quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Aquele estranho dia que não passa.

O dia amanheceu meio nublado.
Eram ainda 7:15 quando me despertei e vi que o dia tinha toda tendência a ser aquele estranho dia que demora a acabar.
Sentei-me na beira da cama, espreguicei-me e levantei.
Muito silenciosa a casa. Os cães não latiam, os pássaros não cantavam, as ondas do mar não bailavam.
Fui até a cozinha, preparei o meu café solitário de todo dia e sentei-me à mesa para observar o vai e vem das moscas.
Ao terminar o café.
"Silêncio! Quero escutar o vazio da vida!"
Sim. Era com as moscas que eu falava! O estranho é que elas obedeceram como cães muito bem treinados.
Sentaram-se enfileiradas sobre a mesa e ficaram imóveis.
Não reparei nelas. Não reparei nem nos pássaros que me olhavam aparentemente assustados.
Resolvi então caminhar pela casa. Uns três giros ao redor dela e percebi que o tempo parecia estar parado, exceto por alguns insetos que passavam por mim.
As árvores não se balançavam como de costume, aliás, não havia balanço nenhum.
Sentei-me no portão de casa, de uma ponta a outra da rua tudo imóvel. Lá no iniciozinho dela não havia mais balanço do mar.
Achei estranho, mas deixei pra lá.
Peguei a bicicleta e fui ao exercício diário. Sai pedalando, fui atrás da civilização. Notei algumas pessoas sentadas na praia a observar o mar. Outras sentadas frente a porta de casa. Outras nas janelas. Todas com um único objetivo, deixar a vida passar.
Era tudo muito imóvel para mim.
Acelerei a bicicleta, o máximo que as pernas aguentavam, para tentar dar mais movimento as coisas.
Quanto mais acelerava, mas rápido deixava para trás aquela imobilização.
Foi quando de repente à minha frente, eis que surge uma criança, bela, de sorriso frouxo e cabelos que voavam mesmo sem o vento.
Encantou-me.
Freei a bicicleta e sentei-me para observá-la.
"Silêncio.Não percebem que quero escutar o som da vida!"
Quando dei-me conta, esse tal som, era o pulsar do meu coração!
Estava então pronto para novamente amar!

Um comentário:

  1. "Silêncio! Quero escutar o vazio da vida!"
    Sim. Era com as moscas que eu falava! O estranho é que elas obedeceram como cães muito bem treinados.
    '-'

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