segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um conto de fadas real.

Era uma sexta feira a noite e eu estava na saída do trabalho, ao menos era o que eu deveria fazer, mas uma noticia chegou para fazer com que eu não conseguisse sair para outro lugar.
Sentei-me estarrecido com a bendita. Estava sozinho no escritório e seria eu quem deveria fechá-lo no dia, mas a ligação que recebi me deixou sem saber o que fazer.
Vou contar um pouco da minha vida para que vocês entendam o que aconteceu.
Sou brasileiro, mas vivo na Califórnia desde os vinte e dois anos (não vou dizer a minha idade por superstição), me graduei na Universidade de Berkeley em Comunicação e trabalho como cronista no jornal mais popular da cidade desde então, porém, legalmente no país eu vivo há apenas dois anos, quando meu passaporte foi finalmente aceito.
Há alguns meses venho acompanhando a história de alguns latinos que tentam entrar ilegalmente aqui nos Estados Unidos e, em especial, uma jovem mexicana que aos dezenove anos tentou pela primeira vez ingressar no país escondida embaixo de um banco de um automóvel.
Sou solteiro, não tenho filhos e por enquanto não penso em tê-los, principalmente depois de ter recebido algumas ameaças devido ao meu trabalho.
Como citei acima, há alguns meses venho fazendo um trabalho investigativo em respeito às entradas ilegais no país e descobri muitas coisas erradas. Conto com a ajuda de três colegas de trabalho que vivem a paisana nos trechos de fronteiras mais utilizados pelos coiotes.
Um deles, o Taylor, foi quem me apresentou a Maria. Uma jovem que depois de quatro frustradas tentativas conseguiu entrar no país e vive ilegalmente aqui desde então.
Em uma das viagens do Taylor até aqui trazendo-me informações, materiais escritos, fotografias, filmagens, surpreendeu-me trazendo consigo a Maria dizendo que necessitávamos ajudá-la, pois ela tinha uma história de batalhas fantástica.
Resolvi então contar à todos a sua história e tentar ajudá-la junto ao governo norte-americano.
A Maria, diferente de todos que tentam forçar a entrada no país, não veio atrás do sonho americano de vencer na vida, ela teve um motivo mais que especial para tentar furar o bloqueio. Aos dezoito anos ela teve um filho que lhe foi tirado a força por um casal de americanos famosos, que conseguiram facilmente trazer a criança para o país por toda a influência que eles exerciam aqui. O que mais me comoveu na história foi que o menino, hoje com seis anos de idade, resolveu procurar a mãe biológica e fugiu da casa dos pais adotivos.
A partir desse dia, venho lutando com todas as minhas forças para conseguir unir mãe e filho. Agora começa a história dessa noite.
A ligação que eu recebi, me informava o real paradeiro do garoto e apesar de assustadora, essa informação era a única que fazia sentido.
O Taylor havia tido informações que o garoto, que foi batizado com o nome de Luck, havia sido levado pela família que o adotara para viver em Nova Iorque onde fora abandonado pela família por ser considerado rebelde.
Me coloquei no lugar de uma criança de seis anos abandonada na cidade de Nova Iorque e por instantes fiquei paralisado sentado no mesmo lugar sem conseguir me mexer imaginando qual seria a reação da Maria ao saber disso.
A minha primeira atitude após recobrar a consciência foi pegar o primeiro voo para Nova Iorque e através de alguns amigos que viviam lá, tentar localizar a criança. O primeiro passo seria encontrá-lo, denunciar seus pais adotivos e depois tentar regularizar a situação deles no país. O problema era, por onde começar?
Ao chegar em Nova Iorque a maior surpresa, o menino que fora abandonado pelos pais adotivos, foi tão esperto, que conseguiu chegar ao aeroporto onde ficou detido pelas autoridades enquanto tentavam contato com os seus pais, então foi fácil encontrá-lo.
Difícil foi contar a história real às autoridades e fazer elas entenderem tudo o que estava acontecendo, tive que assinar um termo de responsabilidade pela criança já que as mesmas não conseguiram achar os pais adotivos, e mesmo assim, não poderíamos sair do país.
Ao desembarcar na Califórnia, a primeira visão que tive foi do Taylor junto com a Maria e mais alguns agentes da imigração que estavam apenas esperando para que a Maria fosse extraditada sem o filho. Sem pensar, nem cogitar a hipótese de não fazê-lo, resolvi na hora em que a encontrei, pedi-la em casamento. Assim ela poderia ficar no país com o seu filho.
Quando me aproximei deles o Taylor se antecipou à minha ideia e me perguntou:
"Conseguiu encontrá-lo senhor? Agora já podemos enfim marcar o casamento?"
Sem pestanejar eu respondi que sim e a beijei. Entramos com o processo de guarda provisória da criança há cerca de um mês e hoje recebemos a resposta de que poderemos ficar com a criança e que ela estará presente no casamento que acontecerá amanhã.
O jornal está em festa e as pessoas que encontramos na Imigração estão participando, todos acompanhavam a vida da Maria através das minhas crônicas e, creio que por isso, eles deram todas essas oportunidades de resolvermos essa situação em paz.
Aguardaremos a sentença final do juiz, enquanto isso, viveremos felizes e iremos passar a lua de mel no México, mais precisamente, Guadalajara. Apresentaremos à nossa nova família aos meus sogros e faremos uma bonita festa por lá.

