimos identificar superfícies com mais facilidade.
E o nosso odor parece canino, de longe sentimos o perfume das flores trazido pelo vento.
É, na escuridão também conseguimos sentir tudo mais forte. Respiramos fundo e fechamos os olhos, na mente aparece aquele ser que queríamos ao nosso lado.
Um ente querido que se foi ou distante pelo tempo, uma paixão, um amigo, um irmão. Enfim, qualquer pessoa que naquele momento te faria desperceber que não havia luz.
Nossos escuros momentos nos trazem a tona sentimentos que na claridade, por interferência de itens que vem com a luminosidade, se escondem, se camuflam!
São nesses momentos que, com o aflorar dos sentidos, você ressurge para mim.
No fechar dos olhos te vejo correr na minha direção de braços abertos desejando o reencontro, sinto o teu perfume ao longe sendo arrastado pelo vento e devastando tudo, inclusive o meu peito. Encontro a tua roupa no meu armário, e, sabendo que é a tua, derrubo-me em joelhos e ponho-me a chorar abraçado-o com ela.
E no respirar ofegante e fundo sinto que lá longe você poderá estar fazendo o mesmo.
Então sento-me no canto escuro do quarto e rezo, peço em orações que essa distância, que esse tempo passe logo, e que te traga novamente para mim.
Pois, no escuro, sinto muito mais forte toda a devoção e amor que tenho a ti.
Amo-te incondicionalmente, como àquela ultima mensagem deixada por ti.
Guardo-te em minha memória e nas minhas palavras. Um dia as colocarei em seus devidos lugares!

sábado, 19 de março de 2011

O encontro.


Era uma lágrima de saudade
que corria na sua face
era medo ou ilusão
de quem havia perdido a mão
dada pelo pai
e tentava o encontrar
desesperadamente
chorava sem parar
olhava ao redor
nem sinal do protetor
era uma lágrima de medo
com pitadas de pavor.

E no outro corredor
era um pranto de desespero
de quem procurava uma pequena mão
do seu pequenino amor
era lágrima de culpa
por ter deixado partir
aquela pequena criatura
que nascera de ti
era tamanha insegurança
que não sabia o que falar
mas que continuava com esperança
de logo te encontrar.


Na hora do reencontro
um anjo ajudou
colocou pai e filho
no mesmo corredor
foi toda uma correria
tanta alegria
enfim um forte abraço
cheio de choro de amor.




***Imagens encontradas no Google Imagens
***31ª Edição de Poemas do Projeto Bloínquês

Mãe e Pai, Amo vocês!

Ei Mãe e Pai,

Hello! 
Estou em Washington D.C. agora. Tudo aqui é muito menos mágico do que o que aparece na tevê. E também muito tranqüilo. Deve ser porque aquele carinha que acha que manda no mundo não está.
Essa semana inteira não escutei nada sobre ataques terroristas. Conversei com algumas pessoas como era engraçado isso, só existem ameaças quando o "todo poderoso" está aqui.
Não se fala mais de Osama aqui, porém a piada do momento é que o Fernandinho Beira-Mar vai atacar a carreata do Obama ai no Rio.
Por favor, se escondam quando ele chegar por ai. Aqui nos Estados Unidos eles jogam avião no prédio para tentar chamar a atenção, fico imaginando o que eles podem fazer no Brasil.
Aliás, não tinha lugarzinho melhor para eles levarem o Obama não? Tinha que ser logo na Candelária? Não foi lá que teve aquela chacina que mataram não sei quantos meninos de rua?

Não sei não, mas acho que ele tinha que usar o carrinho do papa, todo blindado, não acredito na segurança dele ai não!
Vocês escutaram algo sobre o BOPE estar fazendo a limpa já na cidade?

Porque eles tentaram limpar para a visita do papa, não foi?
Eu lembro logo daquele filme "Tropa de Elite". Deviam chamar o Wagner Moura para dar treinamento no exército norte-americano.
É impressionante como o mundo pára por causa dele. Só falar que ele está chegando e pronto, todo mundo começa a estender tapete vermelho.
Pelo amor de Deus, ninguém merece. Que título é esse que ele tem? Presidente do mundo? Primeiro negro na presidência dos Estados Unidos?
Isso só prova o quanto eles são preconceituosos.
É mãe, bem que você me avisou, cheguei aqui, formado, fazendo pós-graduação em engenharia da aeronáutica, e mesmo assim sou convidado para ser faxineiro de uma lanchonete de quinta categoria.
E sim, é influência da nossa raça, acho que esses branquelos daqui tem raiva.
Somos os melhores músicos, jogadores de futebol, jogadores de basquete, jogador de tênis, agora piloto de fórmula um, e até no cinema exclusivo de Hollywood, onde somos poucos, somos muito reconhecidos.
É impressionante como ele, por ser o primeiro presidente norte americano consiga ser considerado o presidente do mundo. Ninguém lembra dos grandes líderes negros que existiram.
Ninguém olha para a África e enxerga os negros que sofrem e morrem diariamente por lá.
Até ele, o tal presidente do mundo, não faz nada para tentar melhorar!
Então, me explica, pra que um presidente negro se ele age como um branco mesquinho?
Olha, chega! Vamos deixar esse assunto de lado. Cuidado ai no Rio, se preferir, vai para a casa da vovó lá em Angra, sai dessa loucura antes daquele paspalho chegar!

