terça-feira, 22 de março de 2011

No escuro.

Eu poderia te guardar eternamente em uma fotografia para te carregar comigo na carteira onde eu fosse.
Mas seria uma tortura aos meus sentidos outros, te ver e não poder te sentir!
Então fiquei pensando durante horas, pra ser sincero, durante todas as horas que faltaram luz da madrugada de ontem até essa manhã, em como resolver o problema da falta de você.
Me dei conta, com a falta da luz, que viver sem ter a ti por perto é muito parecido.
É viver sem ter muito o que fazer, é voltar ao tempo das cavernas, onde a maior distração era jogar pedrinha no mar e contar quantos quiques ela daria.
É não ter no que pensar e mesmo assim conseguir pensar em tudo.
No breu ficamos ansiosos que a luz apareça logo, para podermos enxergar mais nitidamente outra vez.
Mas graças à escuridão, nossos diversos outros sentidos se aguçam. A audição se amplia e conseguimos distinguir sons diversos, escutar longe.
O tato parece mais sensível e conseguimos identificar superfícies com mais facilidade.
E o nosso odor parece canino, de longe sentimos o perfume das flores trazido pelo vento.
É, na escuridão também conseguimos sentir tudo mais forte. Respiramos fundo e fechamos os olhos, na mente aparece aquele ser que queríamos ao nosso lado.
Um ente querido que se foi ou distante pelo tempo, uma paixão, um amigo, um irmão. Enfim, qualquer pessoa que naquele momento te faria desperceber que não havia luz.
Nossos escuros momentos nos trazem a tona sentimentos que na claridade, por interferência de itens que vem com a luminosidade, se escondem, se camuflam!
São nesses momentos que, com o aflorar dos sentidos, você ressurge para mim.
No fechar dos olhos te vejo correr na minha direção de braços abertos desejando o reencontro, sinto o teu perfume ao longe sendo arrastado pelo vento e devastando tudo, inclusive o meu peito. Encontro a tua roupa no meu armário, e, sabendo que é a tua, derrubo-me em joelhos e ponho-me a chorar abraçado-o com ela.
E no respirar ofegante e fundo sinto que lá longe você poderá estar fazendo o mesmo.
Então sento-me no canto escuro do quarto e rezo, peço em orações que essa distância, que esse tempo passe logo, e que te traga novamente para mim.
Pois, no escuro, sinto muito mais forte toda a devoção e amor que tenho a ti.
Amo-te incondicionalmente, como àquela ultima mensagem deixada por ti.
Guardo-te em minha memória e nas minhas palavras. Um dia as colocarei em seus devidos lugares!

5 comentários:

  1. É bom ver sentimentos tão reais em palavras tão simples e bonitas.

    Felicidades :)

    Abraço.

    (adorei esta parte: «No fechar dos olhos te vejo correr na minha direção de braços abertos desejando o reencontro, sinto o teu perfume ao longe sendo arrastado pelo vento e devastando tudo, inclusive o meu peito»)

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  2. Nossa, achei que não teríamos textos assim depois daquele ultimato. Mas me diz, se ter uma foto é ser injusto com os outros sentidos, por não poder toca-la, senti-lá, não vê-la também seria uma privação de sentido, não? Melhor a fazer é jogar no passado e tentar esquecer, ou ir atrás até encontrar. Beijão, Flávio!

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  3. q triste!
    Acho que se no escuro uma lembrança triste se aguça, direcione-se sempre à luz!
    Mais uma vez, vc humilha com seu talento incomparável ;)
    bjs!

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  4. Flávio, você provavelmente não sabe o quanto te admiro. Adoro ver que postou um novo texto. O meu coração infla só de saber que vou poder, mais uma vez, ler as lindas palavras que escreves. Meus sinceros parabéns, novamente, pelo texto. Sentimentos puros, palavras sinceras...

    Muitos Beijos...

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  5. Nossa, que bonito!!!

    Perfeito... Não sei nem o que dizer. Gostei do seu jeito de escrever... E até me identifiquei com o começo do texto!! Adorei!!

    xD

    Bjuu =*

    Tânia'

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