sábado, 19 de março de 2011

Paixão avassaladora.

Há cerca de duas semanas nós havíamos conversado pela primeira vez. Contarei em detalhes cada passo, mas por favor, sejam pacientes comigo, pois estou super ansioso.
Eu, não sei porque, cismava em querer chamar atenção das pessoas através de textos meio inúteis que eu gostava de escrever, como esse agora por exemplo.
Sempre gostei de escrever, muito mesmo, e há dois anos resolvi mostrar os meus textos para quem quisesse lê-los.
Inscrevi-me em um site, desses que chamam de blog, e comecei a criar novas histórias, contos e, em certos momentos, até criar um confessionário camuflado dos meus sentimentos.
Descobri o quão fantástico são esses sites para conhecermos novas pessoas. Foi assim que acabei conhecendo a Malu.
Conversamos durante uns três dias no máximo, e uma certa paixão avassaladora resolveu tomar conta de mim. Não me pergunte como é possível se apaixonar assim, mas aconteceu comigo. O pior é se apaixonar por alguém que você nem sabe se existe de verdade e que não será tão fácil de descobrir por essa pessoa morar tão longe.
A Malu, por exemplo, mora no Ceará. Tá! Não é tão distante, mas não é ali do outro lado da rua!
Não fico triste com isso, muito pelo contrário, está sendo recíproco o sentimento, então tenho que estar feliz.
Retomando o pensamento, nós conversamos por três dias, sendo que os dois últimos nos falamos por telefone e vocês não podem imaginar o desenrolar das conversas.
Eram madrugadas inteiras ouvindo aquela doce voz ao outro lado da linha, voz que em certos momentos da noite me despertava um desejo ferrenho que não nos contínhamos e trocávamos carícias imaginárias e confesso, cheguei ao ápice nas duas noites.
Então, te pergunto, como não apaixonar-se? Alguém tão longe, que te trata tão bem e ainda por cima participa dos seus momentos de devaneios?
Mas não é só disso que eu e a Malu conversamos não. Nós contamos tudo, ou pelo menos quase tudo um para o outro. O carinho é fantástico, o cuidado é enorme. Impressionante.
Ontem eu sai com uns amigos, fomos a um show de rock, um dos meus maiores vícios. No meio do show, pedi autorização para que pudesse tocar uma música, não iria tocar para ninguém, nem tinha em vista ser algum momento especial, apenas queria tocar por prazer.
No momento em que sentei-me num banquinho, coloquei aquela guitarra no colo e fechei os olhos, esperei a música me levar, os dedos iniciaram todo o trabalho sozinhos. Eram toques íntimos na guitarra, a lembrança foi inevitável, a música que surgiu era uma dedicada aquela voz doce a qual eu estava acostumado a escutar todas as noites.
No fim da música, os aplausos, todos gostaram, o meu ápice estava novamente à tona.
Então agradeci e dei-me conta de que não poderia mais esperar, não aguentaria.
Poucas horas após o show, estava eu, em meio às nuvens a caminho do Ceará. A Malu ainda não sabia, mas eu sei qual seria a reação dela se soubesse, ela diria: -"Não acredito até te ver pintado de ouro aqui na minha frente." - Pois sim, comprei uma tinta meia dourada, daquelas que pintam estátuas vivas e irei aparecer vestido de ouro na frente dela, talvez assim ela acredite.
Cheguei por volta das 14 horas no aeroporto de Fortaleza, liguei para ela e pedi o endereço usando como desculpa o envio de um presente.
Corri a um ponto de táxi e solicitei ao motorista que me levasse o mais rápido possível à casa dela, mas que antes eu precisava dar uma parada em qualquer lugar onde eu pudesse me maquiar por inteiro.
Por volta das 15 horas daquele dia, eu toquei a campainha da casa da Malu, fui atendido pela sua mãe, uma mulher fantástica. 
Dona Fernanda era linda, não aparentava ter a idade que tinha, no auge dos seus 52 anos, ela estava mais em forma do que muitas meninas de 23 anos. Ao me ver, se assustou, e perguntou quem eu era. Após falar o meu nome ela arregalou os olhos e disse não acreditar que eu estava fazendo aquilo mesmo. Me convidou para entrar dizendo que a Malu não iria demorar.
Então entrei e fui direto ao quarto da Malu, igualzinho ao que estava na minha mente, lembrança das conversas calientes no telefone.
Pedi a Dona Fernanda que não dissesse que eu estaria lá esperando para fazer uma surpresa e ela concordou.
Exatos 15 minutos após a minha chegada eis que surge à porta aquela a qual eu havia passado a pensar diariamente.
A Malu era mais linda ainda pessoalmente, ficou paralisada tanto quanto eu nos primeiros dez segundos, me lembro como se fosse hoje, os olhos fixos em mim e os meus nela, as bocas trêmulas sem conseguir dizer nenhuma palavra, as pernas bambeavam. Não sabíamos se íamos um até o outro ou se era apenas uma ilusão.
Até que juntos, como nas outras vezes que nos falamos, sempre com intenção um de perturbar o outro no início de qualquer papo, rimos e muito.
Ao mesmo tempo perguntamo-nos depois de escutar a porta se fechar: -"Estamos sós?" - Voltamos a sorrir, dessa vez sem gargalhadas, até que ela correu em minha direção e me abraçou.
Nos beijamos. Vivenciamos tudo o que falávamos por telefone, os mínimos detalhes. Tudo exatamente como deveria ser.
Amanhecemos juntos o dia, dessa vez sem nos largarmos, um ao lado do outro. Levantei, preparei um café da manhã para a minha senhorita, fiz uma massagem e preparei seu banho, que acabou tornando-se nosso banho.
Naquela segunda-feira ela faltou ao trabalho, nos aproveitávamos um do outro sem pudor algum. Sentíamos o olhar pegar fogo de tão intenso que eram os nossos momentos.
No fim do dia lembrei-me de algo que não havíamos pensado.
Só ali me dei conta.
Olhei para a janela, preocupado que alguém estivesse nos vendo.
Bom, se viram, com certeza sentiram inveja da nossa paixão.
Retornei para a minha casa dois dias depois com uma única certeza.
- Volta logo pra mim. - Disse ela para mim no aeroporto.
- Estou voltando em breve, confia em mim.- Um beijo e um até breve selaram a nossa despedida. Agora cá estou eu, olhando pela janela do avião, com todas as minhas malas, de mudança para o Ceará.
Desejo que todos possam viver algo parecido.


***59ª Edição Conto/História do Projeto Bloínquês .

3 comentários:

  1. Ixi, veio parar nas minhas terras! É a água que esse povo bebe aqui que faz eles nunca mais quererem sair daqui! Muito bom o texto, é isso que eu quero que aconteça comigo! Beijão, Flávio!

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  2. - nooooossa.
    temas desse tipo sempre me encantam, é algo que prende minha atenção, vendo meu estado então citado, mais ainda haha
    fazer uma loucura e ir de encontro a uma pessoa desejada é para poucos...

    grande beijo, Flávio.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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