Amo vocês.

Ah! Pai, por favor, dá um chute naquele traseiro dele por mim! Tentei fazer isso, mas ele não está aqui, então faz isso por mim tá?!


***35ª Edição de Cartas do Projeto Bloínquês

Paixão avassaladora.

Há cerca de duas semanas nós havíamos conversado pela primeira vez. Contarei em detalhes cada passo, mas por favor, sejam pacientes comigo, pois estou super ansioso.
Eu, não sei porque, cismava em querer chamar atenção das pessoas através de textos meio inúteis que eu gostava de escrever, como esse agora por exemplo.
Sempre gostei de escrever, muito mesmo, e há dois anos resolvi mostrar os meus textos para quem quisesse lê-los.
Inscrevi-me em um site, desses que chamam de blog, e comecei a criar novas histórias, contos e, em certos momentos, até criar um confessionário camuflado dos meus sentimentos.
Descobri o quão fantástico são esses sites para conhecermos novas pessoas. Foi assim que acabei conhecendo a Malu.
Conversamos durante uns três dias no máximo, e uma certa paixão avassaladora resolveu tomar conta de mim. Não me pergunte como é possível se apaixonar assim, mas aconteceu comigo. O pior é se apaixonar por alguém que você nem sabe se existe de verdade e que não será tão fácil de descobrir por essa pessoa morar tão longe.
A Malu, por exemplo, mora no Ceará. Tá! Não é tão distante, mas não é ali do outro lado da rua!
Não fico triste com isso, muito pelo contrário, está sendo recíproco o sentimento, então tenho que estar feliz.
Retomando o pensamento, nós conversamos por três dias, sendo que os dois últimos nos falamos por telefone e vocês não podem imaginar o desenrolar das conversas.
Eram madrugadas inteiras ouvindo aquela doce voz ao outro lado da linha, voz que em certos momentos da noite me despertava um desejo ferrenho que não nos contínhamos e trocávamos carícias imaginárias e confesso, cheguei ao ápice nas duas noites.
Então, te pergunto, como não apaixonar-se? Alguém tão longe, que te trata tão bem e ainda por cima participa dos seus momentos de devaneios?
Mas não é só disso que eu e a Malu conversamos não. Nós contamos tudo, ou pelo menos quase tudo um para o outro. O carinho é fantástico, o cuidado é enorme. Impressionante.
Ontem eu sai com uns amigos, fomos a um show de rock, um dos meus maiores vícios. No meio do show, pedi autorização para que pudesse tocar uma música, não iria tocar para ninguém, nem tinha em vista ser algum momento especial, apenas queria tocar por prazer.
No momento em que sentei-me num banquinho, coloquei aquela guitarra no colo e fechei os olhos, esperei a música me levar, os dedos iniciaram todo o trabalho sozinhos. Eram toques íntimos na guitarra, a lembrança foi inevitável, a música que surgiu era uma dedicada aquela voz doce a qual eu estava acostumado a escutar todas as noites.
No fim da música, os aplausos, todos gostaram, o meu ápice estava novamente à tona.
Então agradeci e dei-me conta de que não poderia mais esperar, não aguentaria.
Poucas horas após o show, estava eu, em meio às nuvens a caminho do Ceará. A Malu ainda não sabia, mas eu sei qual seria a reação dela se soubesse, ela diria: -"Não acredito até te ver pintado de ouro aqui na minha frente." - Pois sim, comprei uma tinta meia dourada, daquelas que pintam estátuas vivas e irei aparecer vestido de ouro na frente dela, talvez assim ela acredite.
Cheguei por volta das 14 horas no aeroporto de Fortaleza, liguei para ela e pedi o endereço usando como desculpa o envio de um presente.
Corri a um ponto de táxi e solicitei ao motorista que me levasse o mais rápido possível à casa dela, mas que antes eu precisava dar uma parada em qualquer lugar onde eu pudesse me maquiar por inteiro.
Por volta das 15 horas daquele dia, eu toquei a campainha da casa da Malu, fui atendido pela sua mãe, uma mulher fantástica. 
Dona Fernanda era linda, não aparentava ter a idade que tinha, no auge dos seus 52 anos, ela estava mais em forma do que muitas meninas de 23 anos. Ao me ver, se assustou, e perguntou quem eu era. Após falar o meu nome ela arregalou os olhos e disse não acreditar que eu estava fazendo aquilo mesmo. Me convidou para entrar dizendo que a Malu não iria demorar.
Então entrei e fui direto ao quarto da Malu, igualzinho ao que estava na minha mente, lembrança das conversas calientes no telefone.
Pedi a Dona Fernanda que não dissesse que eu estaria lá esperando para fazer uma surpresa e ela concordou.
Exatos 15 minutos após a minha chegada eis que surge à porta aquela a qual eu havia passado a pensar diariamente.
A Malu era mais linda ainda pessoalmente, ficou paralisada tanto quanto eu nos primeiros dez segundos, me lembro como se fosse hoje, os olhos fixos em mim e os meus nela, as bocas trêmulas sem conseguir dizer nenhuma palavra, as pernas bambeavam. Não sabíamos se íamos um até o outro ou se era apenas uma ilusão.
Até que juntos, como nas outras vezes que nos falamos, sempre com intenção um de perturbar o outro no início de qualquer papo, rimos e muito.
Ao mesmo tempo perguntamo-nos depois de escutar a porta se fechar: -"Estamos sós?" - Voltamos a sorrir, dessa vez sem gargalhadas, até que ela correu em minha direção e me abraçou.
Nos beijamos. Vivenciamos tudo o que falávamos por telefone, os mínimos detalhes. Tudo exatamente como deveria ser.
Amanhecemos juntos o dia, dessa vez sem nos largarmos, um ao lado do outro. Levantei, preparei um café da manhã para a minha senhorita, fiz uma massagem e preparei seu banho, que acabou tornando-se nosso banho.
Naquela segunda-feira ela faltou ao trabalho, nos aproveitávamos um do outro sem pudor algum. Sentíamos o olhar pegar fogo de tão intenso que eram os nossos momentos.
No fim do dia lembrei-me de algo que não havíamos pensado.
Só ali me dei conta.
Olhei para a janela, preocupado que alguém estivesse nos vendo.
Bom, se viram, com certeza sentiram inveja da nossa paixão.
Retornei para a minha casa dois dias depois com uma única certeza.
- Volta logo pra mim. - Disse ela para mim no aeroporto.
- Estou voltando em breve, confia em mim.- Um beijo e um até breve selaram a nossa despedida. Agora cá estou eu, olhando pela janela do avião, com todas as minhas malas, de mudança para o Ceará.
Desejo que todos possam viver algo parecido.


