quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Matei o Felipe!

Meus bons amigos Marcelo e Beatriz,

Sabe aquele garoto que era o mais bonito da escola, que chegou na sua turma no meio do ano letivo e "roubou" de você toda atenção das meninas?
Pois então. Este era o Felipe. Não se engane achando que conjuguei o verbo errado, sempre fui bom em português e não cometeria tal equívoco.
Era mesmo, pois eu o matei. Depois de muitos anos sendo sempre o segundo da classe em tudo.
O segundo em notas, o segundo a ser escolhido para ir ao baile, o segundo mais querido dos professores, o segundo a ser escolhido para a prática de qualquer esporte na educação física, ou seja, sempre o segundo.
Vocês acreditam que até na hora da escolha de qual carreira seguir, qual faculdade cursar e do temido vestibular, até nesses momentos fatídicos, eu fiquei atrás dele? Ah! É verdade! Vocês lembram!
Pois é. Se tornou um problema psicológico, fui parar em analistas, psicólogos e por algumas vezes em psiquiatras.
Certa vez, cai em depressão (daquelas de adolescente) quando vi o Felipe namorando a minha ex namorada, a Ana, lembram dela? Ela era linda, cabelos cacheados, olhos gateados e sorriso deslumbrante, foi por anos a mulher que eu sonhava em casar, até descobrir que ela estava namorando o meliante.
Encontrei-os escondidos no fim do intervalo naquele canto da quadra onde não dava para ninguém achá-los a não ser que fosse até o vestiário abandonado lá no fim do corredor, e eu fui, achei ter escutado vozes e fui verificar, afinal eu era o vice-presidente do grêmio escolar (vocês sabem quem era o presidente não é?). Então ao chegar no local de onde vinham os cochichos eu pude ver os dois de mãos dadas sorrindo um para o outro e trocando palavras carinhosas (isso eu nunca contei para vocês, mas acho que vocês sempre souberam e não me contaram para me poupar, agradeço).
Ao se darem conta que eu estava ali, pasmo, se soltaram, olharam para mim como se me devessem algo e juntos pronunciaram aquela frase que só pensamos que escutaríamos em filme ou novela. "Não é nada disso que está pensando Flávio".
Pois é, peguei-me apunhalado pelas costas e cai em depressão.
Mas passou, todo encanto adolescente um dia acaba, tem de acabar, e não foi diferente comigo. Nos formamos no fim daquele ano e logo entrei para a faculdade que eu sonhava. Fui estudar música e pensei em fim que terminaria a sina de ser segundo quando, no dia da primeira aula, lá estava ele, o desgraçado havia passado também e no mesmo curso e turno que eu.
Joguei pedra na cruz, não acham?
Então, começamos as aulas e eu prometi a mim mesmo que não me deixaria vencer novamente por aquele fantasma.
Foi ai que tive a brilhante ideia (anos após a chegada dele na minha vida) de tornar-me o fantasma da vida dele. Logo reencontrei a Ana, e ela disse-me que não havia tido mais do que uma semana com o Felipe, e que desde o dia em que encontrei os dois juntos ela sentiu uma dor tão forte que tinha certeza que era de mim que ela gostava, e que estar ficando com outros garotos nada mais era do que pretexto para me provocar ciumes. Resultado? Voltamos a namorar.
Fui considerado o melhor aluno da classe, todos me chamavam para tocar em todos os bares da cidade. Até que um dia me chamaram para tocar em um grande festival.
Foi nesse dia em que eu matei o Felipe, venho confessar o meu crime nesta carta.
Quando subi no palco para fazer a minha apresentação solo de guitarra de música clássica, o Felipe estava na platéia, ele não fora chamado para tal festival e não sabia que eu havia sido chamado, e esse era o grande sonho da vida dele.
No momento em que foi anunciado o meu nome o Felipe olhou para o palco com os olhos esbugalhados e num surto psicótico subiu no palco gritando que aquilo era impossível, que ele sempre foi melhor do que eu, então propus uma batalha de guitarra, e com a confiança lá no céu ele aceitou na hora.
Pobre Felipe. Me viu ao fim da batalha ser ovacionado, enquanto que para ele nada mais do que meia dúzia de aplausos. Num gesto humilde tomei o microfone da mão do apresentador do evento e disse: "Meus amigos, por favor, vamos aplaudir o grande guitarrista Felipe Botelho, sempre o admirei e hoje pude ter a honra de tocar ao lado dele. Por favor, aplaudam-no de pé. Obrigado pela chance meu amigo."
E foi com esse gesto que, admito, matei o Felipe!
Desculpem-me pelo susto inicial, mas me digam que vocês não acreditaram que eu seria capaz de matar alguém de verdade não é?
Vocês não me conhecem mesmo se pensaram isso.
Saudades de vocês e por favor, venham nos visitar, o Pedrinho nascerá em um mês.
Um beijo saudoso,

Flávio Catão.

p.s.: A Ana está lhes enviando um beijo enorme e dizendo que é para vocês virem logo, ela está com saudades!


2 comentários:

  1. Senti falta dos seus textos!! Mas agora você vai competir comigo? Haha, já era, vamos com quem vou disputar o segundo ou o terceiro.
    Amei a história,muito surpreendente. Queria matar tanta gente assim! Haha
    Muito bom!
    Beeijs!

    Recantodalara.blogspot.com

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  2. OPA, a história pareceu MUITO real, uauhahuahua :OOOOOO, sério, amei isso!


    Heein, estou fazendo outro sorteio de livro e um ipad2 no meu blog, participa?
    http://bruna-morgan.blogspot.com/2011/11/promocao-ainda-nao-te-disse-nada-de.html

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