sábado, 22 de outubro de 2011

Última saída?

E foi naquela triste noite gélida e solitária que ele enfim percebeu que o seu lugar não era mais aquele. Olhava aos cantos das paredes e lembrara-se que não podia viver preso em um único habitat. Não podia ter o convívio com as mesmas pessoas de sempre.
Não era da sua personalidade ficar a noite sozinho sonhando com um mundo que ele não mais faz parte.

- Quando eu acordar tudo irá ser diferente. Arrumarei as malas e novamente partirei.

Saiu então para caminhar pelas areias daquele seu refúgio. Não conseguia entender como as pessoas o achavam tão bom e o queriam longe. Era meio contraditório.

E tudo o que ele queria era poder abraçar aquela pessoa novamente. Olhar nos olhos, reviver momentos,
inventar novos, descobrir.

Mas não lhe era permitido nem ao menos fechar os olhos e sonhar mais com o passado, pois sempre que o fazia tudo transformava-se em dor.

- Para onde foram aqueles cachos soltos que me encantaram? Aqueles olhares apaixonados? Os sorrisos que dávamos nas praças? Será que acabaram-se para todo o sempre?

É, nem tudo que brilha as vezes são os raios de sol. Certas coisas reluzem da mesma forma, porém não duram eternamente.

E naquele instante, onde a lua estava por tocar o mar e na outra ponta o sol crescia à esquentar o ambiente, ele voltou a sentir o calor no peito. Era o sinal que deveriam voltar a conversar, a se olhar. Era a hora de tentar novamente e se não desse certo...

- Vai ser a hora de partir, assim que o sol voltar a dormir!

Chegava ali o triste fim daquela história linda que já foi descrita algumas vezes, aqui mesmo. Era para ser diferente. Um dia quem sabe, não volta a ser.

Enquanto isso, a mochila que está empoeirada, será novamente sacudida, arrumada e...

(esse texto foi encontrado ao lado da mochila que parecia estar pronta para ser carregada à uma viagem longa. Ao lado do provável dono dela, que estava caído ao lado da cama onde também fora encontrado uma caixa de remédios completamente vazia. Acredito que ele tentou se livrar das suas dores, das suas queixas, mas por outro lado, hoje, ele deve viver a perambular na penumbra tentando resgatar-se, voltar a ver o sol novamente.)


2 comentários:

  1. ...E eu aqui torcendo pra ele dar a volta por cima! :(

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  2. Triste, muito triste. E não é qualquer peito que é capaz de suportar todas as dores e aprovações da vida, você que viveu mais, sabe melhor que eu. Tava com saudade dos seus textos, Flávio. Sempre que venho passo nos "supapos de presente" pra ler outra vez a sua descrição sobre meu blog. haha Passe lá! Beijo!

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