31 de Outubro de 2011, São José/CA.


Insônia, no meu caso, é saudade!

Incrível, hoje, é apenas mais um dia que eu não consigo dormir. Chega a ser irônico, mas desde que nos perdemos um do outro que eu não mais consigo dormir ou, quando consigo, os sonhos são todos com você!
Te vi a primeira vez numa apresentação sua com o grupo de coral da escola em que estudávamos, e me apaixonei. Foi impressionante, escutar a tua voz, olhar os teus olhos, pela primeira vez na vida fizeram com que as minhas pernas tremessem diante de alguém.
Não sabia como agir, não imaginava como me aproximar de ti. Um anjo havia aparecido diante das minhas vistas e eu não imaginava como lidar com aquela situação.
Te amei desde o primeiro momento, e a partir daquele instante, todas as minhas atitudes foram para te conquistar.
Larguei o futebol por tua causa, e olha que largar o futebol para um moleque é a coisa mais difícil que existe. Ainda mais quando se troca o time de futebol por aulas de coral. Sofri tanto preconceito por isso, mas não ligava, pois eu estava perto de você a maior parte do tempo.
E quando eu descobri que teria que me mudar e que iria morar longe de você, me apressei ainda mais em provar a ti o quanto eu te queria por perto.
Foi assim que nos apaixonamos, e dias antes de eu vir embora, enfim, trocamos carinhos e as palavras mais esperadas por mim, as guardo até hoje nos meus ouvidos, com aquela voz doce sua.
Guardo também todas as cartas, bilhetes, textos, fotos, ou seja, tudo o que aparece um pouquinho do que foi você, do que fomos nós.
Lembro-me como se fosse ontem, mas na verdade já se passaram mais de dez anos, o último dia que nos encontramos foi após uma viagem minha até a cidade em que morávamos, e lá ainda estava você. A última vez que nos vimos foi no dia em que saímos juntos e eu fui te acompanhar até a esquina da rua a qual você vivia, de lá para cá, a vida só fez nos afastar, e até hoje continuamos nessa luta contra ela.
Impressionante é o tanto de empecilhos que ela coloca para que nos afastemos e mesmo assim a vontade de estar perto de ti só faz crescer.
A pouco mais de um ano nos reencontramos numa dessas redes sociais que são moda hoje em dia e descobrimos que na verdade nós dois nunca nos esquecemos, era só a tal da vida que insistia em tentar me dizer o contrário.
Os dias parecem mais longos quando não conversamos, quando não lemos ao menos as letras soltas na tela do computador, e mais longos ainda quando não consigo dormir pensando em você.
Ideias loucas teimam em passar na minha cabeça, como a de ir te buscar logo, e te trazer para perto de mim, porém, não é tão simples quanto sonhamos.
Então costumo virar noites e mais noites apenas planejando formas mirabolantes de te encontrar e reviver tudo o que a vida fez com que perdêssemos.
E, em todas essas noites de insônia eu penso em te escrever, nem sempre o faço, pois tenho medo da reação do teu marido se ele pegar essas cartas, então tento escrever assim, de forma que todos pensem que é apenas mais um conto que sai da minha mente, porém, sei que se você ler, entenderá o recado.
A vida teima em querer que fiquemos quietos em nossos cantos, mas eu não, eu teimo em querer que as nossas vidas se unam, como sempre planejamos naqueles nossos tempos.
Enquanto isso não acontece, continuarei a sofrer com insônias, lembranças e saudades! Continuarei beijando a pintinha que temos igual no braço e desejando a ti uma boa noite de sono, esperando ansioso o momento de ter você deitada ao meu lado para que eu possa dizer:
"Boa noite, durma bem, amo você!"