***59ª Edição Conto/História do Projeto Bloínquês .

Cara de pau.

Lua que alumia e vela o meu sono,
Que me traz a tua calmaria,
Vai e manda um recado para aquela que me aguarda,
Diz que essa noite eu não tenho dono.

E por favor, sol que amanhece aquela noite perfeita,
Corre e se apressa em contar,
Vai dizer à minha amada,
Que não precisa me esperar,

Deixa que o próximo dia chegue sem nada,
Sem pressa, sem pressão,
Ai então, sol e lua, podem abrir a janela dela,
Estarei correndo na escada,

Pronto para ajoelhar-me e pedir perdão,
Com as flores que ela gosta,
Um presente e um cartão,
Com um sorriso então, 
Me atirarei nos braços da minha amada.

Foto: Google Imagens.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ultimato!

Gata,


Chega!
Chega de falar de amor de forma meiga!
Cansei de incluir princesas e fadas nos meus contos. Pra falar a verdade, chega de contos.

Um basta a forma sentimental e ilusória de falar dos sentimentos mais puros.
Hoje é dia de falar de amor de maneira direta.
Me expliquem porque não deixar o sentimento transparecer e ficar fingindo não sentirmos mais nada um pelo outro?
De onde vem tamanha capacidade de atuar que nada está acontecendo?
Se é amor, ainda não sei, um dia descubro, mas para tal descoberta precisamos deixar claro o que queremos um com o outro.
Então tomemos a atitude, ambos, de nos olharmos nos olhos e criarmos coragem de contar-nos o que sentimos.
Deixemos as nossas vontades guiarem os nossos lábios até se tocarem, até que exploda aquela sensação fascinante e indescritível de bocas se desejando.
Que nossas mãos se entrelacem de maneira feroz e mostrem para o que vieram. Que elas não se soltem por muito tempo.
Espero sinceramente que me abra o peito e diga-me que posso recolher-me naquele cantinho reservado para uma paixão avassaladora.
Chega então de nos escondermos um do outro.
Vamos pular essa parte de fingir que nada está acontecendo e vamos logo para os finalmentes.
Não que a fase da conquista seja ruim, não é, admito que adoro essa parte.
Mas se torna cansativa depois de tanto tempo!
Então, o que acha?
Vai me acompanhar?
Terás um dia para pensar!
Amanhã, aonde você estiver, irei te achar.
Vou te olhar nos olhos, estender a minha mão e, se segurá-la, irei entender que anseia tanto quanto eu pelo beijo, e te beijarei.
Pensa!

