sábado, 18 de dezembro de 2010

Sonho.


Acordei essa madrugada novamente assustado.
Era mais um acidente de carro. O quinto na mesma semana.
Fiquei paralisado na cama lembrando das cenas tão reais.

Nos primeiros acidentes que havia sonhado, eu não aparecia, ao menos não me enxergava.
Mas nesses últimos cinco, lá estava eu, sempre envolvido.

O choque era terrível. Mas em todos os quatro primeiros eu conseguia me recuperar bem do sonho.
Porém, este último, se tornara terrível na minha mente.

Passei o dia então assim, alheio de tudo. Parecendo querer despedir-me de todos.
Uma sensação de que algo estava para acontecer.

Liguei e conversei com todas as pessoas que me faziam falta e que de certa forma eu tinha algum respeito e carinho.

E foi antes de sair de casa, que abracei meus pais pela última vez. Dei um beijo forte na minha avó e abracei como quem não voltaria mais a minha irmã.

Meus sobrinhos estavam deitadinhos, dormindo, pareciam dois anjinhos, mas ao escutarem o barulho do carro, correram e me deram um abraço forte cada um.

E a tal da sensação de despedida parecia estar dilacerando meu peito.

Ao ver o portão da garagem se fechar vieram as primeiras lágrimas, e o resto do caminho todo da rua até a beira da estrada foi assim.

Quando cruzei a estrada com o carro, e entrei na via principal, senti um aperto forte no peito, uma dor enorme.

Uma luz alta vinha em minha direção na pista oposta, eu piscava os faróis do meu carro como se quisesse avisar algo.

"Vai bater, vai bater!" - Entoaram no acostamento da pista alguns passantes.

A luz que se aproximava cada vez mais, se afastara com o tempo, e o breu foi tomando conta da minha vista.
Apaguei!

Abri o olho no meio da madrugada paralisado, não conseguia me mexer, apenas enxergava um chão embaixo de mim, e a sensação de que a gravidade estava me jogando de cara nele.

Tentava falar, não saia voz, tentava movimentar os braços, os dedos, mas não os sentia.

A respiração estava cada vez mais forte, o suor escorria no rosto e pingava no chão e nada, ninguém chegava.

Aos poucos fui tentando me acalmar e a luz forte que havia visto segundos antes voltara a aparecer na mente.

Fui ficando cego novamente, e apaguei outra vez.

Acordei enfim em uma cama, cercado daquelas pessoas as quais havia me despedido horas antes, algumas não reconheci logo, mas sabia que as conhecia, outras pareciam mais velhas, mas havia de ser a minha visão ainda embaçada pela luz forte.

Minutos depois, com muitas lágrimas nos olhos, entra pela porta aquela quem eu costumava abraçar sempre que sentia dor, ela carregava uma criança no colo, e me dizia que nunca havia rezado tanto por alguém.

"Sua filha! Conheça-a. Abra o olho e a ame como a gente sempre se amou!" - Me disse minha ex-atual-futura namorada.

Como assim? Uma filha? Mas eu havia saido de casa há poucos instantes e não sabíamos nem se era verdade.

Então descobri, que a tal luz havia me cegado por um ano, e que por minha sorte havia um anjo chamado Mary Anna para me salvar no meio da estrada deserta, ela, de cabelos cacheados e olhos gateados havia segurado a minha mão e me mantido acordado até o socorro chegar.

E era ela, a neném que era carregada e que ao me ver sorria intensamente.

Que venha ao meu colo minha anjinha. Te aguardo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PAPOS E SUPAPOS

Mi Papos y Su papos!

Popular Posts