Eu amava a foto e não você!

Era tanta a vontade de te eternizar,
que por horas pus-me a pensar.
Sonhava com teus olhos o tempo todo,
e por vezes até sentia um medo tolo.

Medo de te perder,
medo de te ver partir,
de um dia esquecer,
o quanto me fez sorrir.

Enquanto isso você estava deitada,
naquele lençol de seda enrolada.
As suas pernas pulavam pra fora,
e eu acabava esquecendo a hora.

Cada piscar de olhos era um clique.
Cada clique um momento eternizado.
Cada momento quase um sonho.
Cada sonho a realidade de ter te amado.

Aquele amor tão real,
não parecia algo inventado,
mas aquela foto sem igual,
me trazia um sonho encalacrado.

Por anos aquela foto eu amei,
e quando, por fim, te encontrei,
deixou de ser real,
o amor por aquela foto 
jamais sentiria igual.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nosso encontro silencioso

Eu vi você olhando e as lágrimas que corriam face abaixo.
Percebi uma angústia nos punhos fechados fortemente amassando o que parecia ser uma carta.
Respiração ofegante.

Tentei avistar o que o teu olhar enxergava.
Percebi nele uma procura incansável de algo ou alguém no horizonte.
A minha respiração ficou ofegante.

Cheguei ao teu lado para tentar aproximar-me mais da situação.
Percebi nela um certo desespero da sua parte e uma enorme vontade de te abraçar da minha.
As nossas respirações enfim se encontraram.

Sem palavras, apenas com a mão acariciando-a suavemente no rosto consegui desviar a tua vista do horizonte e colocar-me no lugar daquele vazio a qual estava.
Recostou a tua cabeça no meu ombro e como mágica a tua respiração foi se acalmando.

Por um momento nossas mãos se encontraram ao mesmo tempo em que nossas respirações, antes ofegantes e descompassadas, também iniciaram juntas uma nova e mais calma canção.
Agora juntos olhávamos perdidos o horizonte e você, por ventura, largou o papel todo amassado que segurava na mão esquerda.

Foram no máximo dez minutos de distância entre nós e nós mesmos, e após dez minutos juntos o sol finalmente se pôs ao fundo. Nos abraçamos, soltamos as nossas mãos e aplaudimos o momento.
Respiramos fundo, nos olhamos mais fundo ainda e sem que fosse necessária nenhuma palavra partimos em direções opostas.

Sinto que fora o ápice de sinceridade e cumplicidade que pude vivenciar. Espero que um dia a minha amada possa me perdoar por essa traição em pensamento.
Pois a partir daquele dia passei a amar mais uma pessoa, porém esta, em silêncio, da mesma forma que foram os nossos momentos.