Um beijo de boa noite. Estarei aguardando a sua resposta!


Foto: Google Imagens

(Dedicado a ti. Você sabe quem!) ;)

Dia de cão.

Foto: Carla Palmeira
Queria poder ter um dia de cão.
Não desses dias que nós, animais teoricamente racionais, chamamos de dia de cão.
Mas o dia de um cão de verdade.
Num calor desses, não há nada melhor do que sombra e agua fresca!
E ser paparicado a cada instante que chega alguma visita? Ou não né? Existem aquelas visitas que dá vontade de sair correndo atrás para expulsar de casa. Ia ser no mínimo divertido.
Fala sério, olhando o lado esportivo da coisa.
Sou viciado em futebol. Cães não podem ver bolas sendo atiradas para eles que eles querem correr atrás.
Tudo haver, certo?!
E depois de correr e correr mais, hora do descanso. Sempre haverá aquela agua fresquinha na tigela e a sombrinha nossa de todos os dias.
Ainda podemos variar onde deitar, chão gelado é uma opção bastante aceitável.
Ê vida de cão.
Quando quiser receber carinho é só ir até a pessoa escolhida e começar a colocar a cabeça embaixo da mão do alvo. Se a pessoa insistir em te empurrar, você olha no olho dela e faz aquele barulhinho que conquista a todos.
A tradução daquele "cain" é quase igual a um "por favor vai!" , e não há quem resista a ele!
E na hora da comida? Basta parar do lado e abanar o rabo! Fazer cara de "pidão". Que sempre irá cair algo sem querer no chão!
Pois é. E ainda por cima não existe stress. Imagina se eu iria me estressar porque uma gata cruzou o meu caminho! Claro que não! Eu iria até gostar de ver.
Sem contar que eu não iria me preocupar com ladrões nas ruas, nos ônibus ou no planalto.
Não iria me preocupar se iremos ter ótimo atendimento na saúde, sem filas ou se a educação dos meus filhos seria de graça ou a mais cara dos últimos anos.
Não iria querer saber de inflação.
Pra que melhor?
O mundão bom retado esse que os cães vivem.
Eu quero, se não uma vida, ao menos um dia de cão.
Porque trabalhar nesse calor que está, não estou aguentando mais não!
;)


p.s.: Ainda poderia rolar a campanha, adote um cãozinho, quem sabe uma dona maravilhosa não me adotasse com uma carinha de sapeca que eu fizesse! ;)

quarta-feira, 16 de março de 2011

"Sejam felizes!"

Estávamos correndo. Do que eu não sei e muito menos para onde. Mas estávamos lá correndo.
Começamos num gramado verde, imenso, parecia não ter fim. Num piscar de olhos já estávamos em uma praia.
Sabia que era algo bom de se fazer ao olhar nos seu rosto e ver um sorriso de criança acompanhado daquelas gargalhadas bem altas.
Enquanto eu tentava alcançar você, observava ao redor, e não havia ninguém. Éramos apenas nós dois nos divertindo.
Certos momentos você corria de costas olhando para mim e esticando as mãos, como se quisesse me levar a algum lugar.
Nessas horas é que eu vejo o quanto a idade pesa!
Parávamos por instantes e você ficava a sussurrar no meu ouvido: - "Tá ficando velhinho! Não aguenta mais nada!" - Aquilo soava como motivação para correr mais do que você.
Voltávamos a correr e eu te perguntava: - "Aonde você quer chegar? Tá querendo me matar é?" - Você apenas sorria e falava para eu não parar.
Num segundo você parou, sentou e ficou olhando para frente.
Parei ao seu lado, mas como estava tão ofegante, ainda não conseguia enxergar o que você estava observando.
Após respirar fundo, sentei do seu lado, você agarrou o meu braço, deitou a sua cabeça sobre o meu ombro, respirou fundo e sussurrou no meu ouvido: - "Eu precisava te mostrar isso." - Ainda sem entender direito olhei para onde estava mirado o seu olhar.
Fiquei hipnotizado.
Estávamos em uma pedra, sentados num lugar muito alto.
Em um movimento rápido você se levantou e gritou sorrindo: - "Eco!" - Foi quando o horizonte te respondeu.
Me levantei e fiz o mesmo. Ficamos alguns minutos gritando besteiras. Até que num momento eu fechei os olhos e sussurrei para mim mesmo: - "Obrigado por me trazer aqui, adoro você, queria ter coragem de te beijar!" - Foi quando abri os olhos e te vi olhando para eles, com os braços jogados sobre os meus ombros.
Foram alguns segundos de olhares até que, enfim, um beijo.
No horizonte pude escutar gargalhadas e por fim uma frase.
"Sejam felizes!"
Quando abri os olhos estava agarrado ao meu travesseiro totalmente babado!
Ah! Sonho miserável!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Meu recomeço.

