segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Estando sem estar.

Venho estando aqui sem estar.
A vida tomou direções opostas, diversas, dispersas.
Fecho os olhos e não paro de viajar.
Estou lá, acolá, mas nada de cá ficar.
Queria na verdade estar presente.
No presente.
E antes que pensem, não estou no passado nem no futuro.
Estou perdido em algum ponto secreto dessa linha do horizonte.
Nas entrelinhas tortas da vida.
Sem eira nem beira.
Sem rumo nem prumo.
Sem nem os pés no chão.
Apenas deixando os ventos me levarem para onde as suas direções forem.
E enquanto sem rota eu permanecer, continuarei estando aqui sem estar.
Sem nem ao menos respirar.
Pensamentos voando por ai.
Dores físicas vivendo por aqui.
Escravo de mim mesmo, sem que eu mesmo saiba o que mandar eu fazer.
Confuso. Recluso.
Escondo. Sumo. Fujo.
E nessas fugas, descubro.
Continuo estando sem estar.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Sem fim não há título (6ª parte - talvez o final)

Os anos se passaram.
A distância só fez crescer.
A batalha do jovem guerreiro demorara demais. Os sonhos da Lila voltaram-se a outro soldado.
Lá de longe ele mantinha os olhares sobre a jovem. Mantinha em segredo o desejo de mandar um recado.
A saudade machucava mais do que as feridas das batalhas que passara.
E nem quando estava entre todas as trincheiras sob tiros de rifles o jovem guerreiro conseguia se esquecer do que havia prometido tempos atrás: "Eu volto em breve minha princesa, volto para você, volto para vocês, para que o nós esteja novamente completo."

E não esquecia das palavras da Lila, de quando se conheceram, de tudo o que viveram.

Não esquecia do brilhar dos olhos. Das balas roubadas. Das fugas ensolaradas. Da promessa que a Lila havia feito ao amigo Carlos na noite em que se conheceram.
O jovem soldado não se esqueceu de nenhum de todos os momentos em que estiveram juntos.

"Era notório o sentimento puro e sadio do jovem soldado pela senhorita domadora de fogo.
Era alma, era brilho, era chama.
Era uma nova era na vida dele. Era simples.
Era, simplesmente, amor. "

O tempo não destrói. O tempo não apaga. Pode modificar, pode camuflar, mas logo volta a brilhar.
Tempestades não duram para sempre.

"Ah Sol, fazes tanta falta quando parte. Recordo-me do seu sorriso, das suas palavras. Sentiria minha falta quando eu partisse. E hoje cá estou eu, solitário, aguardando o teu brilho novamente."

E aquele choro que não queria calar. Aquela vontade que não queria cessar, ficou muito mais branda quando, de repente, uma música ecoou no fim do corredor.
Era alguém que cantava que vinha para o escutar, que vinha para o acalmar.
E como na canção, vinha para cumprir uma promessa.
Vinha para provar que não precisaria se afastar para proteger o jovem soldado.
Que estaria ali para sorrir e para chorar também.

E de lá. Da maca, deitado naquele canto do quarto, o soldado completava a canção dizendo:
"No seu abraço eu sou forte, eu sei ser!"

O encontro ainda não havia acontecido. O encontro nem iria acontecer.
O jovem mandou cartas, mandou mensagens por pombos correios. Os seus superiores tentaram contactar a jovem Lila, que recusara todas as investidas. Aparentemente deixara de sofrer com a distância, distanciando-se do sentimento.

Eis que surge um comentário em um momento antigo que não sai do pensamento:
"Esta Lila tem sorte, de ter um alguém, de ter um Sol como este para se guiar e admirar embora que em tão pouco vocês irão se afastar fisicamente.

e desculpa, comentar passiva de tudo.

A Aurora nos aguarda."

Que nos aguarde então. Pois ele, o jovem, aguarda ansioso ainda esta Aurora chegar.
Mais um amanhecer a chegar e, como em todos os outros, ver o sol despertar para aquecer o dia, é a melhor sensação que o jovem soldado poderia ter.
É a sensação de que diariamente o sol nasce e continua a vida, mesmo que lá longe, mesmo que sem aquecer, ele brilha, e isso, apenas isso, é suficiente para o fazer sorrir novamente.

"Que continue brilhando, pois de cá, distante, irei te acompanhando! Amo você sol meu."





quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Mulheres...