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Reconciliação

"Meu filho querido,

Sinto muito pela minha ausência por todos esses anos, tantas coisas aconteceram e eu não tive como procurá-lo. Quero que tente entender a minha ausência no dia que deve ter sido o mais importante da sua vida.
Queria te dizer que mesmo discordando na época, eu estava pronta à entender e apoiar todas as suas decisões, mas aconteceu algo que impediu a minha chegada para te abraçar e te abençoar.
Imagino que a dor com a minha ausência tenha sido enorme e que, por isso, não tenha me procurado até hoje, mas tenha certeza que a sua dor não é diferente da minha.
Mesmo com ciúmes com o risco de perder o posto de "mulher da sua vida" eu estava disposta a selar a paz com a Olívia e fazer dela a filha mulher que eu não tive.
Estava pronta, e te garanto, era o dia mais feliz da minha vida, afinal, eu iria ver o "meu príncipe" levando a sua esposa ao altar. 
A alegria era tanta, lembro-me que vinha cantando no carro aquela música a qual você costumava cantar todas as vezes que queria me fazer sorrir. Porém em um segundo de distração acabei por perder o controle do carro e o chocando de frente a uma daquelas vans. Foi um acidente terrível meu filho, por sorte estou viva. Por cinco anos fiquei em coma e somente há dois meses venho recuperando a consciência.
Sinto tanto remorso por ter brigado contigo um dia antes do seu casamento, e o pior, por ciúmes. Uma dor terrível estraçalha o meu peito por não ter conseguido chegar a tempo de dizer o quanto amo você e o quanto passaria a amar a Olívia após aquele dia.
Será que você conseguirá me perdoar um dia?
A verdade é que nunca mais a minha vida foi/voltará a ser a mesma se você não me perdoar agora.
Não estranhe a letra, ela não é minha meu filho, eu apenas estou ditando a carta para que o Maurício possa escrevê-la para você. O Maurício é um dos psicólogos que estão me tratando. Um jovem que tem a sua idade e é muito atencioso. Foi ele quem deu a ideia de eu procurar vocês novamente, pois acredite, eu estava com muito medo de fazer isso.
Então meu príncipe, essa é a minha história, pior do que a dor de não me mexer é a dor de não ter notícias sua e da sua família. Esperarei a resposta ansiosamente, quantos netos será que eu já tenho? Como está o trabalho? E aquela promoção que você iria ter?
Seu pai deve estar muito orgulhoso de você, acredito que esteja chegando a hora de eu ir encontrá-lo.
Envie por favor um beijo enorme para a Olívia, diga que espero revê-la em breve.
Segue abaixo o endereço do hospital onde estou com todos os telefones também.
Um beijo enorme na ponta do nariz e um abraço de urso como nos velhos tempos.

Com muito amor,
Mamãe"

p.s.: Sr. Felipe, quem vos escreve é o Maurício, essa carta foi ditada pela sua mãe na última semana, a situação dela é grave, pedimos que venha encontrá-la urgentemente. Ela infelizmente no acidente ficou tetraplégica (sem movimentos do pescoço para baixo) e lutou muito até aqui, porém seu corpo não está mais reagindo e a situação dela é cada vez mais delicada. Com muita esperança aguardamos o senhor e a sua família, grato.
Dr. Maurício Mendes.




segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O bobo e a princesa

Essa é a história de um bobo da corte
e de uma princesa
Um bobo que a queria
e não saia da mesa

Sentando a esperar
aquela bela princesa voltar
De olhos fechados
punha-se sempre a lembrar

Lembrava do primeiro encontro
quando a esperou no terminal
Parado feito um bobo
viu aquele sorriso angelical

Com um abraço a recebeu
sem que ela esperasse
Logo um beijo lhe deu
antes que ela o desmascarasse

Passaram uma tarde linda
naquele esconderijo escolhido
E nele sempre será bem vinda
para mais uma tarde escondidos

E antes de ir embora ela esqueceu
que seu príncipe a esperava
até seu brinco perdeu
e de nada mais se lembrava

Mas de nada adiantou
naquela tarde tanta beleza
Pois agora no peito do bobo
vive muita tristeza

E de tanta saudade que sente
o bobo resolveu esperar
Sentado no mesmo banco
a bela princesa voltar.


domingo, 23 de outubro de 2011

Um abraço.