Parecia praticamente impossível abandonar a vida que eu levava. Um moleque que, mesmo com vinte e poucos anos, não tinha interesse em mais nada além de baladas, drogas, sexo. Escutei tanto dos meus pais e dos meus amigos que eu deveria largar aquela vida. Sentava-me, certas vezes, entre os meus "companheiros de balada" e na minha hora de "dar um tapinha" pensava se eu deveria aceitar. Era mais forte do que eu, sempre aceitava. Os olhos ficavam esbugalhados, vermelhos. Chegava em casa sempre aprontando e dando cada dia mais desgosto aos meus pais. Não esqueço o dia em que o meu velho foi lá na 7ª DP me livrar de uma roubada em que me meteram. Sempre fui muito consciente, usava as minhas coisas, mas nunca roubei para isso, mas daquela vez eu havia entrado pelo cano. Entrei em um carro de um daqueles caras que andavam comigo, minutos depois descobri da pior maneira que o carro não era dele, e que ele havia matado uma pessoa por isso. Meu pai me olhou nos olhos na prisão e disse: - "Se você não mudar as suas atitudes agora, você nunca será um homem de verdade, e nunca irá conquistar o meu respeito. Só estou te ajudando pois acredito que ai dentro dessa cabeça de merda que criou ainda exista um pouquinho do meu filho, da criança a qual eu sempre me orgulhei na vida. Você vai sair daqui e vai sair da vida da gente, não vai pisar em casa mais, e só vai voltar no dia em que tomar jeito. Me dói dizer e fazer isso, mas é a última alternativa." - Nossa. Aquelas palavras foram essenciais para eu tentar voltar a viver. Foi quando vim morar na casa de um amigo de infância, o Julinho, me abrigou em sua casa do outro lado do país. Acabei encontrando a pequena Maria, irmã mais nova do meu melhor amigo, que antigamente era uma menina, mas hoje se tornou uma mulher maravilhosa. Foi ela quem me salvou, namoramos por exatos trinta e dois dias até ela me contar que estava grávida. Comecei a trabalhar incansavelmente, saia de casa para estudar às 6 horas da manhã e só retornava após o trabalho às 11 horas da noite. A Maria enquanto isso apenas se cuidava, a gravidez era de risco. Após os nove meses da gestação eu já havia conseguido sair da casa do Julinho e levei a minha família comigo. Um apartamento pequenino que apelidamos carinhosamente de "apertamento". Mas era o nosso canto. Hoje, o Mauricio Neto está com 3 meses, me transformou. Ele é lindo não é? Olhem a foto. Essa é a foto do dia em que estávamos arrumando as malas. Estávamos indo visitar os meus pais, seria a primeira visita ao vovô e a vovó. Enfim eu poderia mostrar ao meu maior herói que consegui, me transformei em um homem como ele queria. Tudo bem que não fui um terço do homem que o meu pai foi, mas farei de tudo para que o Mauricio seja tão homem quanto o avô dele é. Só agora pude entender o quão fascinante é ser o herói de alguém.
Meu pai, meu herói. Minha esposa, minha anja da guarda. Meu filho, a minha chance de recomeçar, a minha chance de provar para mim mesmo e para todos que duvidaram que posso sim ser o herói de alguém também.



****60ª Edição Visual do projeto Bloínquês.

domingo, 13 de março de 2011

Dia de luto! (A morte do cara ideal)

Era uma vez...