"Um ser insuportável. Normalmente, em sua grande totalidade, são chatas, pegajosas, irritantes, enjoadas.
Reclamam de tudo e de todos, principalmente de todas, basta que qualquer outra apareça por perto de você que o sensor de ameaça delas se ativa automaticamente e, sem pestanejar, é em você que elas descontam todas as desconfianças e despejam todos os pontos negativos da ameaça.
São fofoqueiras por natureza, até as que dizem que não são. Sim! Vocês são.
Estão sempre na tal da "tê pê eme" e, mesmo que não estejam, tudo acontece porque o tal período está se aproximando ou porque o tal acabou de ir embora.
Passam horas a fio reclamando de si mesma tentando de qualquer jeito nos arrancar um elogio.
Se chamam de gorda, magra, esquelética, baleia, ou seja, nunca estão satisfeitas com nada.
Se querem um doce e você dá, aquele doce é muito doce e vai fazer ela ficar mais gorda ainda, mas se você nega dar um doce e chama para um lanche saudável, elas cismam em perguntar se estamos chamando elas de gorda.
Vocês tem noção de que vocês sangram, no mínimo, 5 dias por mês durante ao menos uns 40 anos e nem por isso morrem?
Isso sim é pacto com o Belzebu.
Se você as trata bem, elas te desprezam. Se você passa a ser um pouco mais frio com elas, você se torna o pior ser da face da Terra e a chantagem emocional começa.
E mesmo com tantos contras o que seríamos de nós homens se não existissem vocês mulheres para nos carregar no ventre durante uma gestação? O que seríamos de nós homens na hora de correr no colo de vocês para chorar a primeira decepção amorosa ou a primeira derrota no futebol na escola? O que seríamos de nós homens sem pode olhar para trás e ver que uma grande mulher nos fez um grande homem e que o momento agora é de dar as mãos a outra grande mulher que dará luz e vida a outro ser? Odeio as mulheres, odeio tanto que não consigo deixar de amá-las!"

Flávio Catão.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Loucos Fiéis

O jogo começaria no dia doze pela manhã, porém lá pelas tantas da noite do dia onze já haviam gritos ensurdecedores por todos os cantos da cidade, mal imaginariam os "seres normais", cidadãos comuns como eu, que esses gritos somente parariam lá pelo fim do mês.
E os cânticos que não saem dos ouvidos, depois das memórias, e assim foi rendendo noite adentro.
Mal amanheceu o dia e lá estavam bandeiras passantes nas calçadas, os legítimos donos das ruas.

No apito inicial era clara a tensão em alguns olhares, clara também a fé de cada um presente.
Gritos, palmas, vaias, tudo fazia parte da coreografada melodia.
Um misto de ansiedade com desespero pairava no ar, em muitos momentos notava-se isso, porém sempre existia uma quebra de silêncio, sempre um incentivo, como se do outro lado da tela desse para escutar o que de cá gritavam todos.
A sintonia era tão grande que, o que se cantava na arquibancada do outro lado do mundo, se ouvia aqui, sendo cantado no mesmo tom, no mesmo ritmo. Um coral que quebra a barreira da distância.

Algo parecido com o sentimento pelo clube.
Tatuagens mostram tamanho fascínio, tamanha adoração.
As lágrimas que rolam por uma simples (complexa) defesa do goleiro ou por uma bola rebatida na defesa.
Até quem não está aqui para torcer termina por se contagiar e no íntimo acaba por torcer também.
Volta, respira...

Uns com figas incansáveis e outros com batimentos cardíacos incontroláveis, enquanto outros apenas com olhos fixos sem ao menos dar a eles o direito de piscarem, cada um a sua maneira, cada um ao seu modo louco de se mostrar fiel.
E de repente o gol. Era apenas o primeiro gol, o único do primeiro jogo.
O primeiro a elevar ainda mais a confiança de cada um desses insanos.
No fim, no último apito. Suspiros, alívio.
Gritos, lágrimas, sorrisos, abraços...

Foi assim durante os quatro dias que se seguiram.
Lembranças a cada instante. Incertezas? Medo?
Nem um pouco. Isso ficou por conta de quem não fazia parte daquele hospício.
Enfim soou o apito inicial do fim.
Soaram as vaias, os apitos, os fogos.
Suaram as mãos, os rostos, os olhos.

Gols?
Sim. Alguns quase gols.
Todos evitados pelo monstro.

Enquanto a bola insistia em ir em direção as pernas, as mãos, ao corpo do goleiro.
Do lado de cá do mundo as mãos iam em direção uma a outra, depois em direção a cabeça, os olhos saltavam e, vez ou outra, o cântico explodia, porém por poucos e raros instantes.

Pois logo voltava a rotina...

Aspira, segura a respiração, engole seco, arregala os olhos, suspira, respira fundo, grita, canta, bate palmas.

Volta tudo ao começo novamente.
A dança dos desvairados.
"Uhhh... Vai vai... Sai zica... Chuta chuta... Pega pega... Tira tira..."
Aplausos.

O último apito antes do fim surge.
O tempo parece passar cada vez menos.
Os nós nas gargantas de cada um parecem aumentar cada vez mais.
Até que em um único e breve momento, os brilhos nos olhos, as lágrimas escorrem, os gritos se soltam mais altos.

Eis que surge entre um bando de loucos, um guerreiro capaz de fazer explodir o mundo inteiro de alegria.
O mundo parou.
Por alguns segundos, deixava de ser mundo e se tornara hospício, um hospício alvinegro.
A tensão perdurou firme e forte até o mais esperado último ato de um juiz.
As unhas se acabaram, os dedos apertados por figas não queriam mais desgrudar, o peito que antes não parava de saltitar agora já não mais tinha reação.

O dia em que o mundo parou, o dia em que os hospícios abriram as suas portas, o dia em que os fiéis carimbaram o selo de loucos.

Loucos fiéis.

PAPOS E SUPAPOS

Mi Papos y Su papos!

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