Ei! Você!
Vem aqui.
Você pode me abraçar?
Só um abraço, daqueles que só você sabia me dar. Apertado. Carinhoso. Com um quê malicioso.
Mas sempre sincero.
Esqueceu como era?
Te explico então.
Nos víamos e começávamos a sorrir mesmo de longe. Todos reparavam.
Um pouco encabulado, admito, mas sempre sincero!
Lembra do dia em que cheguei com uma rosa no seu trabalho?
Fiquei escondendo-a durante uns quinze minutos, e na hora que te entreguei, ambos tivemos que fazer piada da cena, pois nós dois estávamos envergonhados.
Lembrou-se? Lembra que você veio e me abraçou? Então! É daquele abraço que estou falando.
E todos estavam nos olhando, ou melhor, todas!
É! Passou né? Ao menos para ti, o encanto acabou!
Então, voltando ao assunto, você pode me abraçar?
Olha que não estou te pedindo nem um beijo, muito menos para ter um filho comigo.
Só estou te pedindo para não me deixar ficar sentado num sofá todos os dias de domingo como têm sido desde o dia que partiu da minha casa.
Lembra daquela madrugada?
Eu não precisava de nada além de um abraço daqueles novamente, ou ao menos momentos carinhosos daqueles outra vez.
As palavras foram reais, sinceras, os abraços, os toques, os beijos. Lembro-me perfeitamente de quando se levantou para conversar com alguém e quando voltou, sem que eu pedisse, voluntariamente se debruçou por cima de mim e me beijou.
E na hora de partir, sem que eu esperasse mais, outro beijo, o último.
Pois desde aquele domingo que eu não consigo levantar do sofá, e quando levanto, é para correr para a janela e esperar você chegar.
Não quero admitir, apenas pela paz entre nós, mas a verdade é que não consigo parar de pensar um só minuto em você!
Desde aquele domingo que não sinto outro cheiro, não penso em outros lábios, não vejo outros olhos e não ganho outro abraço.
Então entenda, só dessa vez, entenda, tudo o que eu quero é um daqueles abraços reais novamente e não esses que me ofereceu nas últimas vezes que nos encontramos.
Portanto, me responda, você pode me dar um abraço?

sábado, 22 de outubro de 2011

Última saída?

E foi naquela triste noite gélida e solitária que ele enfim percebeu que o seu lugar não era mais aquele. Olhava aos cantos das paredes e lembrara-se que não podia viver preso em um único habitat. Não podia ter o convívio com as mesmas pessoas de sempre.
Não era da sua personalidade ficar a noite sozinho sonhando com um mundo que ele não mais faz parte.

- Quando eu acordar tudo irá ser diferente. Arrumarei as malas e novamente partirei.

Saiu então para caminhar pelas areias daquele seu refúgio. Não conseguia entender como as pessoas o achavam tão bom e o queriam longe. Era meio contraditório.

E tudo o que ele queria era poder abraçar aquela pessoa novamente. Olhar nos olhos, reviver momentos,
inventar novos, descobrir.

Mas não lhe era permitido nem ao menos fechar os olhos e sonhar mais com o passado, pois sempre que o fazia tudo transformava-se em dor.

- Para onde foram aqueles cachos soltos que me encantaram? Aqueles olhares apaixonados? Os sorrisos que dávamos nas praças? Será que acabaram-se para todo o sempre?

É, nem tudo que brilha as vezes são os raios de sol. Certas coisas reluzem da mesma forma, porém não duram eternamente.

E naquele instante, onde a lua estava por tocar o mar e na outra ponta o sol crescia à esquentar o ambiente, ele voltou a sentir o calor no peito. Era o sinal que deveriam voltar a conversar, a se olhar. Era a hora de tentar novamente e se não desse certo...