Um rapaz que estava cansado de ser tachado como o cara ideal para casar.
De personalidade forte. Era o tal amante à moda antiga.
Gostava de uma boa conversa. Se sentia confortável em "papear" em meio às festas a qual ia com os amigos, enquanto aquele montante de "vagabundos", como ele mesmo descrevia, só queriam sair flertando sem compromisso com várias senhoritas a noite toda.
Tudo bem, podemos considerar que nem todas eram senhoritas, e que nem todas as festas eram dignas de senhoritas de respeito, muitas das vezes mais pareciam prostíbulos do que qualquer outro estabelecimento.
Mas aquele rapaz freqüentava com os amigos e sempre identificava uma dama perdida no canto das festas.
Era tachado, entre os amigos, como o "careta". Não usava qualquer tipo de entorpecente.
Se vestia bem.
Quando conseguia o seu objetivo, um encontro fora desses campos de concentração de promiscuidade, ele chegava sempre com uma flor nas mãos, e se não chegasse, arranjava um jeito de oferecer uma bem bonita arrancada do pé em meio a um instante propício.
Se sentia na obrigação de sempre abrir as portas de qualquer recinto que fosse adentrar com a sua bela companhia.
Lhe puxava a cadeira e sempre, sem exceção de vez nenhuma, tentava a fazer o mais confortável possível em todas as situações.
Tinha um jeito moleque, brincalhão. Um ar misterioso. Certas vezes era até sarcástico, mas não perdia o respeito.
Prezava pela conquista da confiança.
Se deleitava ao olhar nos olhos de quem o acompanhava e, sem dizer uma palavra, conseguir um sorriso em retribuição.
E no término do encontro, se não a deixasse na porta de casa, fazia todo esforço possível para deixá-la onde fosse mais seguro até a chegada à sua residência.
Buscava sempre estar por perto, mesmo que longe, tentando conversar, aconselhar.
Muitas vezes era obrigado a escutar coisas que não queria ouvir, mas sempre contornava a situação de um jeito que não ferisse a pessoa a qual o encantava.
E sempre, isso é sempre mesmo, ele tentava mostrar que o importante era fazer parte da vida daquela pessoa, sem importar em como fazer parte.
Era um cara simples de ser cortejado. Apenas um sorriso, um olhar e pronto, derretia-se onde quer que estivesse.
Entregava-se nas palavras perdidas nos papéis soltos pelo mundo.
Todos sabiam que lá estava ele, novamente se encantando por alguém.
Por diversas vezes estimulavam o seu ego. Diziam que brincar com as palavras era a forma mais simples de conquistar alguém e que ele o fazia com tamanha destreza que era impossível não se sentir atraída.
Contavam que, por diversas vezes, ficavam sem jeito por ele ter resposta para tudo, e por essas respostas sempre as colocarem em uma posição difícil e sem revides.
Ele gostava de poesias, de declamá-las nas praças, nas ruas.
Um legítimo pé-de-valsa. Dançava todos os ritmos com imensa capacidade.
Mas de tão modesto sempre se mostrava pronto para aprendê-los.
Havia estudado música e adorava tocar e cantar para as pretendentes. E sempre que o fazia, era olhando no olho, e quando recebia um sorriso, desviava o olhar e sorria de canto de boca.
Verdade. Diziam que era o cara certo.
Mas de tanto ser o cara certo para outras e não para aquelas as quais ele queria, hoje, o cara certo cansou desse título.
O transformaram em um daqueles "vagabundos" acima.
Ele ainda luta contra isso. Acredita fielmente no amor. Mas o cerco está se fechando.
A verdade é que amar sem ser amado em retribuição, não vale mais a pena para ele!
Esse era o cara ideal para casar, hoje, é o cara ideal para se sonhar!

Descansa em paz!
Foto: Google Imagens

sábado, 12 de março de 2011

S.O.S (From me, to you).

Olá senhorita,

Não pude deixar de perceber a distância que nos impôs nos últimos dias.
Venho sentindo constantes apertos no peito, e não sei o que fazer para te aproximar novamente.
Sento horas em frente a sua foto. Recordo-me daquelas poucas horas que ficamos juntos.
Desfilamos por momentos intensos diante das vistas curiosas de terceiros.
Eu sorria feito um bobo ao te ver caminhar de mãos entrelaçadas as minhas.
E quando dançávamos me sentia preso à sua nuvem longe de todos os problemas que poderiam surgir.
Recordo-me de você me dizendo que estava tentando não se arrepender de nada.
E tento não me arrepender do que estou perto de fazer.
Tenha certeza de que se eu soubesse onde é a tua porta, te entregaria essa carta em mãos, ou pelo menos a colocaria por baixo da porta caso não estivesse.
Mas iria até onde você deve estar trancada.
Pode ser que esteja num exílio de culpa por algo que você possa ter feito e por fim se machucado.
E eu fico distante, assistindo a tudo, sem saber como negociar paz com essas forças armadas que te exilaram de mim.
Te vejo passar distante e você não esboça reação.
Eu sei que me enxerga, sempre que eu apareço na sua frente, mas você finge não estar me vendo.
Então senhorita, através desta carta, eu venho tentar reanimá-la, ou destruí-la de vez.
Não sei se vai ser bom ler isso, mas escrevo mesmo assim.
Venho reivindicar os meus direitos aos seus sorrisos, se é que eu tenha algum ainda.
Lembra? Era como uma droga para mim. Me viciou!
E agora você os arranca de mim como se não valessem nada?
Estou sofrendo de abstinência.
Minhas reservas de ti estão terminando.
É de propósito que está se retirando de mim?
Se for, devo te lembrar, ainda te devo algumas coisas e quero cumpri-las.
Não tenho mais ao que recorrer ou a quem.
Tentei noutros sorrisos me realimentar, mas não são como o seu.
Então, por favor, atenda esse último chamado, pois já tentei de tudo para te ter novamente por perto.
Acredita que até sinal de fumaça já enviei?
Bilhete em garrafinha no meio do mar!
Já interrompi sonhos alheios para tentar chegar a você.
Nenhuma dessas tentativas foi atendida.
Então agora utilizo-me do que os mais modernos dizem ser o método mais eficiente para se conquistar a atenção que tanto luta.
Internet.
Admito! Bem complicado encontrar as letrinhas nesse treco aqui, mas estou tentando, por desespero, por você, estou me rendendo a atual tecnologia.
Então, este é o meu último ato de desespero e se, por ventura, não conseguir obter resposta sua, correrei àquela cachoeira que conhecemos bem e me atirarei aos braços daquele vale que tanto nos encanta.
Aguardo a minha salvação nas tuas palavras de resposta!
Espero poder saciar o meu vício novamente com a sua presença.

