Me encontrar no fundo de tudo.
Lá, no meio das suas últimas coisas.
Sempre preparado para te trazer a tona novamente.
Trazer os seus melhores sorrisos, as suas melhores lembranças.
Pois sempre que me usa, é para a velha estrada que retorna.
Aquela estrada que já foi de caminhos sinuosos, mas que hoje, quando me usa, me leva por uma estrada de linha reta.
Somos assim um para o outro.
Quando precisa de mim, cá estou eu pronto para te dar mais um empurrãozinho.
Como na noite anterior a de natal, ou na noite de natal. Ambas as noites tive que ser usado por você.
Um uso consciente, é claro, mas sempre me re-posicionando no meu lugar.
Escondido lá no fundo das suas lembranças, lá atrás embaixo de todas as bagagens.
E foi só você chegar que já foi me emprestando novamente.
Fui ver junto a um por do sol, quase nascer do mesmo, um novo horizonte.
Momentos de drogas tocadas no violão e distribuídas em palavras por ti.
Incansavelmente até o ápice da noite. O extâse.
No dia seguinte, em "off", fui redirecionado ao meu bagageiro como de costume.
A partir dai, por algumas vezes, alguns escorregões, deslizes, mas tudo às escondidas.
E quando deslizávamos todos juntos, caíamos a rir de nós mesmos e deixávamos todos super curiosos com o "off".
Muitas derrapagens, até que me tiraste novamente do bagageiro para suprir as necessidades alheias.
Claro que divirto-me também com essas andanças pelo mundo afora.
Essa história de rodar está se tornando cada vez mais divertida, pois quanto mais chão pela frente, mais chão para trás proporcionalmente.
As freadas anteriores vão sendo deixadas para trás. E cá estou indo em frente.
Ontem, viajei, após canções desafinadas, "beques" imaginários e muitas apresentações controversas, até Cali.
Lá na Colômbia mesmo.
Enfim pude encontrar a minha paz.
E cá estou eu agora. Novamente.
Guardado e trancado no porta-malas.
Esperando o momento certo de sair para rodar mais um pouquinho por esse mundo afora.
Sempre cheio e nunca careca. Sempre disposto a ajudar.
Mas o que será de mim, no fim?
Irei provavelmente para reciclagem, e estarei nos pés de alguém por mais alguns anos caminhando, até que minha borracha se degrade por completo, e eu padeça em paz.
Ainda sim, estarei pronto para servi-la. Sempre!
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