- Vai ser a hora de partir, assim que o sol voltar a dormir!

Chegava ali o triste fim daquela história linda que já foi descrita algumas vezes, aqui mesmo. Era para ser diferente. Um dia quem sabe, não volta a ser.

Enquanto isso, a mochila que está empoeirada, será novamente sacudida, arrumada e...

(esse texto foi encontrado ao lado da mochila que parecia estar pronta para ser carregada à uma viagem longa. Ao lado do provável dono dela, que estava caído ao lado da cama onde também fora encontrado uma caixa de remédios completamente vazia. Acredito que ele tentou se livrar das suas dores, das suas queixas, mas por outro lado, hoje, ele deve viver a perambular na penumbra tentando resgatar-se, voltar a ver o sol novamente.)


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ontem!

Momentos de tensão.
Por horas uma angústia parecia ser cravejada no meu peito.
No interior uma explosão de sentimentos e pensamentos.
Era só abrir os olhos que a serenidade e a pacificidade tomavam conta do ambiente novamente.
"Calma. Tudo vai terminar bem!" - Era só nisso que eu podia pensar. Era apenas essa a atitude que eu poderia ter!
Mas por dentro lágrimas de sangue já percorriam todo o meu corpo.
Despedia-me, um a um, de todos os meus sonhos, os possíveis e os impossíveis.
Te via sempre que fechava os olhos e imaginava onde estaria aquele sorriso e aquele olhar que me encantavam por tempos, poucos é verdade, mas que por aqueles poucos se tornaram inesquecíveis à minha memória.
Chorava interiormente o drama de não ter tido a chance ao menos de agradecer-te ou de pedir a ti perdão.
Sem ter a certeza de quem poderia me despedir comecei uma oração englobando todos os que passaram por minha vida.
Lembrava-me, é claro, dos mais especiais. Citava-os baixinho, em silêncio, aos meus pensamentos para que nunca sofressem tanto quanto eu estava sofrendo e que sempre estivessem seguros de qualquer mal que pudesse tentar atrapalhar às suas vidas.
Por vezes pegava-me de mãos e dedos entrelaçados lembrando-me de como eram eles entrelaçados aos seus, e sem nenhum exagero, quando isso acontecia, eram sem dúvidas os melhores momentos entre nós.
Não precisávamos falar, não precisávamos abraçar, muito menos nos olhar, se sentisse a sua mão junto à minha, como por algumas vezes foi, era a hora em que por dentro meu peito não parava de pular.
E como me fez falta, por diversas vezes ontem, seu olhar, sua forma de ser.
Senti um braço me empurrando no chão. Fechei os olhos com toda a força que eu tinha naquele instante. E de tão forte, lágrimas correram face à fora.
Esperava o fim, o último clique de uma "câmera" que não era a minha.
Nas costelas uma dor insuportável.
Tentaram-me arrancar uma delas, ou provavelmente alguma delas, mas por não serem o Criador, todas ficaram no seu devido lugar.
Por instantes, deitado na relva, sentindo formigamento nos braços e nas pernas, ainda de olhos fechados, senti sua voz nos meus ouvidos.
Me encorajaram!
Levantei-me. Ergui a cabeça aos poucos ainda um pouco tonto.
Ajoelhei por segundos e com muitas lágrimas alimentei o solo fértil daquele terreno.
Senti-me vivo quando percebi que no meu peito teu nome ainda brilhava e que dele eu estava tirando forças para seguir adiante.
Pus-me a pensar em todos que por perto sempre estiveram e tive certeza de que uma sobrevida fora me dada.
Fui agraciado.
E quando me dei conta, o sol estava lá a brilhar. Caminhei. Pude novamente ter a esperança de te encontrar. Agradeci.
Hoje, cá estou eu, voltando a sonhar!
Durma bem essa noite.

PAPOS E SUPAPOS

Mi Papos y Su papos!

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