Um beijo de quem ainda tem esperanças, mesmo que mínimas, de te ter de volta,

Eu.


**Participante da 34ª Edição de Cartas do Projeto Bloínquês.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Desejo desconhecido.

Se viram por duas ou três vezes no máximo.
Olharam-se intensamente e curiosamente houve pouquíssimo contato.
Sentaram-se então, juntos, em uma noite e se puseram a contar as suas vidas.
Seus medos ficavam expostos.
Pareciam se conhecer há décadas.
Os olhares se cruzavam o tempo inteiro.
Por instantes a timidez de ambos surgia, em outros momentos era a intimidade que não existia que teimava em querer aparecer.
Ela não se entregava fácil por tamanha insegurança.
Ele se entregara a todos instantes oferecendo-lhe carinho.
As vontades cruzavam o caminho do respeito e fazia com que eles não se entregassem.
As horas passavam, as conversas cresciam, os desejos seguiam o rumo de quem queria se descobrir no outro.
E foi num momento único, no meio da noite, que mesmo sem se encostarem, eles se entregaram.
A respiração era ofegante. Os corpos suavam com o calor do momento.
Se olhavam e se sentiam.
Se entregaram ao prazer.
Os corpos se retorciam em cima da cama.
O lençol que forrava o colchão se desprendia.
O ir e vir se tornara constante e incansável.
Insaciáveis.
Um ritmo alucinante provocava as mais diversas exposições do prazer.
Calavam-se.
No fechar dos olhos pareciam se enxergar mais energicamente.
No fim, calavam-se, ora por vergonha, ora por estarem saciados.
A timidez e o nervosismo se sobressaíam.
Como fora acontecer aquele momento de devaneio na vida de dois desconhecidos?
Também pudera, após momentos de conversas ambíguas e picantes algo aconteceria.
Desejaram-se mais do que o de costume.
As palavras passaram a ser soltas com mais desenvoltura.
Tudo graças a uma grande aventura.
Graças ao prazer de desvendar o desconhecido e se entregar ao desejo alheio sem pudor.
Por fim, jogaram-se um nos braços imaginários do outro e deleitaram-se com um sono profundo.
E agora ficam a espera de um singelo bom dia para recomeçar tudo novamente.
Então.

Bom dia!

quinta-feira, 10 de março de 2011

30 segundos.

Foram trinta segundos.
Pode pensar que é pouco não é?
Mas hoje tive a certeza que não.
De olhos fechados, a mente funcionando.
Queria acordar.
Queria respirar.
Mas não conseguia.
O corpo não obedecia.
Não escutava e não falava!
Não havia resposta de mim mesmo.
Era angustiante.
Era agonizante.
O medo.
Depois de alguns segundos.
Calmaria.
A mente não mente.
Apenas sente.
Senti a sua falta!
Sentia falta de nós.
Voltei a me entregar.
Com medo de não poder mais.
E num piscar de olhos veio o clarão.
Meus olhos se esbugalharam.
O peito se encheu do que faltava!
Ar.
Escutei eles dizendo: "Está tudo bem agora!"
E no peito cheio de ar ainda havia espaço.
Ainda há.
Aquela metade que se foi e não mais voltou!
Quero-a de volta!
Quero inspirar e sentir o peito novamente entupido de tanto você!
De tanto amor!
Quero respirar a vida. 
E se preciso for, parar de respirar sempre por trinta novos segundos para sentir-me completo outra vez ao acordar.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Continua respirando.

E continua respirando!
Foge.
Enquanto tentam te pegar.
Corre.
No lugar mais distante que puder.
Esconde.
O riso e o choro.
Finge.
Pois nada está acima de você.
Seja.
O que você é.
Viva.
Cada instante da vida intensamente.
Ame.

***Para ler como bem entender. Não precisa seguir uma ordem, basta continuar respirando no fim. ;)

Espontâneos, momentâneos. Sonhos reais.

Lembrei-me a pouco que ainda é verão!
Mas lá fora, atrás do vidro, está a chuva caindo.


Um friozinho satisfatório após dias intensos de verão!
No som uma música completamente diferente das dos últimos dias.

Algo tranquilo, que suaviza as emoções.
Aquela agitação passou.
Ficou.
O peito voltou a palpitar no ritmo correto.
Não existem mais motivos para pular.
Os dias de sonhos, de pés fora do chão, ficaram para trás.
Assim como ficará o calor também.

Isso te fará parar de sonhar?
A mim não.

Não serão todos os dias do verão tão quentes, mas no inverno não serão frios os dias também, não todos!
Darei banho gelado nos meus calores e quando precisar esquentar os meus frios, uma coberta, um chocolate quente com conhaque.
Sempre comigo. Sempre contigo!

Sempre conosco!
No frio intenso, no calor fumegante, nas primaveras sem flores, nos outonos coloridos!


Não importa onde, não importa mais ontem, não importa mais nada!
Para sorrir não precisamos de nada além de nós mesmos!
E no momento, na memória, as lágrimas que caem por trás do vidro remetem à chuva que cai internamente, intensamente.

Frios, invernos. Calor, verões.
Dias, internos, intensos.
Nossos! Sonhos reais.
Momentâneos. Espontâneos.
Nós. Sós.
Nem todos os verões serão quentes, mas nem todos frios serão no inverno também.

domingo, 6 de março de 2011

Noiva em fuga!

Olha,
Vou ser bem direta como sempre fui, sem rodeios.
Justamente hoje, resolvi admitir que iríamos fazer a maior besteira das nossas vidas.
Como me casaria? Eu?
Sempre uma garota que gostava de não ter ninguém.
Não!
Desculpa, mas não sei onde eu estava com a cabeça quando aceitei o seu pedido naquela noite.
Na verdade até imagino.
Fiquei com pena de te dizer isso na frente dos seus amigos todos.

E nossa, seria muita crueldade, a sua avó estava lá. E vai, ela é uma fofa!
Acho que nem você iria conseguir dizer não se fosse na situação contrária.

Me perdoa.
Depois que aceitei ainda tentei gostar da idéia, mas foi tudo acontecendo muito rápido.
Tentei prolongar o máximo que eu pude para ver se suportaria uma vida a dois, mas não dá.
Lembra quando te sugeri morarmos juntos e você veio morar na minha casa?
Nossa! Aquele dia foi o início da certeza de que não éramos um para o outro.
Na primeira manhã, se lembra? Você todo carinhoso ao meu lado me sorriu e disse: "Bom dia princesa!".
A minha resposta acho que já era uma forma de tentar te afastar de mim, de te mandar embora da minha casa, lembro-me como se fosse hoje, aliás, hoje não, pois você foi à sua despedida de solteiro e eu ao meu chá de cozinha e não dormimos juntos. Acredite! Foi a melhor noite de sono que eu tive depois de dois anos de convivência.
E nessa manhã eu não acordei olhando para o seu rosto e respondendo: "Idiota!".
É, eu sei que você acreditava que eu acordava de mal humor todos os dias, você insistia em contar para todos isso, mas não era mal humor, eu só tenho esse péssimo hábito quando acordo contigo do meu lado.
Não quero carregar esse fardo para o resto das nossas vidas.
Sempre fui alegre, livre.

Sempre gostei de sair com os amigos, de festas. Como viver sem o carnaval de Salvador? Não posso!
Me desculpa.

Não estou pedindo desculpas por hoje, mas por todo esse tempo que convivemos, sinto que nunca fui sincera.
Não quero prolongar muito essa conversa, estou partindo sem que você esqueça de mim, vai saber né? Quem sabe um dia a gente não fica junto denovo? Mas por enquanto, não!
Nossa! Estou péssima agora. Lembrei-me que é hoje o nosso casamento e que não vou estar ai presente nem ao menos para te entregar essa carta, não esquece, olha no envelope, terão algumas fotos nossas para que não esqueça dos nossos momentos, pois eu não quero lembrar deles agora, e tem também aquela aliança que era da sua avó, a de noivado, guarde-a pois um dia irei voltar para buscá-la.

Não se case! Nem fique noivo. Pois irei voltar um dia. Me espera. Certo?
Ah! Agradece ao Marquinhos por mim, esse formoso rapaz que foi te entregar a carta, foi a única pessoa disposta ontem no chá de cozinha à te entregar esse envelope.

Antes que me pergunte, sim, ele foi o único homem que participou ontem a noite, mas não se preocupe, não acordei ao lado dele, apenas tivemos momentos loucos no escuro da rua, mas dormi sozinha na nossa cama.
Por sinal, a chave do apartamento está ai também, aproveite que estarei fora essa semana e passe para pegar as suas coisas, já as deixei separadas no canto da sala.
Depois deixa a chave com o seu José.
Bom, estou indo que meu vôo é daqui a pouco, estou usando a passagem da nossa lua-de-mel, troquei o horário para um dia antes, já a sua eu cancelei para não correr o risco de vir atrás de mim.
É isso.
Fica bem.
Até um dia.
Um beijo.

Thereza.

p.s.: Desculpa por não te chamar de nada no início da carta, mas é que não me senti confortável nem em falar o seu nome, acho que seria muita crueldade da minha parte! Fica bem.


***33ª Edição de Cartas do Projeto BLQ

PAPOS E SUPAPOS

Mi Papos y Su papos!

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